Fabiano questiona critérios para distribuição de imigrantes no país
O deputado Fabiano da Luz (PT) quer entender por que Santa Catarina, o menor estado do país, com 3,4% da população brasileira, recebe o maior número de imigrantes, especialmente venezuelanos.
Segundo ele, de 2018 a 2022 o Brasil recebeu 89.600 venezuelanos por meio do programa de interiorização e deslocamento da Operação Acolhida do governo federal e SC foi o estado que mais os acolheu. Foram 17.708 para SC, 15.700 para o Paraná, 13 mil para o Rio Grande do Sul e 11.300 para SP.
“Os relatos que temos é que quando os venezuelanos atravessam a fronteira já vêm com os nomes do Estado e das cidades de destino prontos: Santa Catarina, em Florianópolis e Chapecó. Chapecó inclusive é a quinta cidade do Brasil que mais está recebendo imigrantes. Queremos saber qual a fórmula, como é feita a distribuição, a escolha?”
O deputado ressaltou que é preciso ter um olhar social e humano, “porque não basta trazer, é preciso acolher, entender que são seres humanos que fogem de problemas sociais, guerras, assim como nossos bisavós fugiram da fome e da guerra, vieram para cá e encontraram um país que os acolheu. Precisamos entender esta realidade que está aí e quanto mais responsáveis em atender esta demanda, evitaremos de ter problemas sociais aí na frente.”
Frente Parlamentar
No mandato passado, o deputado Fabiano coordenou na Alesc a Frente Parlamentar de Regulamentação da Situação do Imigrante e do Migrante em SC. “Ontem fizemos uma visita ao novo padre da Pastoral do Migrante de Florianópolis, o padre Gabriel, que com apenas 30 anos veio da Europa e assumiu na Diocese de Florianópolis a Pastoral do Migrante.”
Segundo ele, juntamente com o padre Ruan, que é um padre vietnamita que também está trabalhando na Pastoral do Migrante, discutiram a situação de Santa Catarina com relação à migração que é histórica no país e no Estado.
“Já tivemos migração de alemães, italianos, poloneses, japoneses e africanos que não vieram por vontade própria, mas pela escravidão, e ao longo dos últimos anos também recebemos inúmeros imigrantes, como dos haitianos que já são realidade em nosso meio, e dos venezuelanos, que estão vindo em grande quantidade.”
Dados levantados pela Polícia Federal e pela Pastoral apontam a vinda de pessoas refugiadas de outros países, inclusive da Ucrânia.
Atendimento
Fabiano destacou que o governo passado fechou o Crai (Centro de Referência de Atendimento ao Imigrante) e deixou este povo desassistido. “Então os empresários se inscreveram pra recebê-los, porque tem mão de obra, tem vaga de trabalho na indústria catarinense, porém começamos a nos deparar com problemas sociais porque o Estado não tem controle sobre quem está vindo, não chama os municípios, não discute os programas de atendimento.”
O parlamentar contou que no ano passado houve problemas para fazer a documentação, a Polícia Federal não tinha recursos para dar conta e chegou a se discutir a possibilidade de estudante do curso de Direito auxiliarem na elaboração para agilizar e a Polícia Federal apenas aprovava e finalizava o processo.
“Também tem um problema que eles estão indo para municípios menores porque lá tem vaga de trabalho, mas não encontram moradia e acabam se acumulando. Em casas para cinco ou seis tem 30 pessoas dividindo.”
O deputado disse que os imigrantes estão sendo acolhidos e atendidos pela pastoral, igrejas, entidades e voluntários, mas o que falta é o governo ajudar com as secretarias de assistência social dos municípios e organizar a vinda.
“Um município pequeno, de 8.000 habitantes, está com 700 venezuelanos, quase 10% da população. Como é que você faz com todo esse povo? Por mais que tenha vaga de trabalho, não tem moradia, tem problema de documentação, de vulnerabilidade social.”
Juliana Wilke
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