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28/11/2012 - 15h20min

Casas Familiares Rurais e do Mar cobram apoio do governo estadual

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Audiência Pública - "A Pedagogia da Alternância"

A principal reivindicação apresentada pelos representantes das Casas Familiares Rurais e do Mar de Santa Catarina reunidos em audiência pública na manhã desta quarta-feira (28), na Assembleia Legislativa, é que o governo do Estado assuma a contratação de dois monitores técnicos para cada unidade.
O atendimento do pedido garantiria a manutenção das escolas, reconhecidas por um trabalho que proporciona a formação profissional de jovens e famílias do meio rural e pesqueiro por meio da pedagogia da alternância. O assunto foi levantado durante encontro proposto pelo deputado Carlos Chiodini (PMDB), presidente da Comissão de Educação, Cultura e Desporto.
Entre os encaminhamentos elencados durante a audiência está o agendamento de uma reunião com representantes das secretarias estaduais de Educação, Agricultura e Pesca e Administração e integrantes da Associação Regional das Casas Familiares Rurais do Sul do Brasil (Arcafar-Sul) para debater as reivindicações do segmento.
O presidente da Arcafar-Sul, José Milani Filho, expôs que outro tema a ser discutido com o governo é o projeto para tornar as casas familiares rurais escolas públicas de gestão comunitária. Segundo Milani Filho, atualmente a Secretaria de Estado da Educação disponibiliza professores para ministrarem conteúdos do núcleo comum, mas que as prefeituras são as principais parceiras para a manutenção das unidades.
“Este grupo não pede grande coisa. O Estado poderia investir mais nas casas familiares rurais e do mar. Santa Catarina é um estado considerado de excelência, mas, em relação a isto, estamos muito atrasados em relação a Paraná, Bahia, Espírito Santo, entre tantos outros estados, que têm apoio efetivo de seus governos”, disse Milani Filho.
O coordenador regional de Santa Catarina da Arcafar-Sul, José Luiz Lorenzini, salientou que a associação abrange mais de 85 municípios e atende cerca de 3 mil famílias. “Precisamos de um apoio mais efetivo do governo estadual para que tenhamos a oportunidade de manter uma escola que tem como diferencial o processo de formação embasado na pedagogia da alternância, que qualifica os jovens e permite que eles permaneçam no campo, tendo melhores condições de renda e qualidade de vida”.
De acordo com o presidente da Arcafar-SC, Sadi Bäio, há 22 casas familiares rurais e do mar distribuídas pelo estado. Porém, apenas 16 delas estão em funcionamento, atendendo 480 jovens. Conforme Bäio, desde o início da implantação das unidades em Santa Catarina, em 1992, as casas já formaram mais de 2 mil alunos.
Os parlamentares presentes na audiência manifestaram apoio às reivindicações expostas pelos representantes das casas familiares rurais e do mar. Os deputados Padre Pedro Baldissera (PT), Neodi Saretta (PT), Dirceu Dresch (PT) e Mauro de Nadal (PMDB) destacaram, em seus pronunciamentos, a importância dessas escolas para o fortalecimento da agricultura familiar no estado.
“Defendo investimentos e apoio às casas familiares, na contratação de técnicos ou para outros projetos, especialmente relacionados à pós-formação dos jovens. O modelo de gestão, a forma econômica e correta como elas são administradas nos faz defender esse projeto, principalmente por seu alcance social”, afirmou o deputado Chiodini, proponente da audiência pública.
Os depoimentos feitos por alunos, monitores, pais e membros das associações ligadas às casas familiares reforçaram a necessidade de investimento nas escolas para permitir a permanência dos jovens no campo. “A pedagogia da alternância é a melhor alternativa para nossos jovens continuarem no interior, produzindo alimentos de qualidade para nosso país”, disse Márcia Rüdiger, secretária de Agricultura do município de Modelo.
O agricultor Jacinto Tur, pai de alunos formados na casa familiar de Riqueza, abordou a questão da sucessão familiar. “Esta é uma realidade: vamos ficando velhos e nos preocupamos que nossos filhos tenham condições de dar continuidade ao nosso trabalho e tenham uma vida digna”.
O secretário adjunto de Estado da Agricultura e da Pesca, Airton Spies, declarou que as propostas são viáveis e que o governo deve trabalhar em parceria com as casas familiares para melhorar a formação dos jovens dos meios rural e pesqueiro. “As casas familiares estão no rumo certo, cumprindo um papel fundamental para desenvolver a nossa agricultura. Para o governo, é uma atitude de inteligência estabelecer uma parceria. Precisamos de agricultores cada vez mais profissionalizados e empreendedores para tornar a agricultura de Santa Catarina mais sustentável e, principalmente, mais competitiva”.
Na opinião da representante da Secretaria de Estado da Educação, Edna Corrêa Battistotti, para colocar em prática as ações necessárias, é preciso uma atuação conjunta. “Esse é um projeto valoroso, mas todos precisamos saber de nossas responsabilidades. Deve ser um trabalho integrado, articulado em todas as instâncias, para fortalecermos o programa”.

As casas familiares e a pedagogia da alternância
As casas familiares adotam o método da pedagogia da alternância, que intercala um período de convivência na sala de aula com outro no campo. Esta proposta busca diminuir a evasão escolar em áreas rurais.
Com esse método, os jovens passam uma semana na casa familiar, onde adquirem novos conhecimentos para a sua formação profissional, e duas semanas na sua propriedade. Lá, convivem com a família e a comunidade em geral, aplicando na prática os conhecimentos adquiridos. Os cursos técnicos têm a duração mínima de três anos.
A casa familiar é administrada por uma associação formada pelas famílias cujos filhos estudam na unidade, por jovens formados e por representantes de entidades que apoiam o projeto. (Ludmilla Gadotti)

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