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04/09/2020 - 19h02min

Alesc encerra 5º Congresso de Aleitamento Materno

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O 5º Congresso Catarinense de Aleitamento Materno terminou nesta sexta-feira (4) reforçando a importância da prática para um bom desenvolvimento dos bebês, com reflexos até a vida adulta, e os efeitos ecológicos e ambientais da amamentação exclusiva com leite humano até pelo menos os seis meses de idade. Mediado pelo médico pediatra Cecim El Achkar, o evento reuniu nomes de peso, em mais uma edição do evento, desta vez de forma virtual, por causa da pandemia da Covid-19.

Para a médica pediatra Maria Beatriz Reinert, a amamentação é um “investimento inteligente”, que garante saúde da criança e da mãe, melhor desenvolvimento cognitivo, incremento na aprendizagem e escolaridade e, com isso, uma força de trabalho mais produtiva, o que gera um impacto positivo para a sociedade. “Mas, para que o efeito persista ao longo do tempo, é preciso que fique algum tipo de marca no organismo”, afirmou Maria Beatriz.

Ela explicou que os microrganismos presentes no leite materno interagem com os que existem no corpo do bebê – e essa interação leva a mudanças permanentes nesta “população”. “O leite materno fornece continuamente bactérias benéficas para o bebê”, garantiu a pediatra.

O impacto positivo é a diminuição de riscos de 25% de sobrepeso, 35% de diabetes tipo 2, 19% na leucemia infantil e 68% de problemas de oclusão. “Por isso os hábitos alimentares na infância são tão importantes”, destacou Maria Beatriz.

Ecologia e amamentação
O pediatra Marcos Renato de Carvalho, especialista em amamentação, trouxe ao debate os efeitos ecológicos e ambientais do aleitamento materno. “Amamentar é um ato ecológico. O leite materno é um recurso natural renovável, orgânico, fisiológico e sustentável”, afirmou Carvalho. “Já o leite de vaca, principalmente a Fórmula Infantil, é alimento ultraprocessado, artificial, contaminado, fruto de desmatamento, caro, perigoso e deixa uma enorme pegada ecológica”, comparou.

Carvalho apresentou outras comparações para dar a noção dos impactos ambientais do uso do leite processado industrialmente na dieta dos bebês. “A emissão de CO2 gerada na produção de cada quilograma de fórmula equivale a 44 quilômetros rodados por um carro.”

Além desse dado, o pediatra ainda revelou que o custo ambiental do uso de fórmula por seis meses é o mesmo que carregar um aparelho celular por 25,5 mil vezes. “Alimentar um milhão de crianças por dois anos com fórmula significa usar 150 milhões de latas, ou 23 mil toneladas de metal.”

Apoio às mães
De alguma forma, todos os participantes do evento nesta sexta-feira afirmaram que o apoio à mãe que amamenta é imprescindível. Para isso, é essencial uma rede que vai da família aos profissionais de saúde que atendem essa mãe desde o pré-natal.

“Mulheres amparadas por rede de apoio amamentam por mais tempo”, afirmou Marcos Renato de Carvalho. “Precisamos também de políticas públicas pró-amamentação”, completou.

Na visão do pediatra José Martins Filho, “amamentar é o maior desafio da vida de uma mulher do século 21, porque depende dela e da rede de apoiadores: companheiro, pai, mãe, avós, padrinhos e profissionais de saúde”. Martins, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em São Paulo, destacou a necessidade de apoiar as mães e se mostrou preocupado com a falta de ambulatórios de puericultura nas faculdades de medicina.

Puericultura é o conjunto de noções e técnicas voltadas para o cuidado médico, higiênico, nutricional, psicológico, entre outras, das crianças pequenas, da gestação até quatro ou cinco anos de idade.

O último dia também contou com a participação dos pediatras Sulivan Mota e Jayme Murahovschi e do epidemiologista Cesar Victora. Murahovschi contou sua experiência na saúde pública e de como um estudo feito há algumas décadas com mil mães e bebês apontou que a mortalidade infantil era causada basicamente por pobreza, falta de saneamento básico e desmame precoce. Isso o levou a desenvolver em Santos (SP) programas de aleitamento materno que ajudaram a reverter o quadro.

Outro estudo conduzido por ele apontou que a curva de crescimento das crianças pobres amamentadas exclusivamente com leite materno era “exatamente a mesma” de crianças com melhor nível socioeconômico.

Próxima edição
O 6º Congresso Catarinense de Aleitamento Materno está marcado para maio de 2021. A data foi escolhida porque em Santa Catarina a Lei 17.832/2019 criou a campanha Maio Branco, de estímulo à doação de leite materno.

 

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