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20/08/2013 - 13h10min

Avicultores do Sul e do Planalto Norte denunciam maior crise em 20 anos

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Representantes dos produtores e a deputada Ana Paula se reuniram com o secretário da Agricultura. FOTO: Solon Soares/Agência AL

Mais de mil famílias de avicultores do Sul e do Planalto Norte catarinense vivem a maior crise do setor em duas décadas. O preço final pago por ave pelas empresas integradoras aos criadores está entre R$ 0,35 e R$ 0,45, valor que não cobre os custos de produção. Os avicultores reclamam que adquiriam financiamentos bancários para melhorias nas propriedades, em cumprimento a novas exigências sanitárias. Com as contas no vermelho e dívidas vencendo, eles se reuniram na tarde desta segunda-feira (19), acompanhados da deputada Ana Paula Lima (PT), com o secretário de estado da Agricultura e Pesca, João Rodrigues, para cobrar apoio e um posicionamento do governo do Estado em relação à crise.

“Queremos uma solução para que estas famílias continuem produzindo, para que tenham condições de sanar seus financiamentos e não passem necessidades”, cobrou Ana Paula. Os avicultores se uniram e formaram associações para intervir junto a autoridades e agroindústrias. “O Parlamento não pode deixar de atender esta causa. São muitos que dependem do setor para sobreviver”, completou a deputada.

Emir Tezza preside a Associação dos Avicultores do Sul e representa quase 800 famílias. Ele diz que o setor nunca passou por crise parecida. “O valor de venda deveria se de pelo menos R$ 0,80, para não trabalharmos no prejuízo”. As condições de produção, para garantir o crescimento saudável das aves, que incluem jornadas noturnas nas granjas e aos fins de semana, também são motivo de reclamação.

A avicultora Rosiléia Bresciani herdou o negócio de 20 anos da família em Treviso, no Sul. Ela conta que sofre constantes ameaças de não ter sua produção comprada, caso não faça melhorias na propriedade ou não aceite os valores oferecidos pela integradora. “É pressão psicológica e assédio moral. Quando você sempre teve seu nome limpo e fica ameaçada de perder sua propriedade fica difícil de ter forças para continuar. Não dá para trabalhar no prejuízo”, desabafou Rosiléia. Segundo a Associação, as dívidas dos avicultores no Sul ultrapassam R$ 100 milhões.

Soluções para a crise
O vereador de Rio Negrinho, Erikson Wantowski, é produtor de aves há dois anos. Ele denuncia monopólio entre as empresas que estariam formando um cartel para a compra dos frangos. “São quatro ou cinco empresas. É muito fácil para combinarem os preços”, acusou, cobrando diálogo e transparência sobre os custos das integradoras, motivo alegado por elas, segundo Wantowski, para o baixo preço pago aos criadores. No Planalto Norte, são 241 famílias avicultoras. “Muitos estão abandonando o negócio para saudar as dívidas”.

Santa Catarina é o segundo maior produtor de aves do Brasil, atrás apenas do Paraná. O secretário da Agricultura e da Pesca, João Rodrigues, afirmou que conhece a situação e que a fusão de grandes empresas do agronegócio tem gerado os problemas econômicos nas duas regiões do estado. Rodrigues garante que o setor está fortalecido com a perspectiva de aumento considerável nas exportações de frango e abertura de novos mercados internacionais.

“É preciso melhorar a remuneração e ter uma boa conversa entre empresas e criadores. Nesta semana ainda vou intermediar a negociação com o grupo JBS. O maior patrimônio das agroindústrias são os pequenos produtores”, disse. O secretário aconselhou ainda o contato com os sindicatos do Oeste, onde a situação é bem mais estável. “Lá muitos estão ganhando R$ 1 por ave”.
A apresentação de denúncia ao Ministério Público, com a entrega de um relatório elaborado pelos avicultores, está entre as deliberações. Sobre a questão dos financiamentos, Rodrigues disse que o Estado não pode intervir.

Perdas de aves
Quase ao fim da reunião, os avicultores denunciaram mortes no plantel em algumas fases do ciclo de produção. A falta de apoio técnico e sanitário por parte das integradoras e da Cidasc foi exposto a João Rodrigues, que se comprometeu a cobrar da companhia estadual maior atenção sobre o problema e soluções para a morte dos frangos. Casos de canibalismo animal também foram verificados em várias granjas.

“Nossas famílias estão expostas a agentes biológicos que não conhecemos e estamos sem respostas”, cobrou Rosiléia Bresciani. A intenção da maioria dos avicultores é permanecer na atividade, desde que não trabalhem no prejuízo.  “Nós amamos a agricultura. Tem que ter respeito por quem produz o alimento. Nós não queremos deixar de produzir frango. Mas também não queremos torrar nossas propriedades herdadas do nono (avô) e do nosso pai. Do jeito que está, vamos ficar sem sucessores no campo”.

Rony Ramos
Rádio AL

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