Audiência colhe reivindicações de orçamento e políticas públicas para idosos em Itajaí

A inclusão de recursos no Orçamento do Estado para o custeio dos serviços voltados aos idosos, assim como das demais ações de assistência social, foi a principal reivindicação apresentada durante a audiência pública promovida pelo Fórum Parlamentar em Defesa da Pessoa Idosa da Assembleia Legislativa, em Itajaí. A audiência ocorreu ontem (25), na Câmara de Vereadores, por iniciativa da coordenadora do fórum, deputada Dirce Heiderscheidt (PMDB). A parlamentar pretende apresentar um relatório com os subsídios coletados nas seis audiências públicas regionais que o fórum está promovendo ao governador Raimundo Colombo e à presidente Dilma Rousseff, como embasamento para a elaboração de políticas públicas. O vereador de Itajaí, Marcelo Werner (PCdoB), concordou com a iniciativa: “todos sabemos que a expectativa de vida no país cresce a cada ano, precisamos trabalhar para oferecer uma boa condição de vida e estrutura de atendimento adequado nos serviços públicos”. De acordo com o último censo do IBGE, as pessoas com mais de 60 anos representam 10,5% da população de Santa Catarina, o que corresponde a quase 700 mil pessoas. No Brasil, a faixa etária da chamada terceira idade somava 14,5 milhões de pessoas em 2000 e ultrapassou 18 milhões em 2010 (12% da população). “A população idosa está crescendo. O IBGE estima que 15% dos brasileiros terão mais de 60 anos em 2020. Os idosos precisam de cuidados especiais, o que exige ações. Por isso queremos saber onde é preciso melhorar”, explicou a deputada Dirce. A diretora de Políticas Temáticas da Secretaria de Desenvolvimento Social, Leni Tessele, sugeriu à deputada Dirce a inclusão no Orçamento do Estado de políticas voltadas ao idoso. “Hoje o Estado não tem nenhuma política de atendimento ao idoso. Se a senhora conseguir incluir qualquer item, será uma grande vitória, pois não existe nada”, informou. A voluntária Belmira Aparecida Santos, 63, reivindicou apoio a familiares que precisam trabalhar e não têm condições de pagar um cuidador para tomar conta dos idosos mais dependentes. Leni concordou que a ampliação dos cuidados com os idosos dependentes merece muita atenção. De acordo com o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), 4,5% das pessoas na terceira idade terão dificuldade para exercer funções na vida diária, por isso os governos precisam criar vagas nas instituições de longa permanência. Outra reivindicação do município é a criação de um Centro Dia para o atendimento de idosos com dependência. O governo do Estado tem projeto-piloto para construir duas unidades, uma em Lages e outra em Joinville. A professora Kátia Ploner, representante do Conselho Municipal do Idoso, afirmou que a evolução da expectativa de vida, que deve chegar a 81 anos em 2050, não corresponde à melhoria da qualidade de vida. “Viver mais não significa viver melhor. Os idosos que sofrem violência e abandono não estão na melhor idade”, frisou. Ela também sugeriu que a atenção dos governos seja voltada ao idoso com dependência e à criação de serviços para o atendimento daqueles que possuem demência. Outra contribuição da professora foi a inclusão da educação gerontológica no sistema de ensino, para estimular a valorização dos idosos. A sugestão de promover a visita de idosos às crianças nas creches para contar histórias agradou a aposentada Ywonilda Ribeiro Guimarães, 75. Na opinião dela, interagindo com os idosos, as crianças vão aprender muito mais a respeitá-los. Ywonilda pediu a ampliação do número de assentos destinados aos idosos nos coletivos municipais e mais respeito dos motoristas de ônibus. A vereadora Susi Bellini (PP) prometeu dialogar sobre o assunto com a concessionária municipal de transportes coletivos. “Ainda há muito a ser feito para fortalecer as políticas públicas e diminuir a violência contra os idosos, mas estamos no caminho certo para garantir cada vez mais o envelhecimento com dignidade”, finalizou a deputada Dirce. (Lisandrea Costa)