Comissão de Saúde está atenta ao risco de epidemia de sarampo
O risco de uma epidemia de sarampo em território catarinense está entre as preocupações da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa. O presidende do colegiado, deputado Neodi Saretta (PT), afirmou que o Parlamento precisa estar atento e, se necessário, cobrar ações do governo estadual.
“Não há um caso registrado aqui desde 2013, mas sabemos que as ameaças existem e que uma doença que considerávamos controlada pode voltar. Temos que estar atentos para cobrar da Secretaria de Estado da Saúde campanhas de conscientização para vacinar os catarinenses”, afirmou Saretta. A conscientização da população é considerada um fator decisivo para impedir a proliferação do sarampo.
A preocupação aumentou depois que 13 casos foram confirmados pelo Ministério da Saúde em um navio transatlântico que atracou no litoral catarinense no último dia 20. A tripulação do MSC Seaview, um total de 1400 pessoas, foi vacinada em Balneário Camboriú, antes de continuar a viagem para o litoral do estado de São Paulo, onde uma operação envolvendo mais de 100 profissionais de saúde foi articulada para vacinar 9 mil passageiros. Imediatamente, a Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive-SC) emitiu alerta aconselhando a vacinação em Santa Catarina.
Vacina é arma contra a doença
A pequena Jhennyefer da Silva nunca vai se preocupar em contrair sarampo. Com dois anos e dez meses de idade, ela está imunizada contra a doença que voltou a deixar o Brasil em alerta apesar de o país ter recebido da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), em 2016, o certificado de eliminação de casos. Desde o início de 2018 até janeiro de 2019 foram registrados 10.274 casos confirmados pelo Ministério da Saúde.
“Sempre vou ao posto de saúde para ver se há alguma vacina para ela tomar”, conta Maiquele da Silva, mãe da menina. Para o médico infectologista da Dive-SC, Luiz Escada, o procedimento da mãe é a melhor arma para combater o sarampo. O fim da doença só acontece com vacinação intensa. “Temos que continuar fazendo campanhas de conscientização, senão ela volta, pois é altamente contagiosa, pois é transmitida por via aérea, com tosse e corisa”, afirmou.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, falou sobre o assunto na tarde de ontem, em Florianópolis. Durante ato de entrega de 13 ambulâncias e assinatura de portaria para liberação de recursos para municípios catarinenses, no Centro Integrado de Cultura (CIC), ele também reforçou a importância da vacinação. “Vacinamos as crianças, que são pessoas de direito, mas que não conseguem ir e vir. Elas precisam de pais e mães responsáveis para assumirem a sua parcela de responsabilidade e vacinarem seus filhos, para que a gente tenha uma sociedade sem doenças imuno transmissíveis.”
Surto importado
Na avaliação do infectologista Luiz Escada, os mais de 10 mil novos casos registrados no Brasil vieram da Venezuela, onde um surto acontece desde 2017. De acordo com o Ministério da Saúde, genótipo do vírus que circula no Brasil é igual ao do país vizinho. Os venezuelanos que migraram para território brasileiro, fugindo da crise política que vive a nação andina, entraram pelo Amazonas, onde já foram registrados 9.778 casos. “Qualquer catarinense que tenha ido até lá, por exemplo, pode contrair o vírus e espalhar aqui sem saber”, disse Escada.
Ele garantiu que a vacinação em Santa Catarina é exemplo nacional. Porém, dados preliminares da Dive-SC mostram que em 2018 foram aplicadas 81.213 doses da vacina tríplice viral em crianças de 1 ano de idade. Isso equivale a 85,21% de cobertura vacinal no estado. A meta, no entanto, era imunizar pelo menos 95% do público-alvo (crianças de um ano a menores de 5 anos de idade).
Acima dessa faixa etária foram aplicadas 444.729 doses da vacina tríplice viral em crianças catarinenses. No mesmo ano foram aplicadas 60.651 doses da vacina tetraviral, que protege contra sarampo, rubéola, caxumba e varicela. Os números correspondem a uma cobertura vacinal de apenas 63,64%, algo que reforça a preocupação em divulgar a necessidade da vacinação. Quem não recorda se já foi vacinado, por exemplo, é melhor procurar um posto de saúde e se vacinar. Isso é obrigatório para quem viajar a países onde a vacinação não ocorre, como a Rússia, por exemplo.