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17/07/2015 - 15h06min

Autismo: evento debate políticas públicas, diagnóstico e inclusão

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Seminário contou com uma apresentação de dança de alunos da Apae de Araranguá. FOTO: Fábio Queiroz/Agência AL

O 10º Seminário Descentralizado de Estudo e Conscientização sobre o Autismo promovido pela Assembleia Legislativa foi realizado nesta sexta-feira (17), na Associação Comunitária Vila São José, em Araranguá, no Sul do estado. Cerca de 400 participantes acompanharam palestras sobre políticas públicas, abordagem diagnóstica e educação inclusiva para pessoas com transtorno do espectro autista (TEA).

O evento, realizado pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência em parceria com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, reuniu profissionais das áreas de educação, saúde e assistência social, representantes de entidades sociais, familiares de autistas e autoridades civis. O seminário contou com o apoio da Associação Catarinense de Autismo (Asca), da Associação de Pais e Amigos dos Autistas (AMA) e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Araranguá.

O encontro faz parte de um ciclo de seminários promovido pela comissão desde o ano passado. O evento já foi realizado nas cidades de Florianópolis, Joinville, Campos Novos, Chapecó, Criciúma, Imbituba, Itajaí, Jaraguá do Sul e Brusque. A última etapa ocorrerá em Fraiburgo, no dia 7 de agosto.

Capacitação
Na abertura do evento, o presidente da comissão, deputado José Nei Ascari (PSD), destacou que o ciclo de seminários já capacitou, em dez edições, mais de 5 mil profissionais pelo estado. “Superou nossas expectativas. O objetivo é propagar conhecimento para que as pessoas que participam desses eventos, na condição de multiplicadores, possam levar esses benefícios àquelas que são alvo das ações desencadeadas pela comissão.”

O parlamentar ressaltou, ainda, diversas iniciativas voltadas à inclusão das pessoas com deficiência em Santa Catarina desde a instalação da comissão permanente da Alesc, em 2011. Pontuou a fundação da Asca e a criação da Lei Estadual 16.036, de 2013, que estabelece a política estadual de proteção dos direitos da pessoa com transtorno do espectro autista.

A necessidade de capacitação profissional focada no autismo também foi salientada pela presidente da AMA de Araranguá, Thaís Custódio. “Há um déficit muito grande. Pedimos que as autoridades tratem o assunto com mais seriedade, pois é um tema de utilidade pública”, falou. “Só em Araranguá são 57 autistas diagnosticados. Na região, são 2 mil. No Brasil, foram diagnosticadas, em 2012, 2 milhões de pessoas”, acrescentou.

Palestras
Um dos maiores problemas, na avaliação do neuropediatra e pesquisador Clay Brites, é a falta generalizada de conhecimento sobre o autismo. “Os profissionais não sabem identificar, e os pais não acreditam. Isso faz com que a gente não encare o problema como ele realmente é. Eventos como esse seminário contribuem para disseminar informação, tirar dúvidas, derrubar preconceitos e conceitos errôneos”, comentou o integrante do Laboratório de Distúrbios de Aprendizagem e Transtornos da Atenção da Unicamp.

O autismo é um transtorno de desenvolvimento que compromete as habilidades de comunicação e interação social. “É uma síndrome comportamental. Portanto, só se faz o diagnóstico observando os sinais apresentados pela criança, que costuma ter interesses restritos e agir de forma repetitiva.”

O aumento da incidência do autismo nos últimos 20 anos também foi abordado pelo palestrante. “Era de um caso a cada 150 nascimentos. Atualmente, ocorre a cada 88. Pesquisas mais recentes nos Estados Unidos já apontam um caso a cada 50 nascimentos”, citou. De acordo com evidências científicas, Brites apontou como fatores de risco o uso indiscriminado de drogas na gestação, a idade avançada materna e paterna, o nascimento prematuro, além de famílias com histórico de transtorno bipolar, esquizofrenia e transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.

A importância do diagnóstico precoce foi ressaltada pelo palestrante. “O diagnóstico tem que ser feito até os três anos de idade. As intervenções precoces vão reduzir a intensidade dos sintomas do autismo, melhorando a funcionalidade dessa criança com o passar do tempo.” O pesquisador também frisou a necessidade de criação de um protocolo de tratamento e de mecanismos de abordagem terapêutica e psicossocial.

Já o tema educação inclusiva foi debatido pelo psicopedagogo Eugênio Cunha na palestra “Autismo na escola: um jeito diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar”. Trata-se, na opinião do doutor em Educação, da elaboração de práticas de ensino tendo como base a perspectiva do aluno com autismo. “É preciso modificar a forma de ensinar por conta da maneira de aprender do aluno autista. Para inseri-lo com maior qualidade na sala de aula, é necessário fazer uma avaliação inicial sobre as suas potencialidades e carências.”

Cunha considera a educação inclusiva um desafio a ser superado. “Isso porque os professores não são formados para atender alunos com deficiência. O ensino, em geral, não está preparado para receber esses alunos”, disse.

O psicopedagogo destacou a necessidade de capacitação profissional e adequação nas escolas. “É possível incluir o aluno com autismo. É um direito que ele tem de estudar em uma escola regular. Para isso, professores e outros profissionais precisam se capacitar. As escolas também devem preparar os espaços físicos para receber alunos autistas.”

Ludmilla Gadotti
Rádio AL

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