Congresso debate ações de incentivo ao aleitamento e de apoio às mães
A assistência à mãe do século 21, o consultório amigo da amamentação e a relação do aleitamento materno com as doenças infectocontagiosas são alguns temas em debate no segundo dia do 4º Congresso Catarinense de Aleitamento Materno, realizado no Auditório Antonieta de Barros da Assembleia Legislativa.
O evento, promovido pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa e Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, é voltado a profissionais de saúde e usuários que atuam com as políticas públicas relativas à amamentação e à saúde da mulher. O congresso é idealizado pelo pediatra Cecim El Achkar e teve como proponente o deputado Fernando Krelling (MDB).
Na primeira palestra do dia, os pediatras Yechiel Moisés Chencinski e Marcus Renato de Carvalho falaram sobre a iniciativa “Consultório amigo da amamentação”, criada por eles. Trata-se de um reconhecimento a estabelecimentos e profissionais que se comprometam com certos princípios para promover, proteger e apoiar a amamentação. Explicando como os profissionais podem contribuir, em seus consultórios, para o sucesso do aleitamento materno, os médicos refletiram sobre a importância de promover uma escuta ativa das mães e seus familiares e sobre a necessidade de “ter mais empatia, sentir com o coração do outro”.
Apoiar as mães para garantir a saúde e o bem-estar dos filhos também foi o foco da palestra da médica pediatra Keiko Miyasaki Teruya. Ela defendeu a necessidade de ampliar a licença-maternidade para no mínimo seis meses, bem como de possibilitar flexibilidade no ambiente de trabalho para que a mãe possa dar assistência ao filho. “A mulher precisa de muito apoio, muito carinho e muita compreensão de nós todos. Porque a amamentação é responsabilidade não só minha, nem sua, é responsabilidade de todos.”
O apoio que a sociedade der à mulher (nutriz) será revertido em benefício da sociedade, na opinião da médica. “Ter uma criança sadia, que não utilize UTI, que não utilize hospitais, por ser saudável, é muito benéfico para o Estado e para a nação.” A pediatra frisou ainda a importância do vínculo afetivo e da segurança emocional que o aleitamento materno propicia, sendo uma verdadeira lição de amor. “Uma criança que recebe esse amor vai devolver o que para o mundo? Violência? Nunca. Sempre amor.”
Imunidade
“Aleitamento materno: doenças infectocontagiosas e vacinação” foi o tema da palestra do pediatra e infectologista Marco Aurélio Palazzi Sáfadi. O médico explicou que, nos primeiros meses de vida, até que a criança seja vacinada, parte da proteção que ela recebe vem do leite materno e outra parte das vacinas que a mãe deve receber durante a gestação. “O leite materno, aliado às vacinas, são as iniciativas que mais trazem benefícios do ponto de vista de prevenção de hospitalização e de prevenção de sequelas e de mortes relacionadas às doenças infecciosas em crianças”, disse.
Conforme o médico, há dados inequívocos na literatura que mostram que o aleitamento materno propicia a transferência de células que protegem a criança nesses primeiros meses de vida, ocasião em que o sistema imune da criança ainda é imaturo e necessita de ajuda contra doenças infecciosas. Quanto à vacinação da gestante, trata-se de uma estratégia para fazer com que os anticorpos que ela produz sejam transferidos para o feto ainda dentro do útero, de modo que esse bebê carregue a proteção até que tenha condição de receber as vacinas que lhe cabem. As vacinas da gripe (Influenza), do tétano e da coqueluche foram os exemplos citados pelo infectologista.
Agência AL