Comissão de Agricultura ouve demandas de produtores de arroz e banana
A Comissão de Agricultura e Política Rural recebeu, na manhã desta terça-feira (4), representantes de dois setores produtivos estratégicos para o Estado. O superintendente da cooperativa Juriti e membro do Sindicato das Indústrias de Arroz de SC, Silvério Orzechowski e a diretora executiva da Associação dos Bananicultores de Corupá, Eliane Müller, apresentaram números e trouxeram demandas com o objetivo de melhorar o desenvolvimento das atividades.
“Fazemos o melhor e mais saboroso arroz do Brasil. Somos o segundo estado em produção e um dos maiores em produtividade, mas vivenciamos um momento muito perigoso para a nossa cadeia produtiva”, alerta Silvério, referindo-se à Medida Provisória do governo Federal que autoriza a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) a importar, neste ano, até um milhão de toneladas de arroz beneficiado ou em casca.
“Falta arroz no Brasil? Não. Segundo relatório da própria Conab de maio, a produção no país aumentou em 6,4% de área plantada este ano, em comparação a 2023. A expectativa é de incremento de 4,6% na produção brasileira de arroz”, continuou Silvério.
Ainda segundo o representante, a estimativa é que o país importe em 2024, cerca de 2 milhões de toneladas de arroz e exporte, em média, 1 milhão de toneladas do produto. “Já estamos em junho e essa quantidade não será exportada. Vai ficar no mercado brasileiro e se importarmos arroz, sofreremos um problema sério a partir do segundo semestre, com a sobra e queda brutal nos preços.”
Silvério finalizou sua participação pedindo auxílio dos deputados ao pleito. “Na região norte do estado, onde temos 40% da produção de arroz, não temos outra destinação para nossas áreas, porque elas são alagadiças. Isso vai afetar nossos produtores, mais de cinco mil famílias catarinenses”.
Os deputados Edison Massocco (PL), vice-presidente da Comissão, Volnei Weber (MDB), Maurício Peixer (PL) e Oscar Gutz (PL) manifestaram repúdio à medida do governo Federal.
O presidente do colegiado, deputado Altair Silva (PP), propôs o encaminhamento de uma moção de apelo ao governo Federal para que revise as importações de arroz. “Se o governo quer fazer política para baixar preço, não precisa importar. Temos que deixar claro que, por mais que nossos irmãos gaúchos tenham sido afetados pelas cheias, elas vieram no período de entressafra, então não houve perda da produção nacional. Não podemos aceitar que se aproveitem desse fato”, argumentou Altair Silva.
Bananicultura em SC
A diretora executiva da Associação dos Bananicultores de Corupá, Eliane Müller, falou sobre a atuação da Federação das Associações e de Cooperativas dos Produtores de Bananas de Santa Catarina (Febanana), que congrega 2.158 famílias organizadas em 9 cooperativas nas cidades de Luiz Alves, Jaraguá do Sul, Schroeder, São João do Itaperiú, Massaranduba, Corupá, Guaramirim, Joinville e Garuva.
“Sobre a bananicultura catarinense, somos o quarto maior produtor no país. 48,5% da produção de fruticultura do estado é de banana. Cerca de 16 mil pessoas estão ligadas ao desenvolvimento desta cultura em SC”, destacou.
Eliane também alertou para demandas consideradas de extrema urgência, entre elas, a proliferação de maruim, que levou o município de Luiz Alves a decretar situação de emergência. “Este é um problema de saúde pública. Já temos casos de febre de Oropouche. Precisamos do fortalecimento da Epagri para engajá-la dentro dessa questão. Também proponho a formação de uma comissão entre poder público e municípios para que possamos discutir este assunto em conjunto”.
Outra problema apresentado pela representante está relacionado à entrada de banana pela aduana de Dionísio Cerqueira. “O tempo médio de espera para a liberação de uma carga é de 48 horas. Isto é inviável para um produto perecível, que deveria ter prioridade na passagem”, ressalta.
O presidente da comissão propôs a apresentação de uma moção de apelo ao governo, pedindo agilidade e prioridade na liberação de cargas perecíveis pela aduana. Também sugeriu a realização de audiência pública em conjunto com a Comissão de Saúde, para tratar da proliferação do maruim, e da criação de uma política de Estado de combate ao inseto.
Agência AL