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29/03/2017 - 12h14min

Campinas quer mais policiais e tirar do bairro ferro-velho, reciclados e prostíbulos

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Moradores do bairro Campinas, de São José, reunidos em audiência pública decidiram reivindicar mais policiais, além de deslocar do bairro um ferro-velho, prostíbulos e estabelecimentos que compram materiais reciclados. “Queremos da Assembleia Legislativa uma ação fiscalizadora e uma revisão justa da distribuição dos policiais militares levando em conta a criminalidade, o risco e o número de habitantes”, cobrou Sérgio Machado Faust, presidente da Associação de Condomínios de Campinas (Aconcamp), durante a audiência pública da Comissão de Segurança Pública, realizada no salão da Igreja Santo Antonio, localizada em Campinas, na noite dessa terça-feira (28).

O presidente da Aconcamp lembrou que o bairro tem cerca de 30 mil habitantes, sendo que 10% deles possuem mais de 65 anos e são as vítimas preferidas dos delinquentes. “O efetivo da PM gira em torno de 60 homens para cuidar desde a Fazenda do Max até Barreiros, mais de120 mil pessoas. Imbituba tem 79 policiais na ativa e 49 mil habitantes, Laguna tem um batalhão, mas nós vivemos ao lado da zona de maior preocupação do estado que é o Monte Cristo”, reforçou Sérgio Faust.

O dirigente comunitário defendeu o fechamento das casas de prostituição. “A cinquenta metros daqui tem uma casa de prostituição, esses dias teve um tiroteio violento, foi o terceiro, já teve até homicídio, é preciso jogar (as casas) para algum lugar que possa ter essa atividade”, propôs Faust, esclarecendo em seguida que o ferro-velho do bairro atrai dezenas de usuários de drogas que vendem materiais furtados para comprar crack no Monte Cristo, comunidade florianopolitana separada de Campinas apenas pela Via Expressa (BR-282).

Já o vereador Edilson Vieira sugeriu a anulação dos alvarás de funcionamento dos reciclados e do ferro-velho. “Vamos cassar o alvará deles, é inadmissível esses estabelecimentos funcionando aqui, Campinas e Kobrasol são os bairros que mais sofrem com a ação dos moradores de rua. Erradicar esses moradores é difícil, mas sem uma ação forte não vamos conseguir”, declarou o vereador.

Autoridade policial delegada
Sérgio Faust defendeu a aprovação do projeto de lei nº 399/2016, do ex-presidente da Casa, Gelson Merisio (PSD). “O projeto permite que o município faça convênios com a polícia para contratar o policial militar de folga para trabalhar”, justificou o morador. Maurício Eskudlark (PR), que chefiou a Polícia Civil no estado, ponderou que o projeto tem “prós e contras e que não é uma lei fácil de aprovar”.

A comunidade também pediu celeridade na aprovação de projeto do deputado Ricardo Guidi (PSD), que dispõe sobre a comercialização de sucatas. “A proposta institui nota fiscal nas operações de compra e venda nesses desmontes e sucatas, se regulamentar isso acaba a facilidade de roubar alguma coisa e ir ali vender. Só vai vender se estiver cadastrado”, informou Faust.

A palavra da polícia
De acordo com o coronel Araújo Gomes, comandante da 11ª Região de Polícia  Militar, que compreende o município de São José, a PM vem se desdobrando para atuar em todas as áreas. “Hoje temos controle das estatísticas e mapas em tempo real dos crimes cometidos, com base nisso redirecionamos diariamente o policiamento”, explicou o policial.

O comandante local da PM defendeu a aproximação da comunidade com as forças de segurança e cobrou ampliação e maior participação popular nos conselhos de segurança (Consegs). “Vocês é que constroem a qualidade dos lugares em que vivem, a cidade mais limpa não é a que mais se varre, é a que menos se joga lixo”, comparou Araújo Gomes, que incentivou o bairro a adotar o sistema de rede de vizinhos. “O marginal se sente vigiado e tem de vazar”.

O delegado Fabiano Rocha concordou com o chefe da PM. “Acredito na aproximação da população com os órgãos da SSP, sinto falta disso, há somente um Conseg ativo no município, que abrange a Ponta de Baixo, o centro histórico e a Praia Comprida. Vamos fazer a primeira reunião do Conseg, nessas reuniões a população conhecerá a estrutura, os projetos, as metas, os dados estatísticos, será dia 10 de abril, às 19 horas”, convidou o delegado.

Sobre o aumento de furtos e roubos no bairro em 2016, Fabiano Rocha garantiu que os índices estão caindo. “Em parceria com a Guarda Civil estamos conseguindo reduzir, na comparação dos dois primeiros meses de 2017 com o mesmo período de 2016 houve redução dos crimes contra o patrimônio”, afirmou o delegado, completando que as prisões por tráfico “formiguinha” (pequena quantidade) aumentaram 24%, enquanto o índice de recuperação de veículos atingiu 80%, contra uma média estadual de 60%.

O problema social
Maurício Eskudlark, autor do requerimento de audiência pública, admitiu que existem problemas, mas reconheceu que o número de crimes na região está diminuindo. “Isso dá um pouco de tranquilidade para nós, claro, o bairro tem problemas, eles (craqueiros) vêm bater no vidro do carro, mas é um problema mais social que policial”, avaliou o deputado, que sugeriu melhorias na iluminação pública.

A secretária de Assistência Social de São José, Rose Bartucheski, informou que nos casos de moradores de rua a comunidade deve acionar o grupo de abordagem de rua. “Oferecemos café às 7 horas no Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP), eles retornam para o almoço, tomam banho, ganham material de higiene”, descreveu a secretária, completando que o objetivo é reintegra-los às famílias ou encaminhá-los para tratar a dependência química.

Nilson José Reck criticou o foco da secretaria. “Não acredito que se tire da rua o morador de rua. Não dê o pão, ensine a pescar! Não adianta dar comida, isso só atrai mais gente para cá, deem trabalho”, declarou o morador. O empresário Aurélio Carvalho concordou com o vizinho. “É muito assistencialismo, dando sopinha, tem de trabalhar, começando com o pessoal de rua”, objetou o cidadão.

Agenor Pacheco elogiou a iniciativa da Alesc, mas não disfarçou sua decepção. “Vou sair pior do que entrei, moro há 40 anos em Campinas e ainda não tinha visto nosso bairro tão abandonado. Não é só cuidar dos craqueiros, também é preciso cuidar das pessoas de bem, da limpeza das ruas, das calçadas e da iluminação pública”, cobrou Pacheco.

Salão lotado
Os moradores do bairro lotaram o salão paroquial da Igreja Santo Antonio e lá permaneceram até depois das 22h30. O deputado Romildo Titon (PMDB), presidente da Comissão de Segurança Pública, presidiu a reunião e garantiu aos presentes que a Comissão “fará a intermediação entre a sociedade e o governo do estado” e que todos os órgãos citados receberão cópia das notas taquigráficas. O deputado Ricardo Guidi também participou da audiência pública.

 

Vítor Santos
Agência AL

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