Bancada do Oeste conhece detalhes de laboratório da Udesc voltado ao setor leiteiro
A Bancada do Oeste conheceu na manhã desta quarta-feira (9) mais detalhes sobre o projeto do Laboratório do Leite, previsto para ser construído no campus da Udesc na cidade de Pinhalzinho. Vista como fator decisivo para consolidar Santa Catarina como um dos maiores mercados leiteiros do país e esperada há mais de dez anos, a obra sairá do papel graças à emenda de R$ 15 milhões destinada pelo grupo de parlamentares no orçamento de 2021.
O reitor da instituição, Dilmar Baretta, explicou que a universidade já tem o terreno e que o projeto de engenharia está na fase de aprovação na prefeitura de Pinhalzinho. Se tudo for liberado até o início do próximo ano, a previsão de construção e do começo das atividades é para 24 meses. Segundo ele, o projeto consolida a Rota de Integração do Leite na faixa de fronteira do Estado, onde estão 82 municípios, e vai contemplar a construção e estruturação do Núcleo de Ciência, Tecnologia e Inovação do Leite (NCTI).
O objetivo, revelou Baretta, é gerar desenvolvimento regional sustentável, pois o Oeste responde por 78% da produção estadual, com aproximadamente três bilhões de litros anuais, o que faz de Santa Catarina o quarto maior produtor do Brasil. “A região Sul continua sendo a de maior produção, com pequena margem em relação ao Sudeste. Santa Catarina é o maior produtor no Sul, com 2,971 bilhões de litros de leite por ano, representando 8,8% do total nacional”, afirmou.
Em função disso, a construção do NCTI é uma questão emergencial. A emenda da Bancada do Oeste permitirá a edificação de um prédio com 2.414 metros quadrados. Nele estarão os laboratórios de qualidade do leite e de pesquisa e inovação, além de uma indústria de lácteos em escala piloto. Indagado pelo deputado Marcos Vieira (PSDB) se a Epagri e a Cidasc terão participação nas atividades, o reitor confirmou. “A Udesc está de portas abertas para essas parcerias”, garantiu.
De acordo com Baretta, o complexo vai funcionar para atender produtores e as indústrias. “A ideia é ser uma referência também para estudantes de zootecnia, agronomia, veterinária, engenharia de alimento e química, além dos mestrados. Teremos capacitações, treinamentos para qualificação de mão de obra e oficinas para diversificação de produtos”, destacou. Será um laboratório de pesquisa aplicada e inovação, com “busca de soluções diante das necessidades do setor, garantindo aprimoramento técnico com equipamentos de alta tecnologia.”
Relator do Orçamento e presidente da Comissão de Finanças, Marcos Vieira informou que a Alesc deve aprovar a emenda na próxima semana. “Tanto o governador do Estado quanto as secretarias da Casa Civil, Fazenda, Agricultura já sabem da emenda e da relevância do projeto”, comentou.
Trabalho conjunto
Para a deputada Marlene Fengler (PSD), ficou clara a importância da bancada no assunto. “É uma conquista importante que consolida nossa bancada como a única que representa uma região e que funciona e trabalha. O trabalho em conjunto dá muito mais resultados e resultados efetivos”, avaliou. Na opinião dela, o laboratório vai deixar o Estado na vanguarda da inovação. “Não tenho dúvidas de que vamos dar um salto de qualidade e produtividade”, citou.
O deputado Altair Silva (PP) exaltou a união de esforços entre a Udesc, os parlamentares do Oeste e o governo do Estado. “A entrada desta emenda no orçamento vai fazer com que a principal missão de uma universidade seja cumprida. Ela vai aproximar ainda mais todo o setor produtivo dela mesma, unindo os setores de pesquisa, ensino e produtivo. O segmento vai dar um salto de qualidade e Pinhalzinho, que já é um centro de excelência de produção e vai se consolidar ainda mais”, citou.
Uma preocupação da deputada Luciane Carminatti (PT) é com a situação dos municípios menores, onde os produtores têm pequenas propriedade e um número menor de animais em comparação às grandes indústrias. O reitor da Udesc respondeu que haverá espaço no NCTI para a capacitação deste nicho de produção. “A ideia de aproximar a Epagri e a Cidas é por esse motivo também”, ressaltou.
Sobre isso, o deputado Mauro de Nadal (MDB) argumentou que este cenário é outra missão para a Assembleia Legislativa. “Se percebe que o agricultor que não tiver 35 a 40 vacas no plantel não vai ter espaço no mercado. Nosso desafio é buscar a viabilidade destas propriedades. Ou se juntam em pequenas associações ou vão perder espaço”, comentou. Em relação ao NCTI, o primeiro vice-presidente da Alesc disse que é uma grande oportunidade para Santa Catarina. “Teremos tudo para ter produtos de competitividade mundial”.
Neodi Saretta (PT) viu na iniciativa mais uma forte ação para interiorização do ensino superior. “O laboratório é uma ação importante vinda da articulação da bancada para ter os recursos”, explicou o deputado. Para ele, a Udesc precisa ser ainda mais fortalecida não só em Pinhalzinho, “ em todo o estado.”
Veio do deputado Moacir Sopelsa (MDB) um alerta. Na visão dele, o NCTI é “uma conquista importantíssima”, mas precisa ter as condições de atender com agilidade toda a cadeia produtiva. “Nossas indústrias estão fazendo as análises de seus produtos no Paraná e no Rio Grande do Sul”, citou. Em relação aos pequenos produtores, o representante de Concórdia acredita que as indústrias familiares terão uma oportunidade de ter seus produtos analisados no Laboratório do Leite. “E, com apoio e oportunidade, poderão oferecer o seu produto mais direto para o consumidor. Vão sobreviver e ganhar dinheiro. Acho importantíssimo a Cidasc na questão sanitária e a Epagri na orientação. Não tenho dúvida, estamos no caminho certo”, argumentou.
Antes do encerramento da reunião, a bancada aprovou uma sugestão do deputado Marcos Vieira. No dia 19 de fevereiro de 2021 será realizada uma audiência pública semi presencial em Pinhalzinho. A ideia é reunir todos os segmentos que serão atendidos pelo NCTI para dar informações mais técnicas e permitir que todos entendam a dimensão de importância do laboratório.