Bloco de prefeitos e empresários do Mercosul busca a integração regional
Integrantes do Bloco Regional de Intendentes, Prefeitos, Alcaides e Empresários do Mercosul (Bripaem) se reuniram na manhã desta terça-feira (12), no Centro Cultural e de Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó, para traçar estratégias que facilitem a integração e o desenvolvimento regional. O ato ocorreu no âmbito do 1º Fórum Internacional Agro Sem Fronteiras, que visa debater a complementaridade produtiva entre Argentina, Paraguai e Brasil.
Na ocasião, o presidente da entidade, Luciano Buligon, prefeito de Chapecó, afirmou que o objetivo é buscar a aproximação entre os setores público e privado dos países envolvidos em temas de interesse comum, como a criação de uma nova rota para abastecer Santa Catarina com milho proveniente do Paraguai, tema quem vem sendo objeto de tratativas entre os integrantes do bloco.
"O Bripaem tem sido um grande parceiro, não só para trazer milho para Santa Catarina, mas também como forma de favorecer o escoamento dos nossos produtos e para realmente criar uma cultura de integração transfronteiriça."
Tido como um modelo pioneiro no Brasil, a associação de prefeitos e empresários em torno de temas comuns segue uma linha adotada há alguns anos entre organizações da União Europeia. No caso do Bripaem, o bloco é composto por representações da Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Equador, Paraguai e Uruguai, com sede em Buenos Aires.
Ainda de acordo com Buligon, estão em discussão no âmbito da entidade duas ações de interesse de Santa Catarina: atender o mercado paraguaio com um fertilizante feito no estado a partir de rejeitos de suínos e a abertura de uma saída para o Oceano Pacífico aos produtos catarinenses, a partir do porto chinelo de Antofagasta. "Estas são apenas duas ações, mas mostram o potencial do Bripaem como um instrumento para integrar definitivamente o Brasil e uma oportunidade fantástica para o desenvolvimento da nossa região."
Também foram citadas como iniciativas do Bripaem a desburocratização de fronteiras, incremento da infraestrutura logística dos países, a busca de acordos comerciais, de serviços de saúde, a cooperação sobre legislação aduaneira e em trâmites de atividade econômica.
Ao final do encontro, Buligon foi reeleito para mais dois anos na presidência do bloco.
Agro Sem Fronteiras
A realização do encontro do Bripaem marcou também o encerramento do 1º Fórum Internacional Agro Sem Fronteiras, realizado entre nesta segunda e terça-feira, dias 11 e 12, com uma programação que incluiu palestras e debates sobre temas como a qualificação para exportação, oportunidades de negócios, harmonização tributária entre os países do Mercosul, cooperativismo e integração.
Um dos destaques do evento, entretanto, foi o lançamento da Frente Parlamentar em Favor da Nova Rota do Milho, coordenada pelo deputado Marcos Vieira (PSDB) e que conta com o apoio de outros 35 deputados da Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
"Tivemos muitos debates importantes para criar uma agenda positiva de projetos integrados, e o lançamento dessa frente promete resolver os últimos gargalos que ainda há para que efetivamente os primeiros caminhões carregados de milho paraguaio possam começar a chegar em Santa Catarina", destacou Flávio Berte, que coordenou o evento.
Representantes de Paraguai e Argentina que participaram do fórum também se mostraram otimistas ante a perspectiva de aproximação entre as cadeias produtivas dos seus países com o Brasil e, em especial, com Santa Catarina.
"Eu acho que essa integração, essa união, é que a gente realmente precisa porque as necessidades muitas vezes são as mesmas e a complementaridade, que foi o tema do fórum, é o que realmente estamos buscando aqui", disse Edoard Schaffrath, prefeito da cidade paraguaia de Naranjal. Ele citou como exemplo desta integração almejada a criação da nova rota do milho. "Santa Catarina é o maior produtor de proteína animal atualmente, é especializada, sabe fazer isso como ninguém, tem os mercados internacionais que é algo que falta ao Paraguai. Mas temos o milho, que pode vir para cá para complementar a produção local."
Já Peterson Julio, que atua como deputado na província argentina de Missiones, destacou as oportunidades que devem se deve abrir para a região, que mesmo sendo especializada na produção de erva mate, vai fazer parte do trajeto da rota do milho. "A rota vai ser um incentivo também para os agricultores da Argentina produzirem mais milho para vender ao Brasil. O Paraguai tem uma boa produção do grão, mas nós, independentemente de sermos produtores de erva mate, temos terras suficiente para abrirmos novas produções e aproveitarmos esta rota, que traz uma boa perspectiva de futuro para todos nós."
Atendendo a uma solicitação de representantes do Paraguai, a segunda edição do Fórum Internacional Agro Sem Fronteiras deve acontecer naquele país, no ano de 2020.
Agência AL