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04/09/2013 - 19h06min

Evento traz novas pistas sobre o desaparecimento de Paulo Stuart Wright

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Audiência Pública “Desaparecimento de Paulo Stuart Wright”. Foto: Solon Soares

Dentro da programação da Semana Paulo Stuart Wright foi realizada na tarde desta quarta-feira (4) uma audiência pública para a coleta de informações sobre o desaparecimento do ex-deputado catarinense na época da ditadura militar no país, no início de setembro de 1973. Com o apoio da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa e Comissão Nacional da Verdade, a programação temática é organizada pelo Coletivo Memória, Verdade e Justiça abordando os 40 anos do desaparecimento de PSW.

O relator do processo sobre PSW, Manoel Moraes, da Comissão Estadual da Verdade Dom Helder Câmara de Pernambuco, trouxe novidades sobre as investigações da morte do ex-deputado catarinense, que teria ocorrido na cidade de Recife. “O teatro da tortura foi na rua do Cachangá, junto com os presos políticos Mata Machado e Gildo Lacerda. Uma correção na grafia do nome de João para Paulo Stuart Wright, identificada nos registros do Sistema Nacional de Identificação (SNI), dá nova pista sobre o caso”, informou Moraes.

A presença de Wright no Nordeste estaria registrada em documentos da Ação Popular Marxista Leninista (APML), da qual era um dos dirigentes. “Os corpos de Mata Machado e Gildo Lacerda (também dirigentes da APML) foram exumados e identificados ainda em 73. Eles foram encontrados com um terceiro que seria de Paulo Stuart Wright. Porém não houve a confirmação do corpo. São episódios do chamado Teatro do Cachangá”. A ossada deste terceiro corpo também se perdeu, conforme afirmou Moraes.

“Lembro do meu pai na clandestinidade”
João Paulo Wright, filho do ex-deputado participou da audiência pública. Ele relatou a angústia vivida ao longo de 40 anos por toda a família. “As primeiras lembranças que tenho do meu pai são da clandestinidade, das visitas rápidas que ele nos fazia. Quando ele não aparecia, era um verdadeiro desespero”, disse João Paulo, um dos três filhos de Wright. Os irmãos Leila e Charles e a mãe Edimar são falecidos.

João Paulo disse que o sofrimento de 40 anos foi em doses homeopáticas e que as lembranças do pai e do episódio do desaparecimento são quase que diárias. “Lembro do dia em que minha mãe nos disse que achava que o pai estava morto”. Para ele, o ato promovido no estado em memória de Wright representa “uma grande dor de uma vida interrompida”.

A deputada Luciane Carminatti (PT) conduziu os trabalhos e destacou a importância dos eventos realizados nesta semana. “Estamos devendo muito à história catarinense, aquela que não é contada, mas escondida, e que atingiu mais de 500 pessoas em Santa Catarina, com a morte de 10 pessoas. A tarefa de perseguir a justiça e a democracia é de todos nós e se dá pelo caminho da verdade”. Ela agradeceu e muito o apoio de Pernambuco para a elucidação deste episódio da história catarinense.

Participaram do encontro Naldi Otávio Teixeira, coordenador da Comissão Estadual da Verdade que leva o nome de Wright, José Carlos Dias, presidente da Comissão Nacional da Verdade, e o deputado Sargento Amauri Soares (PDT).

Eventos nesta quinta
Na quinta-feira (5), a Comissão Estadual da Verdade promove uma audiência pública com as mulheres catarinenses que foram presas durante o regime militar, às 14 horas, no Plenarinho da Assembleia. A programação em homenagem a Paulo Stuart Wright será concluída na sexta-feira (6), com a exibição de um programa especial sobre o ex-deputado, na TV Floripa. Além dessas atividades, o Palácio Barriga Verde, sede da Assembleia, recebe durante toda a semana a exposição Direito à Memória, Direito à Verdade, com foco nos catarinenses que foram presos, mortos ou desapareceram durante o regime militar.

O homenageado
Paulo Stuart Wright nasceu em Herval d'Oeste, no dia 2 de junho de 1933. Irmão do pastor Jaime Wright, filho de Lathan Ephrahim Wright e de Maggie Belle Müller Wright, ambos norte-americanos. Stuart era diplomado em engenharia pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi deputado estadual de Santa Catarina na 5ª legislatura (1963 — 1967), eleito pelo Partido Social Progressista (PSP).

Cassado pelo Ato Institucional Número Cinco (AI-5), exilou-se no México e retornou clandestinamente ao Brasil. Preso em São Paulo na 1ª semana de setembro de 1973, não se teve mais conhecimento sobre seu destino desde então.

Em dezembro de 1985, com o fim do regime militar, uma resolução da Assembleia anulou a cassação do mandato de Wright.

Rony Ramos
Rádio AL

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