Bancada promove encontro “As vidas das mulheres e as políticas públicas”
Representantes de diferentes grupos de apoio às mulheres catarinenses apresentaram na noite desta quarta-feira (27), durante o encontro “As vidas das mulheres e as políticas públicas”, as principais reivindicações para uma política pública plena que atenda os seus anseios. O evento, que é uma parceria da bancada feminina da Assembleia Legislativa e do Instituto de Estudos de Gênero (IEG) da UFSC, integra a campanha de 16 dias de ativismo no combate à violência contra a mulher.
A deputada Luciane Carminatti (PT), representando a bancada feminina, destacou que o encontro é um evento fundamental para auxiliar no combate à violência contra as mulheres, porque nos 16 dias de ativismo serão discutidas políticas públicas, orçamento do estado, projetos de lei em favor das mulheres. “A Assembleia é um espaço para ouvir as diferentes vozes e a representação da sociedade se faz presente com esses grupos, sobretudo num tema que é muito dolorido, muito difícil e necessário, devido aos índices de violência contra a mulher em Santa Catarina só terem aumentado.”
A partir das exposições das principais reivindicações, explica a deputada, a Assembleia Legislativa, por meio da bancada feminina, está assumindo o compromisso de acolher as reflexões e as sugestões que foram encaminhadas. A abertura do evento contou com a apresentação do Sarau “Vozes Negras”, com poesias alusivas às questões raciais e das mulheres, além da abertura da exposição “Arte pela Vida”, promovida pelo Instituto Gama (Grupo de Apoio a Mulher Mastectomizada).
A professora e coordenadora do Instituto de Estudos de Gênero (IEG) da UFSC, Teresa Kleba Lisboa, informou que a campanha anual e internacional dos 16 dias de ativismo pelo fim da violência contra a mulher iniciou no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra e da Morte do Zumbi, e segue até o dia 10 de dezembro, Dia Internacional dos Direitos Humanos. Criada por ativistas no Instituto de Liderança Global das Mulheres, em 1991, a campanha é coordenada pelo Centro para Liderança Global das Mulheres, buscando o engajamento na prevenção e na eliminação da violência contra a mulher.
Ela defendeu a importância de priorizar políticas públicas para esses segmentos presentes no evento, ressaltando que o poder público está deixando a desejar no atendimento a esses movimentos sociais. “Estão fechando o Centro de Apoio aos Imigrantes e a Associação dos Direitos Humanos para Pessoas Transexuais, ambos em Florianópolis. Eles estão sendo despejados. Estamos preocupados com esses fechamentos de apoio. Por isso a importância de termos políticas públicas em apoio a esses movimentos.”
Durante o evento também foi realizado o pré-lançamento do Fazendo Gênero 12, que acontecerá em julho de 2020 na UFSC. O evento, que é realizado de três em três anos, reuniu em 2017 mais de 10 mil pessoas em Florianópolis discutindo temas relacionados às mulheres.
Reivindicações
A representante da Frente Guarani, Geni Nunes, que reside na localidade Morro dos Cavalos, em Paulo Lopes, apresentou como principal problema do povo Guarani a falta de demarcação de terras indígenas. Em Morro dos Cavalos, de acordo com ela, a terra já foi demarcada, mas falta a homologação do governo federal.
Azânia Mahin, membro do Núcleo de Estudos Negros, disse que a preocupação maior do movimento é o genocídio dos negros, principalmente com a violência policial, com a falta de direitos básicos como a saúde e a educação. “Aqui em Florianópolis a reivindicação é a destinação da escola Antonieta de Barros para o movimento.”
A militante do Movimento das Mulheres Camponesas, Patrícia Klock, afirmou que a principal reivindicação é a questão da previdência à mulher do campo, à mulher agricultora, que por muitos anos não foi reconhecida como trabalhadora. “Queremos ainda o direito à educação e à saúde.”
A pesquisadora e ativista do movimento LGBTQI+, Izzi Madalena, apresentou como reivindicação a preocupação com as crianças trans, o reconhecimento que elas existem nas escolas públicas em Santa Catarina.