Alesc homenageia os 20 anos da Acolhida na Colônia
Na véspera dos 20 anos da Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia, uma sessão especial da Assembleia Legislativa reconheceu, na noite de segunda-feira (17), o sucesso da entidade. Surgida em Santa Catarina, a iniciativa hoje está presente também em São Paulo e Rio de Janeiro, promovendo a complementação de renda para pequenos agricultores familiares, o turismo rural e a preservação do meio ambiente.
De acordo com Thaize Costa Guzzatti, cofundadora da entidade, a associação atua em mais de 100 propriedades de 24 municípios catarinenses com pequenas pousadas e restaurantes, oferecendo o turismo pedagógico, com uma diversidade de produtos e serviços para os visitantes. Os trabalhos acontecem em municípios com pouco mais de 2 mil habitantes, como Santa Rosa de Lima e Anitápolis, com cerca de 3 mil. “Mas a média fica entre 3 mil a 10 mil, no Vale do Itajaí, Serra, Oeste, Norte, Sul e até no litoral, com agricultores de Itapema e Florianópolis”, contou.
“A vida no campo é árdua. Às vezes, a gente tem na cidade uma visão de que no campo é uma vida bucólica, tranquila, mas a vida no campo é pesada. O trabalho do agricultor é pesado e incerto. Sou agrônoma e, por décadas, acompanhei os agricultores tendo que sair de suas propriedades”, explicou. Segundo ela, a associação surgiu também para dar uma oportunidade para as pessoas da cidade conhecerem o campo e valorizarem mais esse trabalho “tão difícil de produção de alimentos sem agrotóxico”.
Os resultados nessas duas décadas foram, de acordo com a agrônoma, mais do que o esperado. “Não é fácil hoje uma pequena associação resistir no país. E, em 20 anos, a gente não só resistiu como ampliou. Atualmente são seis associações legalmente constituídas. Estamos em municípios onde o turismo nunca nem foi um sonho. São pequenas cidades que não tinham hotéis, restaurantes, alguns não tinham nem acesso asfáltico. Então, desenvolver turismo, conseguir construir uma dinâmica que permita as pessoas irem para esses lugares é um desafio muito grande”, comemorou. Na opinião dela, o ato na Alesc é um reconhecimento do esforço desses agricultores. “É emocionante e tem um peso muito forte para eles a homenagem.”
Proponente da sessão especial, o deputado Padre Pedro Baldissera (PT) contou que o ato é um reconhecimento que o Poder Legislativo catarinense faz à associação “pelo extraordinário trabalho que eles vêm fazendo ao longo desses 20 anos". Para ele, o importante é reconhecer os valores que estão sendo recuperados na interação entre os agricultores e os turistas. “São saberes que estão sendo socializados no dia a dia, do encontro entre eles, que vivem na colônia, na agricultura familiar e camponesa, e as outras famílias que os visitam. Desta forma, acaba sendo feita a defesa de algo que eu julgo extremamente importante que é a questão do meio ambiente, além de ser um trabalho na construção da dignidade e da qualidade de vida da nossa população”, avaliou.
Proprietária do sítio Vida Nova, em Presidente Nereu, no Vale do Itajaí, Luzia Cuzik é agricultora e coordenadora técnica da associação na região de Ibirama. Ela disse que, após ter entrado para a Acolhida na Colônia, tudo mudou na sua propriedade. “O trabalho que nós mulheres fazemos teve mais valor. Hoje a gente consegue vender nossos produtos e realizar nossos pequenos sonhos, por que viver só da agricultura, ou da monocultura, pois na nossa região é fumo, arroz ou feijão, é muito difícil”, argumentou.
Para ela, a nova atividade é mais leve e diversificada. “Abrimos nossas casas, não precisamos construir chalé ou hotel. E as pessoas vêm, tem aquela conversa, troca de receitas, todos vão para a mesa juntos fazer uma alimentação, as crianças participam. Preenche um pouco a vida da gente e melhora financeiramente, além de gerar a economia solidária, pois o que não produzimos, pegamos com os vizinhos que produzem, e os alimentos são limpos, livres de veneno”, destacou.
Durante a sessão foram homenageadas pessoas ligadas à Acolhida na Colônia. Confira abaixo os nomes de quem foi prestigiado:
Coordenadores técnicos:
- Thaize Costa Guzzati;
- Ricardo de Souza Carvalho (PP), prefeito de São Bonifácio;
- Salesio Wiemes (PT), prefeito de Santa Rosa de Lima;
- Dilmo Israel, coordenador geral da Associação de Agroturismo Serra Catarinense;
- Terezinha Israel de Souza, coordenadora geral da Associação de Agroturismo Serra Catarinense;
- Valnério Assing, coordenador geral da Associação de Agroturismo Encostas da Serra Geral;
- Rosangela Bonetti Vanderlinde, coordenadora geral da Associação de Agroturismo Encostas da Serra Geral;
- Karin Schreiber, coordenadora geral da Associação de Agroturismo Vale dos Imigrantes;
- Edi Lunelli, coordenador geral da Associação de Agroturismo Vale das Tradições;
- Luzia Cozik, coornadora geral da Associação de Agroturismo Vale das Tradições;
- Daniele Lima Gelbcke, assessora técnica da Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia;
- Marinês Walkowski, assessora técnica da Associação de Agroturismo Acolhida na Colônia;
Apoio ao desenvolvimento da Acolhida na Colônia:
- Claudia Maria Schmitz, Urubici;
- Adelfia Roesner Berkenbrock, São Bonifácio;
- Sônia Maria Abatti, Aurora;
- Lucia Alves Meyer, Anitápolis;
Entidades:
- Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri);
- Consórcio Intermunicipal Quiriri;
- Cresol;
- Serviço Social do Comércio (SESC);
- Associação dos Agricultores Ecológicos das Encostas da Serra Geral (AGRECO);
- Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio Comunitário (IBEAC);
- Brazil Foundation;
Amigos da Associação:
- Kátia Ahrens;
- Yolanda Flores e Silva;
- Vanice Bazzo Schmidt;
- Daiana Bastezini;
- Ana Paula Lima;
- Joacir Sevegnani;
- Ari Pritsch;
- Wilson Schmidt (in memoriam);
- Odair Baumann (in memoriam)