A favor das doulas: 25% das mulheres sofrem violência obstétrica no país
De acordo com estudos da Fundação Perseu Abramo, pelo menos uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência obstétrica no país, o que representa 25% das parturientes. Os dados foram apresentados durante a sessão ordinária na tarde desta terça-feira pela doutora em saúde pública Ligia Sena. Acompanhada de um grupo de mães com seus filhos, a especialista pediu a aprovação de dois projetos de lei que tramitam no Parlamento e tratam da presença de doulas (acompanhantes) nos partos.
“Enquanto a Organização Mundial de Saúde recomenda o máximo de 15% de cesarianas, em Santa Catarina, o número alcança 52%. Em maternidades privadas, ultrapassam 80%. As mulheres estão fugindo dos partos violentos, marcando suas cesarianas”, denunciou Ligia.
Tramitam na Assembleia Legislativa os PLs 208/2013, de autoria conjunta de Angela Albino (PCdoB) e Darci de Matos (PSD), e o PL 482/2013, também de autoria da deputada, que tratam respectivamente do direito da presença das doulas nos partos, e de informações sobre o trabalhos dessas profissionais às equipes de saúde nas maternidades.
“Queremos pedir a rápida tramitação e aprovação desses projetos. É preciso que todos os representantes políticos de Santa Catarina se envolvam nesta questão”, pediu Ligia. Em 2011 foram mais de 3 milhões de nascimentos no Brasil. Em Santa Catarina, foram 87.500 partos naquele ano.
Violência obstétrica
São considerados atos de violência obstétrica a negativa do atendimento de pré-natal ou fora dos padrões da OMS, o impedimento da presença de acompanhante na sala de parto, procedimentos que causem dor ou que proíbam a mãe de se alimentar ou beber durante o trabalho de parto, ofensas físicas e verbais, o impedimento do contato da mãe com o bebê logo após o nascimento e as ameaças de não atendimento caso a mulher não concorde com as condições exigidas pela equipe médica.
Kennedy Nunes (PSD) relatou que é inaceitável ver que isso ainda aconteça. “Isso choca”, refletiu. Angela Albino, autora do requerimento que interrompeu a sessão, disse que é preciso que Santa Catarina conheça mais sobre essa situação. “Esses projetos de lei ainda são muito tênues perante o que vem acontecendo”. (Rony Ramos)