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12/09/2016 - 17h26min

Adoção: “queremos deixar eles com a máxima autonomia possível”

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Proporcionar a “máxima autonomia possível” aos filhos adotivos é o objetivo do casal Idavânia e Gerson Luís Basso. Em 2007, ambos beirando os 50 anos, adotaram os gêmeos Felipe (10), cego, e Eduardo (10), que, confinado na cadeira de rodas, precisa da mãe e do pai para tudo. “Qualquer filho muda a rotina, cegueira, autismo, paralisia cerebral, o Lipe e o Dudu são assim e, sendo assim, qual melhor ponto de chegada para eles? Este é o nosso objetivo”, argumentou o pai, que conversou com a reportagem da Agência AL na tarde desta sexta-feira (9), na residência da família, em Coqueiros, região continental de Florianópolis.

A rotina dos irmãos é frenética. Estudam pela manhã e à tarde fazem fisioterapia, aula de música, natação e terapia educacional. Felipe vai duas vezes por semana até a Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC) e uma vez à psicóloga. “A semana se torna bem comprida, mas no início não eram tantos atendimentos, fomos substituindo custos, fazendo escolhas, procurando atendimento público para que o orçamento coubesse, então a gente teve de adaptar várias coisas, tudo para fazer com que eles se desenvolvam”, revelou a mãe. 

Uma história de amor
“Eu trabalhava com educação especial na prefeitura de Florianópolis, fazia acompanhamento das crianças com problemas especiais. Um dia pediram para estimular dois bebês cegos que estavam no abrigo, eram o Lipi e o Dudu e passaram a ser atendidos por mim”, contou Idavania, acrescentando que após as primeiras visitas diagnosticou que Eduardo não era cego, tinha atraso no desenvolvimento.

Esporadicamente, o marido levava Idavânia aos atendimentos e foi assim que conheceu os filhos. “Na hora que coloquei o Felipe no colo do Gerson, ele ficou segurando a barba dele, ficou segurando e eles não se soltaram mais. Trouxemos os dois para casa em feriados, finais de semana, Natal e Ano Novo e já na segunda vez foi muito difícil devolver”, confessou a mãe.

O casal admitiu que passou dias de tensão enquanto aguardava a decisão da Justiça. “Pensávamos que tivesse impedimento por causa da nossa idade, são fantasmas que colocamos na cabeça, mas quando ligaram ‘pode buscar o papel que tá liberado para pegar’ choramos muito, Deus foi muito generoso conosco”, afirmou Idavânia. Felipe, que participou ativamente da entrevista, não se conteve e emendou: “Foi tão bom mesmo (ser adotado), eu nem lembro, mas acho que foi bom”, pontuou a criança.

De acordo com Gerson, o casal sabia de antemão o tamanho do desafio. “Eu disse para a Idavânia, ‘não vamos tirar de um abrigo para colocar em uma creche, vamos nos dedicar a eles, vamos mudar nosso trabalho, tenho duas atividades, vou deixar uma”, lembrou o engenheiro civil. Idavânia foi mais radical e pediu a aposentadoria.

Reação da família
“Acharam que éramos loucos. ‘Adotar em vias de se aposentar? Quando eles tiverem 20 anos vocês vão estar com 70’, diziam. Mas muita gente foi super-legal, os mais idosos foram resistentes, enquanto os mais jovens nos apoiaram”, ponderou Idavânia.

Escola regular
Apesar das dificuldades, os irmãos frequentam escolas regulares. Eduardo é aluno da escola municipal Almirante Carvalhal, em Coqueiros, e Felipe estuda no Colégio Nossa Senhora de Fátima, em Capoeiras. “O ganho do Eduardo é fantástico, o aprendizado, a socialização, dos 25 alunos da sala dele têm uns 15 que estão com ele desde os 3 anos. Ele chora, e eles vão lá e tocam, acariciam, ele adora os amigos”, declarou Idavânia, que não minimizou os desafios da inclusão. “As dificuldades são muito grandes, mas elas vêm mais dos adultos que das crianças. Tenho certeza que os amiguinhos dele serão adultos melhores”, avaliou a psicopedagoga.

A escola oferece a Eduardo atendimento personalizado, com auxiliar de sala exclusivo. Já Felipe não tem esse direito. “Mas ele deu conta, faz as atividades, tem material adaptado, lê braile, usa o computador, tem uma vida muito independente. Está em pé de igualdade e em algumas situações responde melhor que os colegas”, garantiu a mãe. “Difícil? Para mim nada é difícil”, encerrou o menino.

Vítor Santos
Agência AL

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