Assembleia apoia curso de capacitação sobre Síndrome de Down
A inclusão escolar das pessoas com Síndrome de Down é o foco do curso de capacitação que ocorre hoje (27), no auditório Deputada Antonieta de Barros, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. O evento, organizado pela Associação Amigo Down, de São José, com apoio da Comissão de Defesa dos Diretos da Pessoa com Deficiência, reúne familiares, voluntários e profissionais das áreas de saúde e educação. A iniciativa partiu do vice-presidente da comissão, deputado José Milton Scheffer (PP).
Para o presidente da comissão, deputado José Nei Ascari (PSD), a capacitação dos profissionais é imprescindível para ampliar o debate e ajudar a combater a discriminação. “As pessoas com mais informações estarão mais preparadas para enfrentar o preconceito que ainda é, lamentavelmente, muito forte. Também estarão preparadas para potencializar o desenvolvimento pleno da pessoa com Down”.
Na opinião da presidente da Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE), Rose Bartucheski, a discussão sobre inclusão e acessibilidade está relacionada à luta por uma sociedade mais igualitária, justa e humana. “Precisamos visualizar um mundo diferente, em que as pessoas com deficiência estejam no mercado de trabalho, nos espaços de lazer, com autonomia e independência”, disse. Esta visão é compartilhada pela representante da Secretaria de Estado da Educação, Silvana Maria da Silveira Flores. “Todos os alunos precisam de inclusão, precisam ter seu espaço respeitado na escola e na sociedade”, frisou.
Trabalho em equipe
De acordo com a médica geneticista Gisele Rozone de Luca, representante da Sociedade Catarinense de Pediatria e do Hospital Infantil Joana de Gusmão, o atraso no desenvolvimento neuropsicomotor da pessoa com Síndrome de Down é decorrente da hipotonia muscular, que é a redução do tônus muscular. “Está relacionada à aquisição motora, de fala e linguagem, intelectual. Por isso, percebemos que eles são mais lentos na aprendizagem”, explicou.
Para desenvolver as potencialidades das pessoas com Down, segundo a médica, é fundamental um trabalho integrado de acompanhamento feito por uma equipe interdisciplinar em parceria com os familiares. “Assim, a criança tem condições de alcançar progressos significativos. É importante saber que ela tem seu ritmo próprio, mas consegue”.
Processo de inclusão
A família e a escola, como instituições de socialização, têm um papel essencial na formação da identidade das crianças com Down e no processo de inclusão, conforme a psicóloga Vânia Coelli Ferreira Lins. “Através delas é que as crianças vão se perceber capazes, seguras, e, dentro de suas limitações, vão conseguir desenvolver suas potencialidades. Todos somos protagonistas da nossa própria história. E isso vale também para as pessoas com Down”, ressaltou a palestrante .
De acordo com a psicóloga, pais e professores precisam ser sensibilizados para fazer o acolhimento adequado. “É difícil, porque eles não estão preparados para lidar com essa situação. O olhar tem que ser centrado na criança, e não na síndrome. Temos que saber o quanto podemos contribuir para ajudá-la a alcançar um desenvolvimento pleno”, salientou Vânia. “Além disso, temos que respeitar o tempo de reação da pessoa com Down, visto que o seu processo mental é mais lento. E amar, não mimar. Assim como toda criança, eles precisam de regras e limites para aprender a conviver em sociedade”, complementou.
Nutrição e qualidade de vida
A nutricionista Rita Helena Rabelo Martins destacou que a alimentação é determinante para a saúde das pessoas e, por isso, a escola deve estar comprometida com a educação alimentar. “O ato de comer é uma atividade social. E a infância é o momento crucial para tratar desse assunto, para que as crianças absorvam as informações e tenham uma vida adulta mais longa e com mais qualidade”.
No caso das pessoas com Síndrome de Down, há uma preocupação relacionada à prevalência de sobrepeso e obesidade. “É importante trazer este tema à tona porque o sobrepeso encurta a expectativa de vida e aumenta as chances de desenvolver problemas cardíacos e outras comorbidades, como a hipertensão e problemas articulares”, disse.
Conceito
A síndrome de Down é uma alteração genética ligada ao excesso de material cromossômico que ocorre, em média, em 1 a cada 800 nascimentos. É a primeira síndrome a ser descrita na espécie humana, a mais frequente e a de maior incidência. Ela decorre de um acidente genético, aumentando a incidência com o avanço da idade materna. No Brasil, de acordo com as estimativas do IBGE realizadas no censo 2000, existem 300 mil pessoas com síndrome de Down.
O tipo mais comum da síndrome, que ocorre em cerca de 95% dos casos, é a trissomia livre. Mas também há a translocação e o mosaicismo. Diferentemente dos 23 pares de cromossomos que constituem, na maioria das vezes, o genótipo do ser humano, no caso da síndrome de Down há um material cromossômico excedente ligado ao par de número 21. Por isso, também é conhecida como trissomia do 21. A trissomia livre ocorre quando a constituição genética dos indivíduos é caracterizada pela presença de um cromossomo 21 extra em todas as suas células. (Ludmilla Gadotti)
Programação
13h30 - Avaliação Psicopedagógica e o Processo de Inclusão (psicopedagoga Lucimara Maia da Silva)
15h - intervalo
15h45 - Discussão sobre relatos nas escolas e a inclusão (coordenadora Mariângela Volpato e Psicopedagoga Lucimara Maia da Silva)
17h - Reflexões sobre a inclusão e os direitos dos alunos
18h – encerramento
Rádio AL