Audiência sobre falta de árbitros no Parajasc aborda problemas na Fesporte
FOTO: Rodolfo Espínola/Agência AL
As dificuldades enfrentadas pela Fundação Catarinense de Esporte (Fesporte) dominaram a audiência pública realizada na tarde desta quarta-feira (12) pela Comissão de Esportes e Lazer da Assembleia, no Plenário Deputado Osni Régis. O encontro foi motivado pela ausência de árbitros que resultou no cancelamento de duas modalidades paradesportivas (atletismo e bocha) no Parajasc, realizado no mês passado em Blumenau, afetando quase 800 atletas.
Durante a audiência, os participantes afirmaram que a ausência dos árbitros foi causada por problemas de gestão na fundação, que enfrenta falta de pessoal, de orçamento e problemas estruturais. Os presentes também destacaram que as dificuldades na Fesporte são antigas e que o presidente da entidade sabia com antecedência que haveria problema com a arbitragem.
O principal impedimento estaria numa resolução utilizada para o pagamento de diárias aos árbitros que participam das competições promovidas pela fundação. Segundo o presidente da entidade, Freibergue do Nascimento, a norma “tem fragilidade legal” e é “inconstitucional.”
Durante a audiência, os participantes defenderam a busca por uma solução legal para essa questão, sob o risco do calendário esportivo da Fesporte ser cancelado, já que há a possibilidade de outras modalidades serem prejudicadas.
“Precisamos encontrar um caminho para se que possa concluir o calendário esportivo deste ano”, comentou o presidente da comissão e proponente da audiência, deputado Fernando Krelling (MDB). “Isso impacta nos municípios, no pagamento de bolsas. Um cancelamento seria prejudicial para milhares de atletas.”
O presidente da Fesporte defendeu o diálogo entre a fundação e as federações, responsáveis pela cessão dos árbitros. “Se tem algo contra, deixamos de lado. O interesse público tem que ser superior aos interesses privados. Peço encarecidamente que venham para a Fesporte para dialogarmos”, disse.
Nascimento anunciou a possibilidade da realização do atletismo e da bocha em Jaraguá do Sul, no mês de agosto. No entanto, participantes da audiência acreditam que haverá dificuldades para a realização desse evento, por questões financeiras e desmotivação dos atletas.
Sobre o fato de ter conhecimento prévio da ausência da arbitragem em Blumenau, afirmou que “uma coisa é tomar conhecimento, outra coisa é ser informado da não ida [dos árbitros]”.
Presenças
A audiência foi acompanhada por dirigentes esportivos e paradesportivos de todo o estado, atletas e paratletas, membros do Conselho Estadual do Esporte (CED), além de vereadores. Pela Alesc, além de Fernando Krelling, participaram os deputados Camilo Martins (Podemos), Massocco (PL), Soratto (PL), Mário Motta (PSD), Ivan Naatz (PL) e Carlos Humberto (PL). Todos os parlamentares defenderam o diálogo entre a fundação e as federações.
O presidente da Federação Catarinense de Atletismo (FCA), Deraldo Opa, classificou o ocorrido em Blumenau como “inadmissível” e lamentou que o fato tenha sido politizado pela Fesporte, além de criticar a falta de diálogo da fundação. “Nossa relação sempre foi harmoniosa”, disse. “Fomos chamados de mercenários, colocaram os árbitros como bandidos.”
Alziro Golfetto, representante das federações junto ao CED, atribuiu a questão a problemas de gestão da Fesporte. “As federações estão abertas ao diálogo. Estamos esperando há um ano e meio uma reunião, e ainda não houve essa conversa.”
Claudio Pacheco, da Associação de Pessoas com Deficiência de Criciúma, atua como árbitro e afirmou que os árbitros têm que arcar com as despesas para participar das competições. “Não tenho interesse em sair da minha casa nessas condições. Não tenho que bancar a Fesporte.”
Vinicius Bion, também da CED, destacou que a Fesporte tem problemas orçamentários, de pessoal e de gestão. Ele alertou que o presidente da entidade foi informado dos problemas com a arbitragem em 1º de maio. Para o conselheiro, que é advogado, há inúmeras saídas jurídicas para resolver os problemas com a resolução da fundação.
Aline Barros, coordenadora da bocha paralímpica, afirmou que a bocha não foi respeitada. “Antes do atleta sair de casa, deveriam ter dito que não iriam ocorrer os jogos. Que isso não aconteça de novo”, disse.
Michele de Souza, ex-presidente do CED, considerou que os problemas atuais são reflexo de anos de desgaste da Fesporte. “O esporte está na UTI, sobrevive ao longo dos anos por guerreiros que estão na ponta. Precisamos melhorar a forma de contratação de árbitros. Os atletas não podem pagar isso.”
Josiane Lima, do Comitê Paralímpico Brasileiro, falou de “problemas políticos gravíssimos em relação ao diálogo da Fesporte com as federações”. Para ela, os maiores prejudicados são os atletas, que ficam comprometidos no ranqueamento e na obtenção do bolsa-atleta.
Agência AL