Catarina de Alexandria: um pedacinho da padroeira acessível à visitação
Um pedacinho da quinta costela direita de Catarina de Alexandria, padroeira do estado barriga-verde, continua acessível à visitação na capelinha do Tribunal de Justiça (TJSC), defronte à praça Tancredo Neves, no centro de Florianópolis. A relíquia foi um presente da Igreja Ortodoxa Grega ao estado, único topônimo das Américas com o nome da mulher que desafiou o Império Romano há 1.700 anos atrás.
“Geralmente as relíquias são pedaços muito pequenos dos ossos ou das vestes dos santos, mas para nosso estado foi dada uma relíquia gigantesca”, afirmou Pedro Paulo Raimundo, zelador da igrejinha construída no pátio do TJSC no início dos anos 2000. Além de parte dos ossos da mártir cristã, os monges do Mosteiro da Transfiguração, situado aos pés do monte Sinai, no Egito, doaram ao estado um ícone de Santa Catarina. “O ícone foi feito pelos monges, é uma obra elaborada em oração, com gema de ovo e ouro’, descreveu Pedro Paulo.
Uma prova de fé
A presença de uma relíquia da padroeira em terras catarinenses coroou a obstinação de monsenhor Angelos Kontaxis (in memorian), pároco da Igreja Ortodoxa de São Nicolau, de Florianópolis. Ele convenceu o então governador Esperidião Amin da conveniência de trazer para o estado uma relíquia da santa.
Mais difícil foi convencer os guardiões dos restos mortais de Catarina. Eles questionaram monsenhor Kontaxis sobre as razões da doação. Segundo o relato de Pedro Paulo, o monge mais jovem do mosteiro perguntou que garantia havia de que a relíquia não seria utilizada como “arma” em rituais satânicos? O então chefe da Igreja de São Nicolau respondeu que os poderes do estado construiriam uma capela específica para a relíquia e a guardariam com zelo. Também relatou, para espanto dos monges, que no Brasil os cristãos de diversos matizes, judeus e mulçumanos viviam em paz.
Não satisfeitos, exigiram de Kontaxis uma prova de fé e pediram que subisse o monte Sinai. Na época ele tinha 76 anos, caminhava auxiliado por uma bengala e sofria de artrose, circunstâncias que faziam os mais de 1.600 degraus que levam ao cume parecerem inatingíveis. Kontaxis não só superou a prova de fé, como voltou carregando uma pedra retirada do monte Sinal, que atualmente está depositada junto da relíquia e do ícone de Santa Catarina.
A capelinha ecumênica do Tribunal de Justiça de Santa Catarina que guarda a relíquia e o ícone de Santa Catarina, bem como a pedra do monte Sinai, permanece aberta à visitação pública de segunda a sexta-feira, das 12 às 18 horas.
Agência AL