Profissionais reivindicam aumento do duodécimo da Udesc para curso de dança
Professores e alunos, dançarinos profissionais e membros de grupos de danças reivindicaram em audiência pública da Comissão de Educação, Cultura e Desporto, realizada na noite de terça-feira (27) na Assembleia Legislativa, aumento de 0,03% no duodécimo da Udesc para a criação de um curso de graduação em dança, na capital.
“A demanda da Universidade é o aumento do percentual. Nossa necessidade é 0,03% a mais no duodécimo que temos hoje, um percentual muito pequeno em relação ao que outros órgãos do governo ganham”, justificou a diretora do Centro de Artes da Udesc (Ceart), Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva.
Segundo a diretora, a universidade recebe R$ 455 milhões, enquanto a Assembleia Legislativa tem direito a R$ 537 milhões anualmente.
“Com esse valor a gente conseguiria implementar o curso de dança e muitos outros que temos na lista de espera, como Ciências Sociais”, exemplificou a diretora do Ceart.
Luciane Carminatti (PT), presidente da Comissão, alertou sobre o caminho que o pedido percorrerá, uma vez que ficou acordado iniciar o diálogo com o governo através da Secretaria de Estado da Educação (SED).
"Vamos encaminhar uma solicitação oficial ao secretário para que nos receba para tratar do projeto de lei que deve ser encaminhado pelo Executivo. Primeiro a gente conversa com a secretaria afim, que conversa com Fazenda e a Casa Civil, que vão conversar com o governador”, explicou a deputada.
Também foi decidido questionar a SED sobre a implantação de um curso técnico de dança em Joinville, compreendendo detalhes da grade curricular, total de investimentos, modo de contratação dos professores, habilitação dos formandos e local onde funcionará.
Acertando o passo
A presidente da Comissão de Implantação do Curso de Licenciatura em Dança, professora Sandra Meyer, contou que o projeto foi elaborado em 2005, mas já “bateu na trave” por falta de dinheiro em 2009 e em 2013.
“Viemos aqui acertar o passo com o governo do estado e pedir apoio para a implantação urgente. O aumento do repasse é suficiente para bancar as despesas com pessoal, são 18 professores e dois técnicos, o investimento é somente de contratação, o resto a gente já tem”, argumentou.
Cobrança cidadã
O presidente da Associação dos Profissionais de Dança de Santa Catarina (Aprodança), Maxwell Sander Flor, reclamou da falta de informações sobre a criação do curso.
“Muitas pessoas vêm perguntar como é que está o andamento do curso de graduação em dança, ainda falta alguma coisa e nós não sabemos se é muita ou pouca, precisamos desse estreitamento político”, avaliou o presidente da Aprodança.
Para o professor da rede pública, Michel Flor, é incompreensível o argumento de que não há recursos para criar o curso de dança.
“Esta Casa aprovou o congelamento dos investimentos nas áreas sociais, mas tirou R$ 106 milhões da Educação para colocar no Deinfra; a Assembleia comprou um prédio administrativo de R$ 83 milhões; os gastos das ADRs foram de R$ 679 milhões em 2017; e agora no Tribunal de Justiça foram aprovados cargos comissionados, mais ou menos 60 milhões”, afirmou Michel.
Zilá Muniz, colaboradora da Udesc, lembrou a importância da dança no calendário de eventos do estado.
“Têm mais de 70 eventos entre festivais e seminários no campo da dança, são eventos que perdem muito porque a gente não tem formação para esses profissionais, estamos perdendo porque não tem um curso de graduação para dar aula e porque outros vão fazer cursos de graduação fora daqui e não voltam mais”, lamentou a professora.
Luisa Vieira, aluna e dançarina, descreveu sua sensação após ouvir os diversos posicionamentos dos participantes da audiência pública.
“Vejo a responsabilidade passando de mãos em mãos e não sendo agarrada pelo governo. Para colocar o curso em prática, nada é feito”, desabafou Luisa.
Agência AL