Como modificar ou minimizar os sintomas do autismo?
O doutor José Raimundo Facion propôs modificar e minimizar determinados sintomas do autismo durante palestra que proferiu na tarde desta segunda-feira (8), no salão da Igreja Matriz de Cocal do Sul.
“Não existe tratamento que elimine as bases fisiológicas irregulares das pessoas com autismo. O tratamento limita-se a modificar e minimizar sintomas, como hiperatividade, estereotipias, agressividade consigo e com os outros, irritabilidade, transtornos alimentares e do sono, deixando o autista mais capacitado para participar dos programas, atividades e terapias psicossociais”, argumentou o especialista.
Para Facion, o essencial é ter foco e investir em aproximações sucessivas.
“Vocês que estão cuidando de crianças em escolas regulares têm de ter foco e aproximação sucessiva. O que essa criança tem que nós queremos modificar? Não dá para trabalhar com muita coisa, às vezes cometemos o erro de fazer de tudo um pouco e um pouco de nada”, ironizou o professor.
O psicólogo citou o caso de uma consulta em que os pais e profissionais que lidavam com um autista elencaram 33 sintomas que desejavam fossem modificados.
“A mãe queria que falasse, andasse, comesse sozinha e lesse. No final tinha 33 sintomas descritos, eram muitos para nós. Mas quais são importantes e possíveis de modificar? Andar foi para 33, falar para 32, escrever 31 e foi afunilando até chegarmos no primeiro que todos entendiam que melhorava a vida da criança e aliviava a vida daqueles que cuidavam dela: o controle do xixi”, exemplificou.
Uma vez definido qual é o foco, o caminho para modificar um sintoma é a aproximação sucessiva. Facion contou a história de uma senhora que tinha medo de usar o elevador e mostrou como é possível superar a dificuldade.
“No primeiro sábado nos sentamos no meio do salão, longe do elevador; no outro sábado ficamos um pouco mais perto, até que chegou um ponto em que dois pés da cadeira estavam dentro e dois pés fora. No outro sábado as pernas da frente da cadeira dela estava dentro do elevador e as de trás fora. No outro, estávamos dentro do elevador conversando. O próximo passo foi subir um andar, depois fomos para o segundo e após para terceiro andar. Treinando se modifica o comportamento”, insistiu o especialista.
Medicamentos para autistas
O professor Facion falou sobre o uso de fármacos em autistas e advertiu que os medicamentos tentam “administrar comportamentos” e não curá-los.
“Não existe remédio contra autismo, os meninos que estão usando fármacos é para tentar conter crises, conter excessos comportamentais. No caso, o tratamento deve priorizar os sintomas que põem em risco a vida das pessoas e os que prejudicam a aprendizagem, como por exemplo a insônia, hiperatividade a auto e heteroagressão”, afirmou.
Além disso, o doutor em neuropediatria sugeriu substituir medicamentos por dietas alimentares.
“Em vez de remédios, quem sabe fazer uma dieta livre de conservantes, corantes, diminuição de carboidratos e frituras? Fiz um experimento com dois grupos e com a mudança de comportamento alimentar a gente tem conseguido alguns resultados interessantes, você também diminui o excesso comportamental”, justificou o pesquisador.
Agência AL