Audiência destaca necessidade de UTI neonatal em Araranguá
A necessidade de instalação de uma UTI neonatal no Hospital Regional de Araranguá que atenda à demanda do Extremo-Sul catarinense foi o tema da audiência pública promovida pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa na manhã de hoje (7), no Centro Cultural Célia Belizária de Souza. Os parlamentares vão encaminhar um documento à Secretaria de Estado da Saúde e ao Ministério da Saúde para reafirmar o pedido da comunidade.
Atualmente Santa Catarina conta com seis UTIs neonatais públicas. São duas unidades localizadas em Florianópolis, uma em São José, uma em Mafra, uma em Joinville e uma em Lages. A unidade de terapia intensiva neonatal é um setor onde são internados os recém-nascidos prematuros que correm risco de morte e necessitam de cuidados 24 horas por dia. Eles recebem assistência humanizada de equipe multidisciplinar especializada.
De acordo com o presidente da comissão, deputado Volnei Morastoni (PT), o leito da UTI neonatal é o mais deficitário da rede hospitalar de Santa Catarina. “Precisaríamos dobrar o número para atender à demanda”, disse.
Baseado em informações da Coordenadoria da Rede Cegonha no estado, o parlamentar destacou que a região do Extremo-Sul precisa implantar serviços de atenção especializados à gestante e ao recém-nascido e que o Hospital Regional de Araranguá tem condições de receber esses leitos. “A sugestão da Secretaria de Estado da Saúde é que sejam quatro leitos de UTI, quatro de UCT, para atendimento intermediário, e dois canguru. Também há a previsão de cinco leitos de UTI adulto para gestante de alto risco, um Centro de parto normal e uma Casa da gestante, bebê e puérpera”.
O proponente da audiência, deputado Manoel Mota (PMDB), destaca que é necessária uma luta conjunta para garantir a instalação da UTI neonatal no município. “É preciso um esforço coletivo de lideranças políticas, entidades e população para buscar a solução para a falta de cobertura na nossa região. Ao todo são 140 vagas para 295 municípios catarinenses. O Extremo-Sul ficou de lado nos últimos anos. Temos que reverter esse processo e desenvolver a nossa região em todos os setores, e a saúde é fundamental”.
O deputado José Milton Scheffer (PP) concorda que é necessário articular forças para atender a esta demanda da região do Vale do Araranguá. “Esta audiência é um ponto de partida necessário para o convencimento dos governos estadual e federal da necessidade dessa UTI neonatal”.
A gerente de Saúde da SDR de Araranguá, Graziela Minatto, salientou que as instalações do Hospital Regional de Araranguá foram consideradas propícias para a implantação de uma UTI neonatal por técnicos do Ministério da Saúde. “Eles já vieram nos visitar e gostaram da estrutura e do trabalho de atendimento humanizado realizado no hospital. O primeiro passo já foi dado, agora esperamos dar sequência, com reunião na próxima semana com os secretários municipais de Saúde da região”.
Conforme a representante da Comissão Intergestora dos Secretários de Saúde da região da Amesc, Patrícia Paladini, o plano de ação da Rede Cegonha, que prevê a implantação da UTI neonatal em Araranguá, deve ficar pronto até 30 de junho. “Estamos fazendo um levantamento dos indicadores de saúde da mulher e dos recém-nascidos. Na próxima semana teremos uma reunião com os prestadores de serviço e em seguida concluiremos o plano para apresentar à Secretaria de Estado da Saúde e ao Ministério da Saúde”.
O prefeito de Araranguá, Sandro Maciel, lamentou que as UTIs neonatais estejam concentradas na Grande Florianópolis e na região norte do estado. “É preciso uma melhor distribuição geográfica. Acredito que esta é uma oportunidade para que o município se torne uma referência na área da saúde”.
O secretário de Desenvolvimento Regional de Araranguá, Heriberto Afonso Schmidt, reforçou o apoio do governo estadual à causa. “É uma reivindicação importante. Às vezes nos sentimos impotentes por precisarmos de leitos e não termos, pois são vidas que precisam ser salvas”.
O encontro reuniu vereadores, prefeitos, secretários municipais da região, além de representantes de associações e entidades da sociedade civil organizada. O depoimento de Kerolin Seixas, mãe de Ana Beatriz, que faleceu em decorrência da falta de estrutura em UTI neonatal, reforçou a necessidade de leitos na região. “Precisamos de uma UTI neonatal aqui. Minha filha foi transferida para Tubarão e teve duas paradas cardíacas no trajeto. Faleceu um mês depois. Carrego esta dor até hoje e gostaria de poupar a dor de outras mães”.
Recursos
O deputado federal Jorge Boeira se comprometeu a destinar recursos por meio de emenda parlamentar no próximo ano para garantir a compra dos equipamentos da UTI neonatal de Araranguá.
Rádio AL