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Assembleia sedia lançamento do livro infantil O mundo de Oyá
O livro infantil “O mundo de Oyá”, escrito pela arte-educadora Giselle Marques, lançado nesta segunda-feira (18) na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, destaca as dúvidas e descobertas de uma menina de seis anos que usa tererês coloridos na ponta dos cabelos trançados. A obra, que é a primeira de uma triologia que a autora está produzindo, traduz o protagonismo de uma personagem negra que se destaca na literatura infantil que tem como desafio compartilhar sua história para que outras crianças negras se sintam representadas.
Com 34 páginas, narrativa simples e ilustrações delicadas de Íris Palo, a obra surgiu a partir da invisibilidade cotidiana que as crianças negras sofrem principalmente nos espaços educacionais, explica Giselle. “A falta de representatividade no universo infantil ainda é impactante quando comparado às obras na literatura com protagonistas majoritariamente de pele clara. Deixa-se explícito o não lugar de crianças de outras origens étnicas, bem como suas histórias e cultura.”
Segundo a autora, o livro é dedicado às referências femininas de sua vida: a avó Fausta, a mãe Marlei e a tia Marlete. “Elas trazem essa referência feminina tão marcante na vida de cada um de nós e pouco valorizada.”
O mundo de Oyá já está sendo adotado por escolas particulares e públicas em Santa Catarina, e procurado por editoras no Uruguai e outros países da América Latina. Gisele diz ainda que a ideia é, com o livro, estimular a implementação da Lei 11.645/08, que estabelece o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas públicas e particulares, do ensino fundamental ao médio.
A experiência de quase 20 anos como arte-educadora motivou Giselle na criação de uma obra que apresentasse características de livro paradidático. “Oyá vê o mundo através dos olhos da nossa criança interna, para ela não há problema em ouvir ‘aquela voz que fica dentro da cabeça da gente e ninguém escuta’. Não tem medo de passar por situações conflitantes para achar a resposta que tanto procura”, diz sobre o espírito livre da personagem.
O projeto tem financiamento do Sindprevs/SC (Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência do Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina), por meio do seu núcleo de gênero e raça. A pesquisa e ilustração receberam apoio do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab/Udesc). A obra pode ser adquirida entre R$ 30 e R$ 35 em livrarias em Santa Catarina e pelo site da autora: www.gisellemarquesmundonegro.com.br.
Sobre a autora
Pesquisadora associada do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab/ Udesc), é conselheira editorial da revista feminista "Valente" do Sindicato do Judiciário de Santa Catarina (Sinjusc), acadêmica da Academia de Letras e Artes de Siderópolis, membro do fórum setorial de cultura negra de Florianópolis,bailarina do grupo artístico de Florianópolis Pegada Nagô, coordenadora do Fórum da Mulher Negra Sideropolitana,coordenadora da Rede Nacional de Afroempreendedorismo em SC, membro do Instituto Afro-latino-americano de pesquisas e estudos econômicos e sociais e fundadora da Rede Nacional de Empreendedorismo Mulheres Mundo Negro.
