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28/04/2023 - 12h52min

Autismo é tema de seminário regional em Pouso Redondo

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Deputado Oscar Gutz

Pesquisas recentes sobre autismo foram apresentadas no Seminário Regional Autismo em Foco, promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Assembleia Legislativa, nesta quinta-feira (27), no município de Pouso Redondo.

O evento reuniu, aproximadamente, 500 pessoas dos 28 municípios do Alto Vale do Itajaí, entre profissionais que atendem pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), familiares em busca de um maior conhecimento sobre o tema, representantes de instituições, parlamentares e representantes dos executivos municipais.

Além de pesquisas e debates técnicos foram discutidas a elaboração e a execução de políticas públicas que atendam às necessidades da população autista, como as de Lucas Dalmônico Padilha, de 15 anos, que participou do seminário e falou sobre sonhos e mudanças que espera acontecer. “Eu, como autista, gostaria de ver nas escolas mais atividades inclusivas. Também gostaria de ver as famílias tratando os autistas melhor. Muitas famílias têm preconceito com autistas e isso é terrível. Eu gostaria que as famílias tivessem mais aceitação, pois o autismo não precisa de cura, apenas de aceitação”.

Participar desses debates é muito importante, segundo Lucas, pois as pessoas podem, nesses espaços, conhecer os desejos e necessidades dos autistas por eles mesmos. Além de inclusão e aceitação, Lucas também sonha em fazer faculdade de biomedicina. “Minha matéria preferida na escola é biologia, então, quando eu for adulto, quero fazer faculdade de biomedicina”.

O evento teve como ponto de partida um requerimento apresentado pelo deputado Oscar Gutz (PL), membro da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e natural da cidade de Pouso Redondo. O parlamentar participou da cerimônia de abertura e afirmou seu compromisso de trabalhar em prol das demandas de sua região, em parceria com o presidente da comissão, deputado Vicente Caropreso (PSDB).

Números relativos ao autismo
De acorco com a Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), a quantidade exata de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Austista (TEA) ainda é incerta. A prevalência estimada por organismos internacionais é de um caso para cada 44 nascimentos. No Brasil, estima-se que haja, aproximadamente, 2 milhões de pessoas com TEA.

A expectativa é de que em breve, a partir dos resultados do Censo Demográfico 2022, seja apresentado um panorama oficial do autismo no Brasil, revelando quantas pessoas com diagnóstico de TEA vivem no país. Esse questionamento será feito pela primeira vez, por força da Lei 13.861/2019, que obrigou o IBGE a incluir as especificidades inerentes ao TEA no censo populacional. A partir de então, será possível saber qual a população de autistas em cada região do país.

Em Santa Catarina, uma das bases de dados que oferece um panorama do autismo é a Carteira de Identificação do Autista, expedida pela FCEE. De fevereiro de 2020, quando foi lançada, até março de 2023, 9.427 pessoas com TEA já foram beneficiadas com o documento.

Nas 238 instituições especializadas credenciadas à FCEE, são atendidas 11.885 pessoas com TEA, sendo 6.289 educandos até 5 anos de idade; 3.631 entre 6 a 17 anos; e 1.965 acima de 18 anos (dados de janeiro de 2023).

Outra referência catarinense é o sistema Educação na Palma da Mão da Secretaria de Estado da Educação (SED), que revela o painel do total de matrículas, turmas e escolas da Educação Básica da rede estadual de ensino. Em janeiro de 2023, havia 6.898 estudantes com diagnóstico de TEA matriculados na rede estadual de ensino de Santa Catarina. Destes, 4.882 estão no ensino fundamental, 1.977 no ensino médio e 36 estão em turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Segundo estimativa de alguns especialistas, existem mais de 180 mil autistas em Santa Catarina e o diagnóstico precoce continua sendo a melhor maneira de diminuir danos e buscar meios para atender de forma qualificada quem for diagnosticado.

Para o neuropediatra Júlio Konesky, de Joinville, o diagnóstico pode ser um processo complexo. “O diagnóstico não é um exame, uma avaliação única. Várias pessoas estão envolvidas, como pais, professores, médicos. Existem tabelas clínicas de escalas que vão ajudar no diagnóstico, mas o diagnóstico conclusivo pode acontecer durante a evolução e o crescimento da criança. De qualquer forma, é preciso que seja feito o mais rápido possível e que os pais estejam atentos desde o primeiro ano da criança.”

O médico destacou também a importância de informação e da realização de eventos como o seminário em Pouso Redondo. Muitas famílias são carentes de informação, de diagnóstico e têm dificuldades de aceitação. “Um evento como esse pode ajudar um número enorme de pessoas”, concluiu Konesky.

Plano de aprendizagem individual
Roseli Bonfanti, professora de psicologia, de Rio do Sul, falou sobre um direito garantido em lei que é o Plano de Aprendizagem Individual, da rede de ensino.

O plano de aprendizagem individual é um instrumento formulado, criado e construído pelos professores para salas de aula com alunos que precisam de educação especial.

“Esse plano busca estruturar como vai acontecer o atendimento, como haverá as adaptações curriculares e pedagógicas de cada criança, em particular, que apresenta necessidades educacionais especiais, ou seja, é importante que cada um tenha o seu planejamento individual, porque cada criança tem uma necessidade diferente da outra.”

Entre essas necessidades, também foram observadas a falta de unidades de Associações de Amigos de Autistas (AMAs). Dos 295 municípios do estado, apenas 40 têm essas associações. Silvane da Silva, representante da Federação de Amigos dos Autistas (Feama), fez um apelo para que a Federação Catarinense dos Autistas esteja mais próxima dessas associações.

“Temos nos municípios, hoje, 31 associações cadastradas e 8 em andamento. Estar ao lado dessas associações é uma forma de levar todo o conhecimento e direcionamento a essas famílias que tanto precisam. Por meio da gestão pública pensar em todos os direitos e no atendimento. Uma criança precisa desse acompanhamento com uma equipe multidisciplinar.”

 

Michelle Dias
Agência AL

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