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25/05/2017 - 16h53min

A escola sem partido e os desafios da educação barriga-verde

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FOTO: Solon Soares/Agência AL

A chamada “escola sem partido” e os desafios da educação catarinense também foram discutidos no Seminário Estadual de Educação “O Plano Nacional de Educação (PNE) e a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)”, realizado nesta quinta-feira (25), em São Carlos, no Oeste do estado. “O pano de fundo da escola sem partido é a ideologia da neutralidade do conhecimento, a redução do papel da escola pública e a privatização do pensamento, pois só é válida a concepção ciência/conhecimento”, advertiu Willian Simões, doutor em Geografia e professor da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS).

Segundo Simões, os defensores da escola sem partido argumentam que o professor exerce autoridade sobre os alunos e que não é ético se valer dessa posição para fazer a cabeça dos alunos. “Então não posso interferir no modo do aluno enxergar o mundo porque estaria mexendo com a cabeça dele, mas o que fazemos na escola se não mexer na cabeça dos alunos”, questionou o professor da UFFS.

Além disso, pela proposta os professores deverão se restringir ao prescrito pelo currículo. “Eles alegam que o professor é um doutrinador e que não poderia relacionar a matéria, por exemplo, ao noticiário político internacional”, informou Simões, que ponderou o absurdo da sugestão. “Quando aconteceu o 11 de setembro nós paramos tudo para discutir o assunto”, explicou o geógrafo.

Para Simões, a escola sem partido é, na prática, uma escola totalitária. “É a escola do partido único, que induz à ideia de que a escola no Brasil está comandada por um partido político, ‘vocês são manipulados’, mas o nosso político não é o político partidário, é o político pedagógico, afinal queremos alunos contemporâneas ou seres sendo conduzidos pelos outros?”, perguntou o professor, que defendeu o ensino sob à “perspectiva crítica”.

Luciane Carminatti (PT) concordou com Simões. “O papel da escola não é a minha versão, mas permitir que os alunos tenham pensamento crítico e possam entender para além do fato exposto”, ensinou a deputada, que citou o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). “A própria concepção de neutralidade é altamente questionável, nenhum professor é uma folha em branco, mas produto das experiências de vida, das ideias com que teve contato, por isso alguns professores têm mais habilidade, escola sem partido já é uma ideologia”, reproduziu Carminatti.

A presidente da Comissão de Educação da Alesc também elencou os desafios da educação estadual. A deputada lembrou como era a escola na época em que começou a dar aulas. “Era uma sala com 40 alunos, cinco ou seis repetentes de todas as idades e sem a ajuda de ninguém, a alimentação era doação das agroindústrias, sacos de carcaças, para fazer sopão e risoto”, contou a deputada, que ressaltou que na época a maioria dos professores tinha apenas o Magistério.

Carminatti chamou a atenção para o fato de que o ensino fundamental passou a ser obrigatório no Brasil apenas no final da década de 1990 e que, no caso da educação infantil, a meta é atingir 50% das crianças com quatro anos somente em 2024. Quanto ao ensino integral, o planejamento prevê alcançar 65% das escolas até 2024, totalizando no mínimo 40% dos alunos.

A representante de Chapecó ainda ressaltou a formação inicial e continuada do professor. “O desafio é ter todos os professores graduados na sua área de atuação, física, química, matemática, e com formação continuada”, avaliou a parlamentar, que explicou o que é formação continuada para um professor de matemática. “É só matemática ou discutir outras temáticas, conectando a matéria com o mundo? Sim, porque o aluno é um cidadão e tem de utilizar a matemática como ferramenta para viver melhor”.

Segundo professor em sala
Carminatti defendeu a presença de um segundo professor na sala de aula quando tem aluno com necessidade especial. “Há quatro anos estou tentando aprovar esta lei, a Assembleia aprovou, o governador vetou, os deputados derrubaram o veto, mas o governo ainda pode entrar com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) questionando a constitucionalidade da lei”, lamentou a deputada.

A professora Maria Odete Ruschel, da rede municipal de São Carlos, elogiou a iniciativa da deputada e perguntou se o segundo professor não deveria também participar do planejamento das disciplinas. “Em alguns lugares tínhamos uma babá, não um professor. Pela lei, o segundo professor vai planejar em conjunto com o professor titular, vai tomar conhecimento antecipado do planejamento do professor titular e poderá propor adequação curricular e participar de conselho de classe”, enumerou a deputada.

Parceria com a Câmara dos Deputados
O Seminário Estadual de Educação “O PNE, a BNCC e os desafios da educação brasileira” é resultado da parceria entre a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, através do deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), a Comissão de Educação da Assembleia Legislativa e a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira. A discussão com os professores da região de São Carlos foi a primeira de uma série de 12 seminários que serão realizados em todo território barriga-verde.

 

 

Vítor Santos
Agência AL

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