Alesc debate efeitos do acordo entre Mercosul e União Europeia para SC
FOTO: Rodolfo Espínola/Agência AL
O acordo comercial firmado entre o Mercosul e a União Europeia este ano, seus efeitos e perspectivas para o Brasil e, principalmente, para Santa Catarina, foram o tema principal de um seminário realizado na noite desta sexta-feira (27) em Blumenau. O evento – promovido pela Comissão de Relacionamento Institucional, Comunicação, Relações Internacionais e do Mercosul, por meio da Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira e em parceria com a Universidade Regional de Blumenau (Furb) – reuniu especialistas, empresários, gestores públicos, alunos e professores interessados no tema em um dos auditórios da Furb.
Para o deputado Ivan Naatz (PV), proponente do seminário, o evento foi uma oportunidade de iniciar o debate sobre os reflexos do acordo no Estado, que tem um mercado exportador e importador de qualidade que, na visão do parlamentar, precisa ser fomentado.
“O tratado é pautado por muitas interrogações, e a Comissão de Relações Internacionais da Assembleia Legislativa não podia se afastar do início deste debate”, disse Naatz. “Esse tratado vai abrir muitas portas e elas têm que estar abertas para quem tem conhecimento da matéria”, completou.
O diretor da Câmara de Comércio Argentino Brasileira, Claudio Silveira, destacou a importância de se ter uma visão regional para um tema mundial como o acordo. “O evento tem importância, primeiro, por baixar esse tema para um nível que todos entendam o impacto que ele terá. O segundo é o impacto, que será muito grande, positivamente, para o país e as regiões”, avaliou.
Em sua palestra, Silveira falou da importância do envolvimento das regiões para o sucesso do acordo. “Se os países e continentes estão se envolvendo, as regiões têm que fazer isso. O primeiro passo é nós nos unirmos regionalmente e depois mundialmente também”, afirmou.
O presidente do Conselho de Reitores da União Parlamentar do Mercosul, Marco Antonio Hansen, abordou aspectos históricos, as grandes áreas temáticas e os prós e contras do acordo. “São 780 milhões de pessoas, uma economia gigantesca, e um dos nossos principais parceiros econômicos é a União Europeia”, lembrou.
Para Hansen, a ideia deste tipo de evento é “instruir a comunidade e começar a despertar interesse neste assunto de suma importância para o Brasil e para o mundo dentro deste universo de globalização”.
Preparação para a concorrência
A professora de direito internacional Maria Teresa Bustamante preside a Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc) e responde pelo Programa de Internacionalização da indústria Catarinense dentro da entidade. Para ela, o desafio será enorme para o Estado, afinal, se Santa Catarina terá 28 novos mercados à disposição para enviar seus produtos, também passará a receber a produção destes países todos.
“Estamos colaborando para que as empresas aumentem sua competitividade e possam encarar o desafio de enfrentar a concorrência desses países no mercado interno brasileiro”, disse.
Segundo a professora, os empresários catarinenses terão à disposição todo o auxílio necessário para esse novo momento. “Temos um programa de internacionalização bastante forte, temos uma série de ações desenvolvidas junto com as casas do sistema – a federação, Senai, Sesi – e tudo será voltado para contribuir para que o empresário se capacite, que entenda o que tem que fazer e estar pronto para a concorrência.”
Especialista no assunto, ela destacou a importância de debates como o promovido pela Assembleia. “É um acordo extremamente complexo, de última geração, e o brasileiro não tem experiência de lidar com este tipo de acordo comercial. Ele tem várias cláusulas, 49 artigos, então, quanto mais se divulga, melhor será para todos”, avaliou.
O secretário de Estado de Articulação Internacional, Derian Campos, aposta num aumento de 25% a 30% das exportações brasileiras de vários produtos, mas alertou para o risco de os estados passarem a ser apenas importadores de produtos manufaturados e de tecnologias e exportadores de commodities.
“Apesar de as perspectivas serem muito boas, temos que continuar nos preparando para sermos competitivos lá na frente. Competitividade é a palavra-chave neste acordo entre os dois blocos”, disse.
Universidade para qualificar
O deputado Ivan Naatz – ele mesmo um egresso da Furb – destacou a importância de a universidade sediar o encontro. “A Furb tem curso de relações exteriores, de comércio exterior, de administração, onde pulsa a necessidade de informação específica sobre este tema”, explicou.
Para a reitora da Furb, Marcia Cristina Sardá Espíndola, é preciso haver uma preparação de todos para o que vem por aí – e é neste momento que o ambiente universitário entra no debate. “Esse assunto demanda vários cursos. E os empresários sentem que têm que estar muito preparados porque a União Europeia tem empresas muito preparadas, com tecnologias de ponta, e aí se torna essencial a universidade, onde vão se desenvolver as pesquisas que vão qualificar esse mercado”, alertou.