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20/03/2009 - 17h25min

Caravana da anistia homenageia desaparecidos na ditadura militar

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Homenagem ao ex-deputado Paulo Stuart Wright
No local que leva seu nome, o Plenarinho Paulo Stuart Wright, na Assembleia Legislativa, autoridades federais e estaduais prestaram homenagem, dia 20, ao ex-deputado estadual Paulo Wright e outros nove catarinenses desaparecidos no período da ditadura militar. Da homenagem, participaram o governador de São Paulo, José Serra, e o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi, ambos expulsos do Brasil na época da ditadura. A solenidade foi promovida pela Caravana da Anistia do Ministério da Justiça dentro das comemorações dos 30 anos da aprovação da Lei de Anistia, que permitiu a volta dos exilados políticos ao país e a libertação dos presos políticos em 1979. Nascido em Joaçaba, em 1933, Paulo Stuart Wright teve sua vida pautada na defesa dos direitos humanos. Deputado estadual pelo Partido Social Progressita (PSP), foi cassado pelo regime militar através do Ato Institucional nº 5 – o AI-5. Em 1973, aos 40 anos, foi assassinado pelos órgãos de repressão da ditadura militar. Seu corpo nunca foi encontrado. O filho dele, João Paulo Wright, disse que todas as homenagens prestadas ao seu pai são sempre significativas e recebidas com muito carinho. Ao rememorar fatos de sua vida, citou lembranças de sua infância, como quando, com oito anos de idade, ouviu uma conversa entre seu pai e sua mãe sobre a situação política do Brasil. “Pensei que ele estava mexendo com coisa grande e, já adulto, percebi que aquilo que eu considerava grande se transformou em admirar os objetivos grandiosos e a postura louvável do meu pai.” Arquivos Emocionado, pediu empenho das autoridades presentes para que sejam abertos arquivos dos documentos da época do regime militar. “Precisamos recuperar e enterrar nossos mortos, tentar entender o que aconteceu com a vida do meu pai. Não conseguimos descansar e precisamos buscar essa paz, resolver essa mancha política do país”, relatou. O presidente da Assembleia falou do orgulho de ser conterrâneo de Paulo Wright e do respeito por sua trajetória de vida. “Em nome dos 40 deputados coloco o Parlamento estadual à disposição da democracia.” Paulo Abraão, que preside a Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, afirmou que o evento de hoje prestou uma justa homenagem aos que entregaram suas vidas e aos que ainda estão vivos para que o país tivesse a democracia consolidada dos dias atuais. “A democracia precisa reconhecer seus erros para que não sejam repetidos”, enfatizou. Estiveram presentes à solenidade além do governador paulista, ministro e do presidente da Comissão de Anistia, autoridades estaduais, entre elas deputados e o governador do Estado, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), e o vice-governador, Leonel Pavan (PSDB). Heróis O ministro Vanucchi disse que a homenagem foi um dos mais importantes eventos em memória dos mortos e desaparecidos. “Para que o Brasil dê mais passos na educação e nos direitos humanos é preciso reverenciar os mortos e desaparecidos como heróis.” Em seguida, entregou ao governador Luiz Henrique um exemplar do livro “Direito à memória, direito à verdade”, que conta a história das pessoas que se engajaram para combater o regime militar no país. O ministro sugeriu ao governador a reprodução da obra pela Imprensa Oficial e a distribuição às bibliotecas de Santa Catarina. Sugeriu ainda que o governador considere a possibilidade de criar o Museu Catarinense da Memória. Convivência O governador José Serra relatou aos presentes os períodos difíceis enfrentados por ele e por todos aqueles que lutaram contra o regime militar e em favor da democracia brasileira. Lembrou da convivência com o companheiro de lutas, Paulo Stuart Wright, e de uma carta que enviou com a recomendação de que o ex-deputado catarinense saísse do país. “Paulo era um missionário evangélico, que não sabia viver na clandestinidade e que sofria muito por estar longe da família. Não sei se ele recebeu essa carta”. Serra disse também que a ideia de Estado de direito tem que ser reiterada a cada dia para evitar que os fatos se repitam e para que se possam realizar os ideais dentro dos marcos da democracia e dos direitos. “Isso tudo faz parte, não da minha história, e, sim, do meu presente. Sou tudo aquilo que eu fui e continuarei sendo assim.” Em seguida, o governador Luiz Henrique disse que a luta dos mortos e desaparecidos foi pela construção da liberdade e pela democracia, contra a violência. Inauguração do memorial Ao final da solenidade, as autoridades e o filho de Paulo Stuart Wright, familiares dos mortos e desaparecidos e militantes do período ditatorial participaram da inauguração, na Praça Tancredo Neves, em frente à Assembleia Legislativa, do “Memorial Pessoas Imprescindíveis”, que leva a foto e um breve histórico de Paulo Stuart Wright. Encerrando a solenidade, João Paulo Wright leu o nome dos dez catarinenses desaparecidos. A cada nome, o público presente respondia com a palavra “presente”. São eles: Arno Reis, Divo Fernandes d’Oliveira, Frederico Eduardo Mayr, Hamilton Fernando Cunha, Higino João Pio, João Batista Rita, Luiz Eurico Tejeda Lisboa, Paulo Stuart Wright, Rui Pfutzenreuter e Wânio José de Matos. (Rose Mary Paz Padilha/ Divulgação Alesc)
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