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Legislativo concede título ao Padre Rohr e homenageia Colégio Catarinense
O padre, professor e pesquisador João Alfredo Rohr, que se notabilizou como o “pai” da arqueologia no estado, foi homenageado na noite de segunda-feira (24), com o título de cidadão catarinense, in memoriam, outorgado pela Assembleia Legislativa. Durante a sessão solene, realizada no Palácio Barriga Verde, em Florianópolis, por iniciativa do deputado Padre Pedro Baldissera (PT), também foram celebrados os 110 anos de criação do Colégio Catarinense, instituição em que Rohr atuou.
Para Baldissera, realizar as duas homenagens em uma mesma solenidade fez todo o sentido, tendo em vista que a trajetória de Rohr e do Colégio Catarinense estão fortemente ligadas. “É impossível falar da pessoa sem falar da instituição. Tratamos aqui do ser humano que fez história, mas que também foi fruto da instituição. Um influenciando o outro, em uma enriquecedora troca construtiva.”
Nascido a 18 de setembro de 1908, no município gaúcho de Arroio do Meio, João Alfredo Rohr foi ordenado padre da ordem jesuíta em 1939, sendo posteriormente designado para lecionar no Colégio Catarinense. Na unidade de ensino, ficou responsável pelas disciplinas de Física, Química e Ciências Naturais, de 1942 a 1964. Foi lá também que se aprofundou nas pesquisas arqueológicas e, em 1954, criou um setor de etnologia indígena, fortalecendo também o museu existente com peças e artefatos descobertos em escavações realizadas em todo o território catarinense.
Em sua vida, ressaltou o padre jesuíta João Quirino Weber, Rohr também se destacou como docente e gestor educacional, tendo atuado como diretor do Colégio Catarinense durante seis anos, reitor da Comunidade dos Jesuítas e presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Primário e Secundário de Santa Catarina. Weber, que conheceu o padre pesquisador pessoalmente, lembrou do jeito “severo e austero” com que ele conduzia suas pesquisas e a forma com que procurava estimular seus alunos na condução de suas vidas. “Ele dizia que quem quer ser um cidadão ou pesquisador deve ser capaz de trabalhar, ter perseverança e simplicidade.”
A paixão pela ciência, sempre presente em sua vida, prosseguiu Weber, estendeu-se também pelo ramo da Botânica, em que deixou diversas obras publicadas e, por ocasião de sua morte, em 21 de julho de 1984, mais de 80 mil plantas catalogadas.
Outro ponto a ser destacado, disse ainda Weber, é que apesar das muitas atividades desempenhadas, Rohr nunca abandonou suas atividades sacerdotais, tendo exercido por muitos anos na capital catarinense as funções de capelão de orfanato, catequista e dirigente da Congregação Mariana. “Ele sabia unir os valores da ciência com a fé, algo que é muito próprio de nós, jesuítas, de saber valorizar o que Deus nos dá. Por tudo isso, Rohr merece nosso reconhecimento e gratidão e que nos deixemos impulsionar por esse caminho aberto por ele.”
Pedagogia inaciana
Considerado um dos expoentes da educação jesuítica no estado, o Colégio Catarinense, de Florianópolis, também foi ressaltado nos pronunciamentos realizados na noite.
Criado em 30 de agosto de 1905, sob o nome de Ginásio Santa Catarina, a pedido do então governador do Estado, Coronel Vidal de Oliveira Ramos, o “Catarinense”, como também é conhecido, iniciou suas atividades em 15 de março de 1906. Desde então, afirmou a secretária Adjunta de Estado da Educação, Elza Marinna da Silva Moretto, a instituição vem se firmando como referência no setor educacional em Santa Catarina. “Os sacerdotes e professores edificaram essa obra maravilhosa em solo catarinense, semeando e plantando uma história firmada em conceitos como ética, cidadania e apreço ao conhecimento, e cujo objetivo é construir homens e mulheres de bem.”
O sistema de aprendizagem do Colégio Catarinense, afirmou o diretor-geral da unidade, Afonso Luis Silva, está baseado na chamada pedagogia inaciana, cujos princípios remetem ao fundador da Companhia de Jesus, Inácio de Loyola, e primam pela aplicação dos conhecimentos em prol da socialização do aluno. “Nossa meta é educar para toda a vida, e isso somente é possível se todas as dimensões da pessoa forem contempladas – espiritual, psíquica, somática e social.”
Ainda citando Inácio de Loyola, Silva reafirmou os compromissos consagrados na educação jesuíta. "Que possamos continuar promovendo uma educação de qualidade, que possibilite não só formar pessoas de sucesso, mas cidadãos dignos, comprometidos com a sociabilidade, a sustentabilidade e a paz."
Homenageados
Durante a sessão também foram homenageadas as entidades e personalidades que contribuíram para o desenvolvimento do Colégio Catarinense.
- Padre Nereu Fank, representando a Comunidade Jesuíta João Paulo II;
- Padre Vanderlei Backes, representando a Associação Antonio Vieira;
- Simara Nienkötter de Vicenzi, representando a Associação de Pais e Professores do Colégio Catarinense;
- Arcebispo metropolitano, Dom Wilson Tadeu Jönck, representando a Cúria Metropolitana de Florianópolis;
- Afonso Luiz Silva, diretor-geral;
- Jane Lúcia Pedro, diretora acadêmica;
- Fábio Luiz Marian Pedro, diretor administrativo;
- Padre João Quirino Weber, assessor espiritual;
- Luiz Henrique de Souza Neves, coordenador da Unidade de Ensino II;
- Marcos José de Andrade, coordenador adjunto da Unidade de Ensino II;
- Valmir Luiz Delfes, coordenador da Unidade de Ensino I;
- Louisa Carla Farina Schröter, assessora acadêmica;
- Pedro Giovani Baesso, orientador pedagógico;
- Marcos Lacau da Silveira, coordenador de atividades complementares;
- Maria Luiza Perico, professora de Inglês;
- José Ilto Bittencourt, supervisor da seção de serviços gerais;
- Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado de Santa Catarina (Sinepe-SC);
- Associação Nacional de Educação Católica do Brasil (Anec).
- O deputado Padre Pedro Baldissera, por sua vez, recebeu do Colégio Catarinense a Homenagem Inácio de Loyola.
Agência AL
