A importância da vacinação para garantir a imunidade contra o coronavírus
A vacinação é um ato necessário para proteção individual e coletiva, mas para ser totalmente eficaz tem que ser aplicada em duas doses para garantir a imunidade e prevenir óbitos, nos casos graves da Covid-19, e conter a pandemia, independente da marca do imunizante. Essa é a avaliação de médicos e deputados integrantes da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), que defendem uma maior conscientização das pessoas sobre a importância da segunda dose da vacina e de já planejar a compra de reforços anuais.
Eles destacam que no Brasil há quatro vacinas contra a doença que receberam autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): CoronaVac, vacina do Butantan produzida em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac, e os imunizantes das empresas AstraZeneca, Pfizer e Janssen, que estão sendo utilizadas no Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde.
O deputado Neodi Saretta (PT), presidente da Comissão de Saúde, defende que o Estado precisa avançar mais na vacinação para garantir a imunidade dos catarinenses e que já comece a planejar a contratações futuras de novas remessas de vacinas. “O governo tem que ser pró-ativo, pensar no futuro, além de garantir as duas doses da vacinação o quanto antes, deve planejar a compra de imunizantes para o reforço anual, que deverá ser necessário.”
Saretta lembra que, desde antes da pandemia da Covid-19, a Comissão da Saúde da Alesc atuou em promover debates e sugerir ações de combate à doença. Sugeriu que os municípios ampliem os horários de vacinação e promovam campanhas de conscientização sobre a importância da segunda dose. “A vacina boa é aquela que está no braço e não adianta ficar escolhendo marcas.”
Segunda dose
O deputado Dr. Vicente Caropreso (PSDB), único médico entre os 40 parlamentares da Alesc, afirma que a vacina é a solução para o enfrentamento da pandemia da Covid-19, independente da marca. Ele defende que quanto mais rápido ocorrer vacinação de toda população, menos chance será dada ao vírus de fazer novas mutações e de ocasionar mais mortes.
“É importante que todas as autoridades públicas, desde vereadores, prefeitos, secretários, governadores e principalmente, o presidente da República, incentivem, além a vacinação, o uso de medidas preventivas. Enquanto as pessoas não se vacinarem é preciso se cuidar, com uso de máscaras, álcool em gel e o distanciamento social.”
Para o parlamentar, também é de extrema importância a aplicação da segunda dose. "Muita gente, com todo respeito, tem avacalhado e negligenciado, o que poderá resultar em mais complicações, com UTIs lotadas e falta de leitos hospitalares. A sensação de quem tem a doença e de nós médicos é de desgraça, de impotência total.”
Dr. Vicente reafirma que a segunda dose é necessária e imprescindível. “É a complementação para gerar os anticorpos contra o coronavírus. Para quase todas as vacinas há necessidade dessa complementação. Então as pessoas têm que ter essa consciência. Sem a segunda dose a pessoa não fica imune, pode ficar doente. Inclusive, há um período depois da segunda dose, cerca de três semanas, em que a pessoa não fica totalmente imune.”
O deputado também critica o comportamento de pessoas que estariam escolhendo a marca de vacinas. “Todas as vacinas são eficientes. Qual é que mais protege ainda não sabemos, a ciência não sabe. O importante é se vacinar.”
Ele ressalta que a vacina, seja de qual marca for, combate o vírus. "Com a vacinação de todos, será possível reduzir o número de pessoas em UTIs e os números de mortes".
Como neurologista, Caropreso tem atendido semanalmente pacientes com sequelas da doença. “Muitos reclamam da falta de memória, da falta de concentração e da organização da vida delas e, acima de tudo, dependendo do que aconteceu na família, de ansiedade e medo.”
Ele complementa: “Essa doença muda todo o equilíbrio emocional da família. É devastador o impacto que essa pandemia trouxe para a vida das pessoas e o único jeito para sobreviver é se cuidar e tratar quando necessário.”
A primeira dose
A oceonógrafa Mariana Vandresen recebeu a primeira dose contra a Covid-19 em junho por ser da área da educação e, apesar de algumas reações, está ansiosa para receber a segunda dose. “Ao tomar a primeira dose tive algumas reações como febre, calafrios e enjoos, mas foi tranquilo. Foi uma noite apenas, mas como tive orientações do profissional da saúde de que isso poderia ocorrer, deu tudo certo. Nada se compara ao risco de pegar o Covid.”
Mariana disse que alguns de seus familiares foram contaminados e, por isso, estava ansiosa para ser vacinada o quanto antes. “Não estamos em condições de escolher marcas de vacinas. Elas salvam vidas e é para todo mundo ficar imune. Não dá para ficar escolhendo vacina. E quem tomou a primeira dose deve retornar para tomar a segunda dose”, defende.
Eficácia das vacinas
Comparar a eficácia das vacinas e tentar eleger a melhor entre elas pode levar a conclusões enganosas. Isso porque os imunizantes foram desenvolvidos a partir de técnicas diferentes e testados em momentos, locais e em populações com nível de exposição ao vírus diferentes, explica a médica infectologista da Diretoria de Vigilância Epidemiológica (Dive/SC), Regina Valim. “Houve rigor científico em todos os testes e dados que comprovaram segurança e eficácia.”
Ela salienta que a velocidade da imunização da população dependerá do acesso às vacinas. “Se a gente continuar a ter acesso aos imunizantes em grande escala, conseguiremos atender as metas estabelecidas pelo governo federal e estadual, mas temos que ficar atentos quanto à segunda dose. Só vamos ficar devidamente imunizados quando todos tomarem as duas doses, uma única não tem eficiência.”
A médica alerta que é necessário melhorar a informação às pessoas. “Infelizmente, enfrentamentos muitas fake news, precisamos melhorar a comunicação e informar à população que tem que ter as duas doses contra o Covid-19”. Em relação às possíveis reações, ela salienta que quem teve um evento adverso após a primeira dose dificilmente terá alguma reação na segunda dose.
Regina sugeriu que, em municípios menores, as prefeituras devem promover ações alertando as pessoas sobre a segunda dose das vacinas. “Como há um período de tempo grande entre as vacinações, as pessoas esquecem. É necessário um sistema para avisar as pessoas”. Sobre a preferência de marcas de vacinas, a médica afirma categoricamente que a melhor vacina é aquela aplicada. “Todas são eficientes.”
Ela oberva que quanto mais pessoas vacinadas, mas rápido será possível retornar ao “normal” de antes da pandemia. “Em outros países estão utilizando a margem de 60% a 70% para relaxarem o regramento, acredito que no Brasil deverá ser este percentual.”
A médica também faz um apelo para as pessoas irem se vacinar. “Pessoas que não estão indo se vacinar não estão pensando no coletivo. A vacina tem dois benefícios, o individual, e o benefício coletivo. Quando me vacino, protejo o próximo também.”