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27/03/2013 - 17h58min

Carvão mineral: fonte segura de energia elétrica para todo o Brasil

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Carvão utilizado para a geração de energia na usina Jorge Lacerda, em Capivari de Baixo. FOTO: Miriam Zomer/Agência AL

Ao longo de 130 anos de exploração em solo catarinense, o carvão mineral passou por muitos altos e baixos. Ao mesmo tempo em que alavancou o desenvolvimento econômico e social da Região Sul do estado, enfrentou barreiras ambientais, falta de apoio governamental e a insalubridade das minas, fatores que reduziram drasticamente a exploração do minério e desvalorizaram a profissão de mineiro.

No entanto, o baixo nível das represas das hidrelétricas, que ameaça a produção de energia, e a promessa de novas técnicas de exploração sustentáveis, tratamento dos rejeitos e recuperação de áreas exploradas reacendem a indústria carbonífera brasileira. Estudos e novas técnicas de exploração têm diminuído cada vez mais o fator poluente do carvão. O gás carbônico emitido na queima pode ser sequestrado e armazenado em poços de petróleo desativados, tecnologia que deve ser implantada em larga escala a partir de 2025.

Energia segura e garantida
Apesar de não ser uma fonte renovável de energia, o carvão é considerado seguro por não depender de condições climáticas. Hoje, a participação do minério na matriz energética brasileira é pequena: 1,4%. Ainda assim, o carvão é responsável no estado pelo equivalente a 35% da eletricidade que chega às casas e indústrias catarinenses. No mundo, esse índice chega a 38%.

No Brasil, a perspectiva de uso do carvão, armazenado em jazidas minerais na Região Sul, é de pelo menos mais 300 anos de exploração. Estima-se que as reservas nacionais alcancem mais de 32 bilhões de toneladas do minério. “A energia termelétrica produzida hoje a partir do mineral é mais segura e pode ser triplicada”, afirma Cláudio Zilli, coordenador do Comitê do Carvão da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).

Lideranças políticas, empresariais e sindicais vinham pressionando o governo há quatro anos para que o carvão voltasse a fazer parte dos leilões de compra de energia elétrica no país, proibido desde 2009 em virtude de acordos internacionais para a redução de emissões de gases poluentes. No dia 19 de março, o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão, anunciou a possibilidade de o minério voltar aos leilões, já no segundo semestre deste ano. Se confirmada, a medida garantirá que novos projetos de usinas termelétricas saiam do papel em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.

O presidente do Sindicato da Indústria de Extração de Carvão do Estado de Santa Catarina (Siecesc), Ruy Hülse, afirma que o carvão representa a segurança energética de que o Brasil precisa, a exemplo de outros países desenvolvidos como Estados Unidos e Alemanha.  “Nós temos de ser suficientemente inteligentes para darmos segurança energética ao país através de todas as fontes de energia de que dispomos. Os países desenvolvidos têm prioridade para a segurança energética e usam todas as suas fontes”, afirma.

Emprego e renda
A produção de carvão gera 4 mil empregos diretos somente em Santa Catarina, segundo a Federação Interestadual dos Mineiros do Sul do País. A soma alcança mais de 35 mil empregos indiretos com a mineração catarinense. “A nossa visão é que as questões ambientais e tecnológicas para a produção e a das melhorias das condições de trabalho para os mineiros podem andar juntas. Esperamos mais empregos para o setor”, afirma o presidente do órgão, Genoir José dos Santos.

Os mineiros têm jornada de seis horas e atuam em seis mineradoras da região Sul. Com 15 anos de trabalho, podem se aposentar aqueles que estão em subsolo. Este benefício e o salário médio inicial de R$ 1.800 atraem cerca de 50 candidatos a cada nova vaga nas indústrias carboníferas.

Do subsolo à usina
As reservas de carvão em Santa Catarina alcançam mais de três bilhões de toneladas, distribuídas em dois mil quilômetros quadrados no subsolo de 15 municípios – o que representa 10% das reservas do país. A Tractebel Energia compra 95% do carvão produzido no estado, em média 240 mil toneladas por mês, que abastecem suas três usinas do Complexo Termelétrico Jorge Lacerda, na cidade de Capivari de Baixo, com capacidade de geração de 857 MW.

O carvão é transportado até a usina pelos trens da Ferrovia Tereza Cristina (FTC). Com isso, deixam de circular pela BR-101 cerca de 300 caminhões por dia num trecho de mais de 100 quilômetros. A FTC investiu nos últimos anos mais de R$ 46,5 milhões em modernização de locomotivas e recuperação dos trilhos. “Estamos constantemente recuperando a ferrovia, melhorando o serviço ao cliente, arrecadando tributos e movimentando a economia da região”, destaca Benony Schmitz Filho, presidente da companhia.

A produção de carvão, segundo a Tractebel, injeta na economia do Sul catarinense mais de R$ 750 milhões por ano. “Um terço do saco de cimento consumido em Santa Catarina é composto das cinzas do carvão retidas na nas chaminés da Usina Jorge Lacerda. É importante que todos saibam disso. E a maioria não sabe. Nós vendemos 100% das cinzas”, afirma Artur Ellwanger, gerente de Geração Térmica da Tractebel.

Para os defensores do minério, essa é mais uma prova de que consciência ambiental e novas tecnologias, aliadas a valorização e segurança do mineiro, podem tornar segura e viável a produção do carvão mineral e sua utilização como fonte de energia.

Especial Carvão Mineral
A Agência AL, em conjunto com a Rádio AL Online e a TVAL, dá início a uma série de reportagens sobre o principal minério da Região Sul do estado.  As matérias vão abordar o desenvolvimento proporcionado pela mineração e as crises do setor; a produção limpa do carvão e a preocupação com o meio ambiente; a rotina dos mineiros e a produção no subsolo; e o filme que retrata a greve dos trabalhadores de 1987, movimento que provocou transformações significativas na mineração.

Rony Ramos
Rádio AL

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