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04/10/2019 - 17h42min

Alesc debate na serra catarinense os desafios do meio ambiente

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FOTO: Solon Soares/Agência AL

O penúltimo dos sete seminários Meio Ambiente e Sociedade 2019, promovido pela Assembleia Legislativa para debater os desafios da sustentabilidade, ocorreu nesta sexta-feira (4), em Lages. Três palestras sobre temas de interesse da região serrana, além da divulgação de projetos voltados para o tema que tem gerado resultados positivos na região, marcaram a programação.

Proponente do seminário na Comissão de Turismo e Meio Ambiente, o deputado Padre Pedro Baldissera (PT) explicou antes do início das atividades da manhã que a ideia é tratar de um tema mais atual do que nunca, com as questões ambientais que envolvem não só Santa Catarina e o Brasil, mas todo o planeta. “Temos que tratar dos impactos que muitas das ações humanas geram com relação ao planeta. Levar uma reflexão e, ao mesmo tempo, uma conscientização de que temos que criar relações de harmonia com o ambiente”, comentou o parlamentar, que preside o Fórum para Preservação do Aquífero Guarani e das Águas Superficiais, também promotor do evento junto com a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira, projeto Rede Guarani Serra Geral, Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), CNBB Regional Sul 4 e Cáritas Santa Catarina.

Baldissera citou que só em Santa Catarina há “graves problemas” que exigem ações conjuntas entre o Parlamento, os governos do Estado e dos municípios, a sociedade civil organizada e as universidades. Ele citou como exemplo as barragens, a questão do carvão mineral e do xisto. “Cada seminário debateu os fatores locais. Aqui na Serra, por exemplo, temos o afloramento do Aquífero Guarani. E, felizmente, aprovamos na Assembleia Legislativa um projeto de lei para demarcar onde ele aflora e o governo do Estado está, neste momento, demarcando toda a região.”

A primeira palestra foi do geógrafo e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luciano Augusto Henning. Ele atua junto ao Projeto Rede Guarani Serra Geral, que estuda as águas subterrâneas do Oeste do Estado e une, além da UFSC, a Universidade do Planalto Catarinense (Uniplac), Universidade do Oeste de Santa Catarina (Unoesc), Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó), Universidade Regional de Blumenau (Furb), Universidade do Contestado (UnC) e Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri).

“Vim para falar sobre o ciclo da água e das águas subterrâneas e sua importância para Santa Catarina, e da preocupação com a contaminação dessas águas”, citou. Na avaliação do pesquisador, é fundamental manter a preocupação e buscar formas sustentáveis de preservação do aquífero, pois “as águas superficiais já estão contaminadas”. Algo alarmante para um estado que é o maior produtor de proteína animal do planeta. “E para criar frangos e suínos precisa-se de muita água de boa qualidade. Nossa economia depende dos recursos hídricos.”

A segunda palestra foi ministrada pelo pesquisador independente Marcos Aurélio Espíndola, que tratou de outro assunto impactante. Segundo ele, existe uma forte relação dos desastres ambientais com a produção de energia. Em sua fala, Espíndola destacou é inegável a existênciade de uma forte potencialidade na produção energética, principalmente de caráter hídrico, como nas barragens – tanto as hidrelétricas quanto para contenção de cheias ou mineração. “Mas isso pode ao longo prazo produzir desastres, gerar ecocídios, como o da barragem de Barra Grande, aqui na região. Lá foi cometido um ecocídio de uma floresta de araucária, simplesmente suprimida graças a uma fraude no relatório de impacto ambiental.”

Na parte da tarde, a última palestra foi feita por Márcio Andrade, pesquisador do Departamento de Geociências da UFSC, que falou sobre soluções para um desenvolvimento sustentável. “Não aquele feito a todo custo, onde você extrai, tira todas as riquezas. Mas um que possa ser de convivência harmoniosa entre homem e natureza.” A principal alternativa é usar a capacidade de a sociedade se antecipar aos problemas.

“Isso vai fazer com que nossa vulnerabilidade seja menor, por exemplo, às mudanças climáticas. A humanidade está explorando como nunca os recursos naturais, tanto no aspecto quantitativo como no qualitativo. Está contaminando a água, por exemplo. Isso tem gerado menor precipitação de chuvas em alguns locais e, em outros, uma precipitação maior. Vamos ter eventos críticos que tendem a se agravar, muita chuva e estiagens prolongadas, frio e calor cada vez mais intensos”, destacou. Para Andrade, é necessário utilizar as energias renováveis ao nosso favor. “E o Brasil tem grande vantagem, pois está entre os trópicos de Câncer e de Capricórnio, ao contrário dos Estados Unidos e da Europa. Podemos gerar energia do sol, do vento, do mar e da biomassa.”

A etapa final do seminário em Lages foi a apresentação de experiências vitoriosas locais. A Udesc trouxe detalhes sobre o projeto Lixo Orgânico Zero, que realiza e vem expandindo para outras instituições da cidade, como a rede de ensino, o presídio e o batalhão do Exército. A Uniplac, por sua vez, destacou a constituição das cooperativas de catadores na região da Associação de Municípios da Região Serrana (Amures). Também mereceram destaque o Projeto Rios Comunidade Rio Itapuã, promovido pela Cáritas e Comissão de Direitos Humanos de Lages; um trabalho do campus local do Instituto Federal de Santa Catarina sobre tecnologias de informação e comunicação como fator de integração urbana nas questões ambientais; e outro em conjunto entre a Fundação Matias Machline, Fundação Instituto Nereu Ramos e a Marcha Mundial de Mulheres, que trata de economia solidária por meio de artesanato de pedra ferro, que é realizado no bairro Dom Daniel, em Lages.

Antes de chegar à serra catarinense, a série de debates passou por Florianópolis, Itapema, Anchieta, Salto Veloso e Papanduva. A próxima deve acontecer em Criciúma em data ainda a ser confirmada

 

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