Biblioteca referência em acessibilidade não tem operador para equipamentos

Biblioteca Municipal Barreiros Filho
FOTO: Solon Soares/Agência AL

A Biblioteca Municipal Barreiros Filho, situada na zona continental de Florianópolis, considerada referência em acessibilidade no país, ainda não tem operador para os equipamentos acessíveis, como computadores de mesa, impressora em braile e scanner, todos com sintetizador de voz. “A gente não sabe mexer, então recorremos aos manuais e os usuários nos auxiliam e até ensinam”, reconheceu Leila Daiane Pinheiro, gerente da biblioteca, que garantiu que as cerca de 10 pessoas com necessidades especiais que utilizam diariamente a biblioteca não são prejudicadas.

Com um acervo razoável de livros em braile e audiolivros, a biblioteca oferece um espaço de fácil acesso, sem degraus, com rampa para o segundo andar e banheiros adaptados. Em áudio é possível “ler” obras de filosofia, sociologia, história, romances e até uma biografia dos Beatles. Já em braile, o leitor pode optar pelos contos dos irmãos Grimm, os poemas de Paulo Leminski, romances de Machado de Assis, Érico Veríssimo, Paulo Coelho, ou best-sellers como a saga Crepúsculo, de Stephenie Meyer.

Valdori da Silva, de 53 anos, cego desde bebê e um dos usuários mais frequentes, reclamou do número limitado de obras acessíveis, inclusive na Biblioteca Pública de Santa Catarina, localizada no Centro de Florianópolis. “É uma pobreza generalizada, ainda não li 'Dom Quixote', 'Os sofrimentos do jovem Werther'. Quero ler Tolstói, Dostoiévski”, afirmou Valdori, que aprendeu a ler em braile aos 7 anos e nunca mais parou. “A leitura é uma viagem através de lugares belos e empolgantes, você vai para esses lugares sem sair da cadeira. Com Jorge Amado vou à Bahia e com o José de Alencar, ao Ceará”, exemplificou o cego.

Apesar de não satisfazer a fome de livros de Valdori, a Biblioteca Municipal Barreiros Filho é a quinta colocada entre as dez bibliotecas selecionadas pelo Ministério da Cultura para participar do projeto Acessibilidade em Bibliotecas Públicas, do Ministério da Cultura. Recentemente também passou a integrar a Rede Nacional de Leitura Inclusiva.