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19/04/2018 - 18h47min

Comissão vai tratar de diretrizes e recursos para educação no campo

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Uma comissão mista discutirá com a Secretaria de Estado da Educação (SED) e o Conselho Estadual de Educação (CEE) as diretrizes e dotação orçamentária para a educação no campo. A decisão foi tomada em audiência pública da Comissão de Educação, Desporto e Cultura (CEDC), realizada nesta quinta-feira(19), na Assembleia Legislativa.

“Chegou no CEE uma minuta com as diretrizes para elaborar uma resolução e o secretário Deschamps pediu a retirada de pauta. Já tinha sido nomeado um relator, mas ele justificou que teria de fazer ajustes”, avisou Alvete Bedin, representante do Sinte no CEE.

“As diretrizes educacionais foram para o CEE e depois retornaram para a SED para adequações e ajustes, mas já foi reencaminhado ao Conselho com os ajustes, esperamos que o Conselho agora delibere e envie para a Assembleia”, informou a professora Helena Rosa, gerente da SED.

A deputada Luciane Carminatti (PT), presidente da CEDC, alertou que o Executivo já enviou ao Legislativo a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

"A LDO já entrou aqui e vocês sabem, se não está na LDO, não tem recursos. Precisamos analisar o que está previsto para a educação do campo e daí precisamos negociar com o governo, porque a emenda terá de vir de lá para garantir a aprovação”, argumentou Carminatti.

Fechamento de escolas no campo
Segundo o professor Willian Simões, da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), campus de Chapecó, de 2002 a 2017 cerca de 30 mil escolas foram fechadas no meio rural brasileiro. Já em Santa Catarina, em 2010, havia 967 escolas da rede municipal e 199 da rede estadual no campo. Em 2017 este número caiu, respectivamente, para 698 e 179.

“Estamos vendo um intenso deslocamento de jovens para a cidade, lá eles têm o seu modo de vida desrespeitado e passam a negar a sua condição”, alertou o professor.

Juliane Pazini, da Associação de Pais e Professores da escola Padre José de Anchieta, da linha Dois Irmãos, em São Miguel do Oeste, relatou a luta da comunidade para reverter a decisão do município de fechar a escola.

“A escola tem até o nono ano e fecharam do sexto ao nono. Disseram ‘pai procure vaga na cidade que o município vai disponibilizar ônibus’. São 30 km até o centro da cidade, as crianças sairiam de casa 5h40 e retornariam às 13h. Depois do movimento a secretaria voltou atrás, foi uma vitória da resistência, a escola é o coração da comunidade, muitos pais não completaram o ensino médio e consequentemente os filhos também iriam desistir”, argumentou Juliane.

Educação no campo
Aldoir José Kraemer, professor da rede pública estadual, e Juliana Adriano, do MST, explicaram as peculiaridades da educação no campo.

“Não há como discutir a educação no campo sem discutir a questão agrária, o avanço do agronegócio vai tirando as pessoas do campo, mas a educação na cidade não leva em conta o território e a atividade econômica. Então, se a escola não leva em conta esses fatores, a educação vai levar à expulsão daquela pessoa do meio rural”, ponderou José Kraemer.

“Queremos uma educação no campo, ali no campo, a partir da realidade do campo, isso quer dizer que nós queremos continuar no campo, queremos ser alguém na vida a partir do local onde moramos, porque nós temos os mesmos direitos de quem está na cidade”, justificou Juliana.

 

Vítor Santos
Agência AL

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