Bancada do Oeste sugere divulgação das ações contra a seca entre os agricultores
A Bancada do Oeste sugeriu ao governo catarinense um aprimoramento da comunicação com os agricultores sobre as ações de enfrentamento à estiagem que assola as regiões do Extremo Oeste, Oeste e Meio Oeste. A iniciativa aconteceu durante a reunião virtual do colegiado, na manhã desta terça-feira (24). A ideia é que encontros online sejam promovidos entre a Secretaria de Estado da Agricultora, Cidasc, Epagri, sindicados ligados ao setor agropecuário, lideranças locais e parlamentares.
A questão já havia sido tema na reunião da bancada na semana passada. Mas nesta terça, representantes da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Santa Catarina (Fetaesc) voltaram a afirmar que o clima entre os agricultores é de pânico. “Precisamos chamar a Epagri, a Cidasc e a Secretaria de Agricultura para conversar e ver o que está impedindo a chegada dos recursos a quem precisa”, comentou o presidente da entidade, Walter Dresch.
Na opinião do deputado Altair Silva (PP) são necessárias ações pontuais. “Todos estamos aqui para ajudar, inclusive ao governo, mas a comunicação do Estado não está chegando a quem vive o problema. Sugiro que o Estado, com apoio da Bancada do Oeste e das entidades, promova uma reunião no Extremo Oeste, onde as lideranças possam ouvir [o que está sendo feito], pois o primeiro sentimento da população é de abandono. Quando se vai ao problema, encontra-se muitas soluções.”
“O problema da comunicação continua. As informações não chegam para quem precisa. Se o crédito já está funcionando, as pessoas não estão sabendo”, concordou a deputada Marlene Fengler (PSD). A deputada Luciane Carminatti (PT) defendeu que sejam feitas reuniões virtuais em locais onde exista uma estrutura da Epagri. “Podemos pulverizar, em cada região reunir 30 cidades. Em um dia multiplica-se isso e faz chegar a comunicação, com uma capilaridade maior, usando a internet para facilitar o diálogo.”
O secretário de Estado da Agricultura, Ricardo Gouvêa, não se posicionou sobre a sugestão, mas relatou uma série de ações que o governo vem tomando para enfrentar o problema. “Liberamos várias frentes para minimizar o impacto para os produtores. Uma é o recurso para perfurar poço. A estiagem é uma das maiores dos últimos 50 anos e a única forma é termos poços artesianos para obter água. Outra possibilidade são recursos para o agricultor construir cisternas ou caixas para contenção de águas, mas sem chuva isso fica difícil. Esses recursos não têm juros para pagar. Em algumas modalidades só é cobrado 50% do valor. E estamos usando os R$ 15 milhões que vieram da Alesc para a Secretaria.”
De acordo com o presidente da Fetaesc, há falta de água e alimentos para os animais. “Temos dois cenários: trabalhar políticas do Estado já existentes e se há algo que se possa avançar. E depois ir além. Há questões de responsabilidade do governo federal, como o financiamento dos agricultores. Não têm mais condições para comprar comida para os animais. Precisamos de uma linha de financiamento, específica, além do que já financiou. Ontem ainda, a Fetaesc e as federações do Paraná e do Rio Grande do Sul enviaram um documento para o Ministério da Agricultura citando a dificuldade para o pagamento de dívidas dos produtores e a necessidade dessa linha específica”, contou Dresch.
Coordenador da Bancada do Oeste, o deputado Maurício Eskudlark (PL) lamentou ver na imprensa as ações informadas pelo governo. Mas, segundo ele, “na prática não estão chegando aos agricultores.” Gouvêa reconheceu que não há programas voltados à alimentação dos animais. “Vou estudar esse assunto para ver o que é possível fazer, vamos falar com as cooperativas.”
Diretor suplente da Fetaesc, Joel da Silveira Moura, destacou a importância de ver a junção de várias correntes partidárias preocupadas com a agricultura. “Estamos passando por um momento muito difícil e precisamos de apoio. A mão do Estado, infelizmente, é lenta. Não chega a tempo. Defendo a Epagri, mas o Estado precisa habilitar outras entidades para fazer os programas. Os técnicos trabalham, mas não conseguem atender na ponta por causa da burocracia. Temos cooperativas, sindicatos, com técnicos competentes. Temos que flexibilizar a legislação ambiental.”
O secretário da Agricultura concordou que detalhes burocráticos são um entrave. “Mas tudo que tentamos quebrar da burocracia tivemos muita dificuldade com ONGs e com o Ministério Público, que não aceita flexibilizar. Sem dúvida, se a Alesc puder ajudar nisso, será muito importante.”
O deputado Mauro de Nadal (MDB) lamentou esse problema. “Vou propor fazer um ato para que, nesse momento, possa se eliminar toda essa parafernália. É preciso eliminar licença de outorga e sistema de emergência para atender agricultores e prefeituras. Estão todos atrelados na burocracia enquanto os animais estão morrendo de fome. Vejo que o secretário também está de mãos atadas”, disse o parlamentar.