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12/12/2014 - 12h42min

Assembleia encerra ano de homenagens a Jorge Lacerda em Capivari de Baixo

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Ponticelli (e) e o diretor da Tractebel, José C. Minuzzo, entregam placa ao neto de Lacerda, Roberto Westrupp (centro). FOTO: Miriam Zomer/Agência AL

O Poder Legislativo catarinenese encerrou as comemorações pelo centenário de nascimento de Jorge Lacerda na noite desta quinta-feira (11), em Capivari de Baixo, no teatro do Centro de Cultura e Sustentabilidade do Parque Ambiental da Tractebel Energia, atual proprietária da Termoelétrica Jorge Lacerda. Apesar de ter governado pouco mais de dois anos (1956/1958), Lacerda colocou Santa Catarina no mapa estratégico da geração de energia com o projeto da Sociedade Termoelétrica de Capivari (Sotelca).

“Estamos reverenciando o centenário de um visionário e o cinquentenário de uma empresa parceira”, afirmou Moacir Rabelo da Silva, prefeito de Capivari de Baixo, que definiu a Tractebel como o “Papai Noel” do município. “O parque ambiental foi o último presente”, justificou.

O primeiro vice-presidente da Assembleia Legislativa, Joares Ponticelli (PP), que presidiu a sessão solene, também destacou a visão de Lacerda. “Foi um catarinense por opção (nasceu em Paranaguá/PR), se não tivesse a vida ceifada aos 43 anos chegaria ao mais alto posto da República. Juscelino Kubistchek articulava o nome dele para vice-presidente”, explicou o parlamentar.

“Ele teve a visão e visualizou o que temos hoje, a mineração, o transporte e a geração de energia. Pensou grande em uma época em que se começava o desenvolvimento industrial do país”, resumiu José Carlos Cauduro Minuzzo, diretor da Tractebel. Para Minuzzo, o ex-governador deixou dois legados, “a geração termoelétrica nacional, com duas unidades de 50 MW, e uma geração de especialistas e técnicos, que se criaram aqui (na termoelétrica), na mineração, na ferrovia e nas empresas parceiras, mais ou menos mil pessoas”, estimou.

Atualmente o complexo termoelétrico que leva o nome do ex-governador produz 850 MW, cerca de 0,65% do total da energia gerada no país, de 130 mil MW. Além disso, como utiliza carvão, um combustível fóssil, mantém estável a geração o ano todo, uma vez que não está sujeito às secas, que periodicamente reduzem a capacidade de produção das usinas hidroelétricas.

O homem Jorge Lacerda
Roberto Lacerda Westrupp, neto do ex-governador, afirmou que Lacerda discursou na Câmara dos Deputados, no Rio de Janeiro, sobre a rotina degradante dos mineiros. “É um espetáculo constrangedor visitar as casas dos mineiros, imersas em uma paisagem sem flores, com carvão em toda parte, até nos pulmões, sem que nenhuma providência seja tomada. Em Guatá (comunidade de Lauro Muller), das 200 crianças que nasceram, 170 já morreram”, denunciou na época Lacerda.

Roberto contou que o avô trabalhava muito e que isso incomodava a mulher, dona Kyrana, que morreu em agosto de 2014. “Trabalhava até de madrugada, daí discutia com a esposa por causa disso”. Também declarou que Lacerda pagava o assessor João Paulo dos Reis Veloso, que depois foi ministro dos governos militares, com o próprio salário. “Tirava do subsídio dele para me pagar”, revelou o economista ao neto do ex-governador.

Ele declarou que Lacerda repreendia os subordinados em voz baixa e em tom irônico, e que mantinha laços de amizade com udenistas e pessedistas em uma época de acirrada divergência política. “Apesar da rixa entre os partidos, ele saía de um aniversário da UDN, do doutor Paulo Fontes, para comemorar o aniversário de um pessedista, o doutor Aderbal Ramos da Silva”, exemplificou.

Testemunha ocular da história
O ex-funcionário da Termoelétrica Jorge Lacerda, Jerci Stopassoli, 75 dias, trabalhou no dia da inauguração da planta, em julho de 1965. “Têm mais dois ou três ainda vivos”, brincou Jerci, que na época era foguista. Ele descreveu para a  Agência AL um incidente ocorrido no dia da inauguração, no exato momento em que o avião do presidente Castelo Branco sobrevoava a usina.

“Caiu a rede, desarmou em algum lugar, aí abriu a válvula de segurança, foi um barulho forte, um estouro. Muita gente ficou com medo de que alguma coisa tivesse acontecido com o avião”, declarou Jerci, lembrando em seguida que Castelo morreu em um acidente aéreo.

Apesar do presidente e da comitiva ter visitado o interior da usina, inclusive o local de trabalho de Jerci, este não se aproximou de Castelo Branco. “Estava cercado de pessoas, mas o Rademaker veio até a gente e nos cumprimentou”, explicou o ex-funcionário da Sotelca, referindo-se ao almirante Augusto Rademaker, que integrou a junta militar que governou o Brasil entre 31 de agosto a 30 de outubro de 1969, durante a doença do presidente Costa e Silva.

Prestígio local
Participaram da sessão solene o vice-prefeito, vereadores e secretários municipais de Capivari de Baixo, representantes do Corpo de Bombeiros, da Apae de Capivari de Baixo, da Associação Comercial e Industrial de Capivari de Baixo, da Associação Brasileira do Carvão Mineral, da Associação dos Funcionários da Tractebel, da Votorantim Cimentos, da Ferrovia Tereza Cristina, do Rotary Clube, da Associação Vida e Arte de Tubarão e da Associação Catarinense de Imprensa.

A presença mais festejada foi a do engenheiro Rui Hulse, cuja vida está umbilicalmente ligada ao carvão. “Doutor Rui”, como é carinhosamente chamado, foi saudado pelo deputado Joares Ponticelli, que lembrou que o pai de Rui, Heriberto Hulse, era o vice de Jorge Lacerda e que assumiu o governo depois da morte do titular. “O deputado Rui Hulse já presidiu a Assembleia”, observou o parlamentar.

Lançamento de livro
Após o encerramento da sessão jornalista Moacir Pereira lançou novamente a obra “Jorge Lacerda: jornalista, humanista e estadista”. O livro traz uma coletânea de discursos, artigos, críticas do ex-governador, bem como depoimentos de intelectuais, políticos e empresários da época, além de amigos, colegas e membros do primeiro escalão do governo.

Homenagem em Brasília
Na próxima terça-feira (16), às 9 horas, a Câmara dos Deputados fará uma sessão em homenagem ao centenário de nascimento do ex-governador. Lacerda foi deputado federal por dois mandatos, na década de 50, antes de assumir o Governo de Santa Catarina, ainda quando a capital federal era Rio de Janeiro.

Vítor Santos
Agência AL

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