Ato parlamentar solene marca os 50 anos do golpe militar no Brasil
Um ato parlamentar solene realizado no Palácio Barriga Verde na noite desta terça-feira (1º) marcou a passagem do cinquentenário da deflagração do golpe militar de 31 de março de 1964. Sob o tema “50 anos da Ditadura Militar, para que isso nunca mais aconteça”, o evento foi promovido pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa em parceria com o Instituto Paulo Stuart Wright (IPSW).
Diante de uma plateia formada majoritariamente por pessoas que tiveram atuação política entre 1964 e 1985, mas também por muitos jovens que não vivenciaram o período, a deputada Luciane Carminatti (PT) destacou a importância do momento para que a sociedade possa “lembrar e refletir sobre as marcas deixadas pela ditadura”. De acordo com a parlamentar, os 21 anos de governo militar foram responsáveis não só por um retrocesso nos campos social, político e econômico, mas também por mortes, violência e autoritarismo.
“Usou-se a censura para impedir avanços nas reformas urbana, eleitoral, agrária, educacional. Como seria o Brasil hoje se o golpe não tivesse ocorrido?”, ponderou a parlamentar.
Homenageados
A gestão dos militares, afirmou Carminatti, também deixou um passivo de mortes, violência e autoritarismo para a população brasileira. Somente em Santa Catarina, disse, teriam sido contabilizadas 10 mortes e desaparecimentos, além de 578 prisões. “A maioria militantes políticos ou atuando em movimentos sociais e trabalhistas”, afirmou.
Os perseguidos políticos no estado foram homenageados na figura de José dos Reis Garcia, ex-preso político blumenauense que participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores e do Partido dos Trabalhadores. Atualmente com 73 anos, ele narrou como a participação entre os quadros do Partido Comunista do Brasil (PCB) e, mais tarde, no Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) valeram-lhe diversas prisões por parte do Exército e da Polícia Federal. A primeira delas logo no primeiro dia do golpe, em 1º de abril de 1964, no banco onde trabalhava. A ela seguiram-se várias outras, ocasiões em que era alvo de choques elétricos, afogamentos, queimaduras, socos e pontapés por todo o corpo e simulações de fuzilamento. “É importante levar estes fatos até a juventude, para que tenham conhecimento da história e mobilizem-se para que algo parecido nunca mais se repita”, disse.
O outro homenageado da noite foi o IPSW, simbolizado pela sua presidente, Regina Mauro Soares. A instituição, que tem como presidente de honra o filho de Paulo Stuart Wright, João Paulo Wright, disse Regina, congrega lideranças políticas, sindicais e intelectuais em apoio aos direitos humanos e a preservação das liberdades civis. “O IPSW é um espaço de diálogo e de luta pela preservação das liberdades civis. Atuamos para que casos como a cassação e o desaparecimento de Paulo Stuart nunca mais ocorram.”
Participaram ainda do evento os deputados Jailson Lima, Dirceu Dresch e Ana Paula Lima, do PT; o vice-presidente da Câmara de vereadores de Blumenau, Roberto Tribess (PMDB); o presidente do Sindalesc, Rubenvaldo da Silva; a vice-reitora da UFSC, Lucia Helena Martins Pacheco; o presidente honorário do Instituto Paulo Stuart Wright, João Paulo Wright, além de acadêmicos e sindicalistas.
Agência AL