Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina Agência AL

Facebook Flickr Twitter Youtube Instagram

Pesquisar

+ Filtros de busca

 
Assistir
19:30 Em Discussão

Cadastro

Mantenha-se informado. Faça aqui o seu cadastro.

Whatsapp

Cadastre-se para receber notícias da Assembleia Legislativa no seu celular.

Aumentar Fonte / Diminuir Fonte
26/09/2019 - 14h22min

Alesc promove seminário de capacitação sobre autismo em Jaraguá do Sul

Imprimir Enviar
Egon Frantz, neurologista pediátrico
FOTO: Rodolfo Espínola/Agência AL

Jaraguá do Sul sediou nesta quinta-feira (26) uma capacitação para profissionais que trabalham no atendimento às pessoas autistas. O seminário “Autismo e seus Desafios” foi promovido pela Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e pela Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, reunindo mais de 400 pessoas da região nordeste do Estado e teve como grande meta ampliar a inclusão de quem tem a condição.

Presidente da comissão, o deputado Doutor Vicente Caropreso (PSDB) citou que ainda existem muitas dúvidas sobre as legislações nacional (Lei 12.764) e estadual (Lei 13.036/2013), que instituíram as políticas brasileira e catarinense de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Dois fatores diretamente responsáveis por isso são a desinformação e a ignorância sobre o assunto. As medidas proporcionaram que os autistas passem a ser considerados oficialmente pessoas com deficiência, tendo direito a todas as políticas de inclusão do país, incluindo as de Educação.

Para acabar com as dúvidas, o colegiado já promoveu 22 eventos em Santa Catarina. “Temos pelo menos mais dois grandes [sobre autismo] até o final do ano e pelo menos mais seis que incluem outras temáticas. Já ouvimos mais de 16 mil pessoas por meio de encontros como esse”, informou o parlamentar. 

O próximo será na segunda-feira (30), no campus da Univali, em Balneário Camboriú. O encontro desta quinta-feira foi realizado em parceria também com a Associação Catarinense de Autismo (Asca), Fundação Catarinense de Autismo, Prefeitura Municipal de Jaraguá do Sul e Associação dos Amigos Autistas de Jaraguá do Sul.

Segundo a presidente da Associação dos Amigos do Autista de Jaraguá do Sul (AMA), Leila Modro, a instituição atende 110 autistas e a APAE “cerca de 80”. Mas ela acredita que exista um número maior ainda, pois os diagnósticos nem sempre são detectados. “A importância do seminário é justamente para que professores, psicólogos e pedagogos que trabalham com as crianças possam ter a sensibilidade de perceber certos comportamentos típicos do TEA.” São sutilezas que, no dia a dia, se consegue perceber antes de encaminhar a criança a um psiquiatra infantil ou a um neurologista infantil fazerem o diagnóstico e confirmar ou não se existe a doença.

Na parte da manhã o neurologista pediátrico Egon Frantz fez uma palestra aos presentes. Pouco antes, ele atestou que o diagnóstico precoce é extremamente importante. “Hoje se procura fazer abaixo de dois anos de idade, o que leva a um desenvolvimento adequado. No Brasil, infelizmente, ainda é feito aos seis anos de idade.”

De acordo com o especialista, os pais devem estar atentos a algumas características para procurar um médico o mais cedo possível, principalmente na questão da ausência de fala ou dificuldades de linguagem, ou se a criança perde no início da vida alguma das qualidades sociais, como ir no colo, de olhar para a pessoa que está próxima a ela, ou complicações para fazer uma alimentação adequada. “Já existem pequenos sinais abaixo de um ano de vida, mas ainda existe o grande mito de aguardar o tempo da criança. Isso é um erro.”

Deste modo, disse Frantz, capacitar professores e profissionais da área é de extrema importância, para que eles tenham um pouco de entendimento das características como o isolamento social, dificuldades de alimentação, brincar mais sozinho, entre outros sintomas, pois às vezes os pais não têm a observação clínica, até pelo tempo que a criança passa na escola.

Superação
A palestra da tarde teve um convidado muito especial. O escritor, palestrante, radialista, instrumentista e cantor Marcos Petry, que é autista de alto funcionamento, veio dar um grande exemplo de superação. Nascido na cidade de Vidal Ramos, o jovem orienta profissionais das mais diversas áreas  sobre o atendimento adequado  a pessoa com autismo para que a inclusão ocorra de forma adequada.

Graduado em Comunicação, ele possui pós-graduação em Design Gráfico e Produção Publicitária pela Unidavi, Petry é fluente em inglês, alemão e espanhol e, desde 2016, passou a ser um ativista por meio de seu canal no Youtube “Diário de um Autista”, o que resultou em muitos convites para palestras com temas como “Superando dificuldades” e “Possibilidades dentro do autismo”. Em 2016 ele escreveu o livro “Contos de Meninos e Meninas, Contos de Homens”.

Segundo ele, para interagir com autistas há algo essencial. “É preciso interagir da maneira que a pessoa quiser, que achar mais conveniente, mas sempre observando as respostas do autista, para que ele possa te entender. O autista pensa um pouquinho mais demorado. Em média, seis segundos a mais para prestar atenção no que tu estás fazendo. Então, você precisa esperar um pouco, observa e aí depois o autista vai te dar uma reação e vocês dois vão ter uma interação conjunta”, explicou.

Sobre a capacidade que teve para superar pré-conceitos e as eventuais limitações que o autismo pode gerar, Petry comentou que é necessário crer mesmo. “Por que nós somos tudo o que temos para começar a resolver o problema. E, depois, externalizar esse problema para alguém que a gente ache que possa nos ajudar. Alguém que ande ao nosso lado, que entenda nossas dores e transforme a dor em potencial, junto conosco”, finalizou.

 

Voltar