29/03/2010 - 17h26min
Chapecó e Xanxerê debatem o bullying nas escolas
A preocupação dos educadores catarinense com o bullying foi evidenciada nesta segunda-feira (29) durante as palestras sobre o tema que ocorreram nos municípios de Chapecó e Xanxerê. Mais de 1.500 educadores e gestores lotaram o auditório do Centro de Cultura e Eventos, em Chapecó, e o anfiteatro da Unoesc, em Xanxerê, para debater o tema. Em 2009, foi aprovada a Lei nº 14.651, de autoria do deputado Joares Ponticelli (PP), que cria mecanismos de combate ao bullying nas escolas de Santa Catarina.
A discussão, proposta pela Escola do Legislativo, presidida por Ponticelli, é um desdobramento da campanha “Bullying. Isso não é brincadeira!”, do Ministério Público Estadual (MPE), que tem o apoio da Assembleia Legislativa. Segundo o deputado, o bullying sempre foi considerado como uma brincadeira de criança, conceito que precisa ser mudado. “As escolas não podem ficar de olhos fechados. Os resultados são terríveis. Esse negócio de brincadeira de criança tem que acabar. As crianças sofrem, têm queda no rendimento escolar, isso quando não abandonam a escola.”
O parlamentar afirmou que a melhor solução é a troca de experiências. “Tem muita coisa acontecendo no combate a essa prática. Não precisamos nos envergonhar de copiar uma ideia. Quando o resultado é bom, o que importa se é copiado?”
A secretária-adjunta de Educação de Chapecó, Sueli Suttile, acredita que o encontro, que só na cidade reuniu mais de mil pessoas, vai resultar em boas ações. “Muitos de nossos professores não estão preparados para certas situações e estar aqui hoje vai nos trazer grandes resultados. Estou satisfeita de fazer parte disto.”
O psicólogo do Centro Operacional de Apoio à Infância e à Juventude, do MPE, Marlos Gonçalves Terêncio, apresentou dados sobre o assunto no estado. De acordo com pesquisa feita em 2009 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 30,8% dos alunos entrevistados já sofreram bullying. Nas escolas privadas, o índice é ainda maior: 35,9% já passaram pelo problema. “Para se ter noção da gravidade do assunto, se somarmos aqueles que sofreram e aqueles que, por consequência, assistiram, o número de alunos atingidos supera facilmente os 50%. Ou seja, mais da metade dos alunos estão envolvidos.”
Para resolver questões como essa, a vice-presidente do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre Bullying Escolar, Cléo Fante, salientou que a melhor solução é a prevenção. “A prevenção deve partir de todos nós, mas a parceria entre a escola e a família é importantíssima. A lei antibullying foi um grande passo para a nossa vitória.” Cléo acrescentou fatores importantes para os pais e educadores aprenderem a identificar o problema. “Se a criança não quiser mais ir para a escola, tiver febre, dores de cabeça ou seu rendimento escolar cair consideravelmente, é possível que seu filho esteja passando por isso. Dessa forma, é preciso conversar, e nunca estimular o revide.”
A diretora da Escola Municipal Nossa Senhora Aparecida, de Xanxerê, Francielly Cauduro, afirmou que as palestras foram muito importantes para os educadores presentes. “Disseminar o assunto é extremamente válido. Todos os professores e todos os envolvidos com a escola precisam estar preparados para combater essa forma de violência. Na maioria das vezes, sequer sabemos o que fazer. O dia de hoje foi muito proveitoso”, finalizou. (Graziela May Pereira/Divulgação Alesc)