Bonecos Itá, Omí e Joana levam escola da Lagoa da Conceição a Portugal
A experiência pedagógica com os bonecos Itá, Omi, e Joana, criados para representar e contextualizar para crianças de 2 a 6 anos a história da comunidade do Canto da Lagoa, na Lagoa da Conceição, em Florianópolis, está sendo apresentada na cidade de Braga, Portugal, no 2º Seminário Luso-Brasileiro de Educação Infantil”, nos dias 13 e 14 de julho. “Queríamos desmistificar essa ideia de que só os açorianos são importantes para a Lagoa. Agora nossas crianças vão questionar quando não falarem dos índios e dos africanos”, declarou Solange Aparecida Nunes, diretora do Núcleo de Educação Infantil do Canto da Lagoa, que cruzou o Atlântico junto com outras quatro integrantes do projeto.
“A comunidade se empenhou, fizemos um bingo com mais de 200 pessoas e um livro ouro. E na sexta-feira (1º) ligaram da prefeitura pedindo informações para pagar diárias. Agora já foi, estamos indo”, contou Solange, enfatizando que todos os professores e servidores da escola participam das brincadeiras do projeto “Conhecendo o Canto, cantando a sua história”. “O projeto propõe o respeito à diversidade”, resumiu a diretora, que conversou com a reportagem da Agência AL na tarde desta segunda-feira (4).
Uma andorinha atrai outras e juntas fazem o verão
O ditado de que “uma andorinha só não faz verão” não desanimou Rô Moraes. Depois de deixar de cantar em bares na noite florianopolitana, decidiu que faria alguma coisa relacionada ao canto na escolinha onde estudaram seus filhos e atualmente estuda uma neta. “Ela é vó-luntária, veio para cantar e a gente abraçou a ideia”, explicou a diretora.
Com experiência em teatro, Solange criou três bonecos para representar os povos que habitaram a região da Lagoa da Conceição nos últimos séculos. “Itá é um indiozinho carijó que morava aqui antes de tudo; Omí é uma menina que veio da África e morava em um quilombo no Rio Vermelho; e a Joana é desse tempo, adora a natureza e tem muitos amigos”, descreveu Rô Moraes.
Além disso, assim como fez com Itá, Omí e Joana, Rô Moraes compôs canções para exibir e contextualizar outros personagens identificados com a fauna local. “A composição é coletiva. Eu apresento o personagem e as crianças devolvem, a linguagem vem deles, uso o que mais chama a atenção”, revelou a cantora. Já as crianças aprendem brincando e cantando. “A boneca Omí fica na escola, ela dorme aqui”, lamentou Ana Maria Viana (5). “Eu gosto mais da Joana”, confessou Melina Vargas Pires (4).
Lontra, caranguejo e tartaruga
Como as crianças brincam com a Lagoa da Conceição ao fundo, predominam os personagens aquáticos. No caso da lontra, as crianças cantam “Olha a lontra na lagoa, deslizando sem parar. Quem quiser nadar com a lontra, vai entrando devagar”.
Se a tartaruga entra em cena, muda também a música. “Eu fui para a Barra da Lagoa, aprender os segredos do mar; eu fui para a Barra da Lagoa, para a tartaruga Maria encontrar. E quando eu encontrar, vou perguntar para ela todas as coisas do mar”.
Agência AL