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31/10/2023 - 14h01min

Cerca de 1 mil vereadores e vereadoras mirins elaboram carta aberta para o Parlamento

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Presidente da Alesc deputado Mauro de Nadal, discursa na abertura do Encontro Estadual de Vereadores Mirins, que ocorre nesta terça (31)
FOTO: Bruno Collaço / AGÊNCIA AL

Cerca de mil vereadores e vereadoras mirins, entre idade de 12 a 17 anos, de 57 municípios catarinenses avalizaram a carta aberta encaminhada para o presidente do Legislativo, deputado Mauro De Nadal (MDB), solicitando a adoção de políticas públicas que abordem de forma eficaz a prevenção da dependência tecnológica entre as crianças e os jovens catarinenses. 

Essa iniciativa foi a principal deliberação do 12ª edição do Encontro Estadual de Vereadores Mirins, que aconteceu durante a terça-feira (31), no Centrosul, em Florianópolis, evento liderado pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina, promovido pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira.

A carta da esperança, definida assim pela vereadora mirim Maisa Zoz Ludwig, de 17 anos, natural de Tunápolis, município do Extremo Oeste catarinense, foi entregue por ela ao presidente Mauro De Nadal, em meio a aplausos de um público que lotou o Centrosul. Maisa,que foi a voz dos parlamentares mirins no evento, destacou a importância de despertar na juventude o espírito de liderança pública e de cidadania.

 “Este evento é o dia de nossa formatura. O dia de apresentarmos a carta, o nosso testemunho, para o presidente do Legislativo para concretizar ainda mais as nossas demandas e de fazer ouvir a nossa voz”, pontuou a jovem liderança.  

Ela reforçou que o foco do documento se centra nos desafios da dependência tecnológica para as crianças e jovens. “Como isso afeta positiva e negativamente na vida das crianças e dos jovens.”  

Despertando novas lideranças
Para o presidente Mauro de Nadal, o papel do Legislativo catarinense está cada vez mais legitimado por meio de iniciativas importantes que aproximam a Alesc dos jovens catarinenses, promovendo cidadania e despertando novas lideranças.

 “A política muda vidas, a boa política constrói esperança e abraça pleitos que transformam vidas”, avaliou o presidente. Ele revelou que será feito um aprofundamento a respeito das demandas apresentadas na carta pelos parlamentares jovens.

 “Vamos verificar os tópicos que eles sugerem, na área da segurança, tecnologia e educação para fazer uma análise de item a item das sugestões dos nossos vereadores mirins de todo o nosso Estado e distribuir esses temas para as comissões no Parlamento com afinidades para que juntos possamos fazer um amadurecimento de projetos que nasçam dessas sugestões”, disse.

Nadal salienta que a iniciativa do Parlamento em trazer as crianças e jovens para as discussões políticas é importante porque proporcionam um olhar diferenciado. “ É um momento impar”, finalizou.

Consagração de todo um trabalho
A diretora da Escola do Legislativo, Marlene Fengler, disse que o encontro encerra uma série de atividades desenvolvidas pelo Parlamento. “A Alesc, por meio da Escola do Legislativo, tem um papel importante nessa ação por ser responsável pela formação básica a respeito do papel dos vereadores, depois organização encontros regionais e esse evento aqui é o ápice, a consagração de todo um trabalho que esses jovens realizaram durante todo o ano”, admite.

Dos nove encontros regionais, informa, saiu a carta aberta que foi entregue para o presidente do Parlamento. “O documento propõe uma série de pautas que foram discutidas durante essas conferências regionais, visando iniciativas que buscam tornar Santa Catarina em um estado pioneiro na promoção da conscientização tecnológica”, disse Marlene, destacando que esse é um problema sério. “Um tema que tem que ser discutido e temos que buscar conscientizar a sociedade, mas, especialmente, falar com quem é mais afetado, que são os jovens. Então essa é justamente a ideia, discutir com quem na verdade é mais afetado e pensar em soluções e alternativas”, finalizou.

A diretora cita que entre os pleitos solicitados estão campanhas de conscientização.

“Campanhas no meio digital e nas escolas, incluindo palestras mediadas por médicos, psicólogos e intelectuais no assunto para promover o uso responsável de dispositivos eletrônicos prevenindo a dependência tecnológica e reforçando a importância da saúde mental”, observa.

Atualmente Santa Catarina tem 97 Câmaras de Vereadores no Estado que desenvolvem o programa Vereador e Vereadora Mirim.

Frente parlamentar
O evento também foi marcado pelo lançamento da Frente Parlamentar em Apoio aos Vereadores Mirins, proposta pelo deputado Napoleão Bernardes (PSD), que pontuou a importância dessa iniciativa.

“Santa Catarina tem um destaque nacional justamente pelas políticas de promoção e de apoio da cidadania através das câmaras mirins, que demonstram na prática a estudantes de toda SC o dia-a-dia do Legislativo, as divisões dos Poderes, a importância do Parlamento,enfim, é uma escola na prática de civismo e de cidadania e nada mais lógico que a Assembleia Legislativa abrace e fortaleça essa ação”, avaliou.

Participaram do evento na manhã desta terça, os deputados Marquito (Psol), Marcos da Rosa (União), além de demais autoridades estaduais.

Programação
Entre as atividades da 12ª edição do Encontro Estadual de Vereadores Mirins, um dos destaques foi a palestra do psicólogo e fundador do Grupo de Dependências Tecnológicas da Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, Cristiano Nabuco, uma das maiores referências nacionais sobre enfrentamento e prevenção da dependência tecnológica entre crianças e adolescentes. Ele relatou que a dependência tecnológica é um fato e que deve ser debatido.

O palestrante citou o caso de um jovem de 17 anos que largou escola e que ficava 55 horas por dia conectado. “É uma situação real que a sociedade tem que se atentar cada vez mais”, disse.

CARTA ABERTA

As propostas que os parlamentares mirins catarinenses deixam como contribuição para o Poder Legislativo Estadual analisar e na medida do possível tornar realidade.

Campanhas de Conscientização:

  • Campanhas no meio digital e nas escolas, incluindo palestras mediadas por médicos, psicólogos e intelectuais no assunto para promover o uso responsável de dispositivos eletrônicos prevenindo a dependência tecnológica - por consequência a ansiedade e depressão - e reforçando a importância da saúde mental;
  • Campanhas sobre a "falsa realidade" das imagens ofertadas nas redes sociais com a inclusão de lembretes em fotos advertindo-as;
  • Criação de campanhas - por parte do governo e de inserção na TV aberta - animadas de personagens que foquem na educação das crianças sobre o uso responsável da tecnologia.

Educação, Cultura e Atividades Alternativas:

  • Cursos gratuitos, incluindo profissionalizantes, oferecidos no contraturno escolar para maior socialização dos educandos;
  • Eventos (culturais, esportivos e recreativos) promovidos pela prefeitura ao ar livre para incentivar o convívio da comunidade e também a necessidade de ocupar esses espaços como bem público;
  • Incentivar o uso das bibliotecas escolares como também transformá-las em um ambiente chamativo e integrador;
  • Implementação de pesquisa no ambiente escolar - feita pelos alunos - para o aprofundamento do uso das tecnologias e seus respectivos perfis;
  • Currículo escolar que aborda dependência tecnológica, autoestima e bullying nas escolas;
  • Políticas públicas que foquem em escolas mais dinâmicas e tecnológicas, reduzindo a necessidade do uso individualizado e promovendo a tecnologia como ferramenta para o uso coletivo;
  • Palestras para as famílias (escola, centro comunitário) sobre o uso responsável das tecnologias;
  • Uso da disciplina de informática para um maior desenvolvimento e manuseio das ferramentas tecnológicas como também um espaço para abordar os impactos negativos da exposição excessiva;
  • Incentivar o dia dos personagens (desenho, jogos…) nas escolas para que os alunos possam se vestir com as roupas e também utilizar brinquedos educativos que reforcem a necessidade da socialização entre personagens, trazendo a fantasia do desenho ou jogo para a realidade social.

Saúde e Segurança

  • Inclusão de atendimento psicológico nas escolas para tratar a dependência tecnológica e problemas relacionados;
  • Maior rigidez do Art. 252 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em relação ao uso de celulares em veículos;
  • Inclusão de classificação etária na compra de produtos tecnológicos;
  • Promoção de hábitos saudáveis (governo, escolas, comunidade), como atividades físicas e leituras;
  • Desligamento de aparelhos, uso de modo avião ou distanciamento do aparelho durante a noite (1 hora antes de dormir) para melhorar a qualidade do sono; seguindo de campanhas e políticas públicas que foquem na redução da exposição à radiação eletromagnética;
  • Lei que define uma distância mínima de construções próximas de torres de telefonia;
  • Limitação do tempo de uso de dispositivos em redes sociais, com base na faixa etária;
  • Inclusão do CPF dos pais (crianças até 12 anos) para acesso em aplicativos e jogos.
Valquíria Guimarães
Agência AL

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