Deputados debatem ações para o enfrentamento da Covid-19 no Vale do Itajaí
A Comissão Especial de Fiscalização e Acompanhamento dos Gastos com a Covid-19, presidida pelo deputado Marcos Vieira (PSDB), promoveu na manhã desta quarta-feira (19) uma audiência pública virtual para tratar das ações que o governo do Estado tem desenvolvido para o enfrentamento da pandemia no Vale do Itajaí, uma regiões das mais afetadas pela doença no estado.
Esta foi o quarto evento do tipo realizado pela comissão para levantar a situação das mesorregiões do estado com relação ao coronavírus. Além dos deputados que integram o colegiado, participaram do debate o secretário de Estado da Saúde, André Motta Ribeiro, prefeitos da região, gestores hospitalares e representantes de instituições e entidades sociais. Na quinta-feira, dia 20, serão realizadas as últimas audiências programadas, relativas às regiões Sul (13h30) e Planalto Serrano e Meio Oeste (16h).
André Motta Ribeiro iniciou a sua participação traçando um panorama do impacto da doença no estado, observando que, apesar da gravidade do quadro, Santa Catarina permanece na 23ª posição no ranking dos estados brasileiros em óbitos por milhão.
“Conseguimos, apesar todas as dificuldades e desentendimentos e com apoio de todos, evitar uma situação de UTIs superlotadas e de maior sofrimento dos profissionais envolvidos e das famílias das vítimas.”
Para as próximas quatro semanas, a secretaria projeta três cenários de gravidade para o estado, com 2,7 mil, 3,3 mil e 4 mil mortes, mas com os dados apontando até o momento para os números mais baixos.
Sobre a quantidade de leitos de UTI disponíveis na região, nas redes pública e privada, a previsão é que, com a ativação de todas implementações projetadas, o Médio e Alto vale do Itajaí passem de 2,88 para 3,17 unidades por 10 mil habitantes. Na mesma perspectiva, a Foz do Rio Itajaí passaria de 2,07 para 2,47 unidades.
“Lembrando que três leitos por 10 mil habitantes é padrão ouro na avaliação da Organização Mundial de Saúde e muitos países europeus não têm esse quantitativo à disposição.”
Ele observou que desde o início da pandemia, o planejamento do governo envolveu a criação de 15 leitos de UTI adulto para o Alto vale do Itajaí, 137 para o Médio Vale, e 96 para a Foz do Rio Itajaí.
Neste sentido, quando todos os leitos estiverem ativos, disse o secretário, a projeção é que a taxa de ocupação caia de 80%, para 74,07% no Alto Vale; de 65,75% para 56,78% do Médio Vale; e de 89,19% para 72,26% na área da Foz.
Ele também discorreu sobre outras medidas que Secretaria de Estado da Saúde (SES) vem tomando para a mesorregião e unidades hospitalares locais, como a distribuição Equipamentos de Proteção Individual (EPI), testes rápidos, kits de medicamentos para intubação, respiradores pulmonares, monitores e repasses financeiros do governo e de emendas parlamentares, afirmando ainda que todas elas constam do site de transparência mantido pelo governo.
Segundo Ribeiro, para a próxima semana, o mapa de situação de risco realizado pelo Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes), que leva em conta o índice de isolamento social e a oferta de leitos, deve trazer uma discreta melhora para o conjunto de municípios, com alguns deles deixando a situação gravíssima de infecção, para a grave.
Melhora na divulgação de informações
Além da agilização no processo de ativação de novos leitos de UTI, adulto e pediátrico, uma das principais reivindicações apresentadas pelos prefeitos dos municípios do Vale do Itajaí é para que a SES adote novos critérios para o levantamento do número de pacientes e óbitos de Covid-19 na região.
De acordo com o prefeito de Rodeio, Paulo Weiss, que também atua como presidente da Federação Catarinense de Municípios (Fecam), os hospitais locais atendem a pacientes de outras regiões do estado e a inclusão destes nos cálculos faz com que o índice de risco permaneça alto, impedindo que as atividades econômicas possam ser restabelecidas. “Precisamos que haja um entendimento maior entre o governo e os prefeitos para que não tenhamos que retornar a uma situação de isolamento social.”
O prefeito de Blumenau, Mário Hidelbrandt, observou que somente as unidades hospitalares blumenauenses chegam a ter 12,5% dos seus leitos ocupados por pessoas de outras regiões, índice que chegaria a 25% se incluídas todas as unidades localizadas no âmbito da Associação dos Municípios do Médio Vale do Itajaí (Amnvi).
“Nunca seremos contra a internação de qualquer outra região do estado, mas que haja essa distinção para que não venhamos a pagar uma conta que não é nossa”, acrescentou o prefeito de Guabiruba, Mathias Kohler.
O prefeito de Rio do Sul, José Rothbarth, citou a preocupação com a situação das empresas de transporte coletivo que atendem o município. De acordo com ele, a sua viabilidade está ameaçada caso sigam as restrições impostas pelos decretos do governo. “Não sabemos se em Rio do Sul a empresa de transporte coletivo voltará a operar diante do lucro cessante, então suplico que essa questão seja pautada com urgência.”
Em resposta, o secretário André Ribeiro afirmou que a gestão sobre transporte coletivo urbano é atribuição dos prefeitos e que o retorno do transporte de passageiros intermunicipal já está sendo tratado com a Secretaria de Estado da Infraestrutura, devendo ser liberado em breve.
Ações pós-pandemia
Outra demanda apresentada ao governo do Estado é pela apresentação de um planejamento sobre as ações a serem implementadas em um cenário pós-pandemia ou de diminuição dos casos de Covid-19.
“Precisamos iniciar, desde já, um processo de retomada das cirurgias eletivas, principalmente na média e alta complexidade, que tem mais risco de matar gente”, disse o deputado Milton Hobus (PSD).
Ele afirmou que os leitos de UTI no Alto Vale já são insuficientes para o atendimento normal na região e que é comum os pacientes terem que ficar até 15 dias internados esperando pela oportunidade de realizar os procedimentos.
O prefeito de Indaial, André Moser, sugeriu que os leitos criados para o atendimento de pacientes de Covid sejam mantidos de forma permanente pelo governo do Estado.
Atendimento aos indígenas
A deputada Luciane Carminatti (PT) e o prefeito de Vitor Meireles, Bento Francisco Silvy, denunciaram a precariedade dos recursos direcionados pelo governo para o atendimento das comunidades indígenas localizadas no Vale do Itajaí.
O fato foi reconhecido pelo secretário André Ribeiro, que prometeu tomar providências urgentes. “A questão indígena nos preocupa em demasia. A nossa superintendência de planejamento, junto com órgãos como a Defesa Civil, estão tentando achar uma solução o mais rápido possível pois entendemos que essa é uma situação realmente de fragilidade e que não pode permanecer dessa forma.”
Também participaram da audiência os deputados Jerry Comper (MDB), Coronel Mocellin (PSL), Ada de Luca (MDB) e Volnei Weber (MDB).
Agência AL