Alunos de Ituporanga desconhecem cursos técnicos profissionalizantes
Pesquisa feita com 528 alunos do ensino médio de Ituporanga mostrou que mais de 60% desconhecem a área de atuação dos cursos técnicos profissionalizantes. “Fiquei surpreso, os estudantes não sabiam o que faz o técnico em topografia ou em automação industrial, temos de informar nossos alunos”, concluiu o vereador Leandro Heinzen, que coordenou a pesquisa no município e apresentou-a durante audiência pública da Comissão de Educação, que tratou do acesso ao ensino técnico e de acessibilidade. O encontro foi requerido pelo deputado Jailson Lima e realizado na tarde de sexta-feira (4) no pavilhão de seminários da 22ª Festa Nacional da Cebola, em Ituporanga, Alto Vale do Itajaí.
De acordo com a pesquisa, 22% dos entrevistados desejam frequentar curso técnico na área de confecções, 15% em mecânica e 42% em administração e comércio. “É a nossa realidade”, explicou Leandro. Além disso, a pesquisa constatou que 188 alunos não conhecem o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico (Pronatec), 258 não sabem que há ajuda de custo para quem frequenta cursos do Pronatec e 212 indicaram que têm dificuldades com transporte.
Conforme o presidente do Sindicato dos Técnicos Industriais (Sintec), Lino Gilberto da Silva, apenas 1,2 milhão de brasileiros frequentam cursos técnicos. Segundo Graziela da Silva Branco, o Serviço Nacional da Indústria (Senai) ofereceu em 2013 o curso de jovens aprendizes e atualmente ministra aulas de eletricista para 30 jovens de Ituporanga e região. “Mais de 70% deles estão contratados”, declarou Graziela, ressaltando a alta empregabilidade dos técnicos.
Em Rio do Sul, cidade distante cerca de 40 quilômetros de Ituporanga, o Senai disponibiliza para os jovens da região curso técnico de Mecânica, com dois anos de duração. O representante do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Gilmar Antônio Zanluchi, argumentou que o Senar não possui vínculo com educadores, mas atua em cooperação com as entidades ligadas ao agronegócio. “Temos um portal de Educação a Distância (EaD) e oferecemos treinamentos, como por exemplo manuseio de agrotóxicos e empreendedorismo rural”, descreveu Zanluchi.
Quando ao Serviço Nacional do Comércio (Senac), Ivan Demarchi relatou que em 2013 foram treinados 90 trabalhadores do comércio de Ituporanga. Demarchi ainda informou que em Rio do Sul o Senac oferece o curso técnico de administração e que atualmente, dos 1,1 mil alunos inscritos nos diversos cursos ofertado no Alto Vale, 283 pertencem à região de Ituporanga. A expectativa para 2014, segundo o diretor do Senac, é oferecer mais 180 vagas para a região da cebola.
Já o prefeito de Ituporanga, Arno Alex Zimmermann Filho, revelou que o Senai, Senac e Senar são parceiros da prefeitura e lembrou que o município banca o transporte de alunos que frequentam cursos técnicos em Rio do Sul, além de co-patrocinar os cursos ofertados no município. “Estamos cumprindo nosso dever. A qualificação dignifica a vida e o salário é maior”, resumiu.
Acessibilidade
Paralelamente à discussão sobre as oportunidades de ensino técnico, os participantes da audiência pública também assistiram a uma palestra sobre acessibilidade. Ricardo Mesquita, arquiteto e especialista em acessibilidade, lembrou que as cidades se constituem em verdadeiras armadilhas para as pessoas com deficiência, uma vez que até as calçadas são inclinadas para favorecer o acesso dos automóveis às garagens, além de abrigarem postes de eletricidade, placas de trânsito, telefones públicos, vendedores e outros objetos e serviços que dificultam e até mesmo impedem a locomoção dos deficientes.
Conforme observou Mesquita, até a Via Sacra, em Jerusalém, recebeu uma pavimentação mais segura para evitar acidentes nos peregrinos. O especialista em acessibilidade defendeu a não concessão de alvará, pelas prefeituras, para obras não acessíveis e cobrou de prefeitos e vereadores melhorias nas vias públicas para facilitar o deslocamento dos deficientes.
Acordo de Cooperação Técnica
Durante a audiência pública, a Câmara de Vereadores de Ituporanga e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Santa Catarina (Crea/SC) assinaram Acordo de Cooperação Técnica com o objetivo de editar uma cartilha de orientação sobre acessibilidade. Já a Câmara de Vereadores assumiu o compromisso de criar uma comissão permanente de acessibilidade.
Bíblia em braile
Jailson exibiu aos presentes à audiência um dos 48 volumes da Bíblia em braile. “Em Petrolândia cumprimentei um garoto cego, Pedro Capello, que me pediu uma bíblia em braile. Imaginem a dificuldade que foi conseguir, porque não é apenas um livro, são seis caixas”.
O deputado explicou que o menino desejava ter acesso ao conhecimento bíblico, mas a versão em braile dos livros sagrados do judaísmo e do cristianismo não é encontrada nas bibliotecas da UFSC, Udesc e dos municípios. “Faz parte da acessibilidade”, comparou o deputado.
Agência AL