Gestão pública ainda patina no uso de tecnologia em benefício do cidadão
Falta de qualificação profissional e distância entre empresas e governo são desafios para a implementação da tecnologia na setor público de Santa Catarina
A mesma tecnologia que está presente nas tarefas rotineiras do dia-a-dia, na casa das pessoas, facilitando a vida, tem uma presença ainda tímida nos órgãos e empresas públicas. Em Santa Catarina, que é referência nacional em inovação e sede de diversas empresas destacadas, a situação não é diferente. O deputado Matheus Cadorin (Novo), que é da área e tem experiência de gestão com foco em startups, contextualiza: “Há uma distância muito grande, ainda, entre as soluções criadas pelas empresas e os problemas existentes na esfera governamental. Precisamos unir estas pontas em benefício do cidadão”.
Sobram vagas
O parlamentar esteve nesta quarta-feira (15) na sede da Acate (Associação Catarinense de Tecnologia), em Florianópolis, para ouvir as demandas e dores do segmento empresarial, quando foi recebido pelo vice-presidente de Marketing da instituição, Walmoli Gerber Júnior. Além da dificuldade apontada por Cadorin, outro problema enfrentado pelo setor de tecnologia tem reflexos fortes na vida das pessoas: a baixa qualificação profissional faz com que milhares de vagas abertas não sejam ocupadas, apesar dos bons salários oferecidos.
Em cinco anos serão criadas quase 800 mil vagas de emprego na área de tecnologia no Brasil. A notícia, que alegra pela possibilidade de garantir renda para milhares de famílias, esconde uma grande preocupação: são formados pouco mais de 53 mil profissionais de tecnologia por ano no país. Assim, sem dificuldade se percebe que faltam pessoas para ocupar posições que costumam pagar salários acima da média.
Desperdício de oportunidades
Os dados são da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom). “A gente se pergunta por que o Brasil ainda não colapsou em termos da falta de talentos”, adverte o presidente da entidade, Sergio Paulo Gallindo. Na mesma direção, Matheus Cadorin reforça a preocupação, usando Santa Catarina como exemplo. “Em nosso Estado temos milhares de vagas abertas e empresas procurando pessoas para ocupá-las. Ao mesmo tempo, temos milhares de jovens que completam o ciclo escolar sem terem recebido oportunidades de qualificação que permita a eles ocupar estas vagas”.
Para o parlamentar, é evidente o desperdício de oportunidades para garantir emprego e renda às pessoas que estão entrando no mercado de trabalho. “Vamos trabalhar para construir esta solução, e a parceria da Acate é fundamental para que sejamos bem-sucedidos”.