13/08/2009 - 14h00min
Dos Gabinetes - Sopelsa alerta para responsabilidade da mídia em relação a produtores de suínos
A exposição midiática da marca “gripe suína” vem sendo criticada pelo deputado Moacir Sopelsa (PMDB), em razão da injustificável relação com a espécie animal e suas implicações negativas para a cadeia produtiva que envolve criadores e agroindústrias. Nesta quinta-feira (13), o parlamentar foi à tribuna repercutir um artigo crítico do jornalista Fernando Barros, publicado no site Observatório da Imprensa, mostrando como os meios de comunicação assimilaram um ícone negativo sem preocupação com as consequências de sua divulgação.
Sopelsa lembrou que a Gripe A, como todas as influenzas, deve merecer atenção dos agentes públicos e da mídia, especialmente por sua rápida difusão, reconhecida em nível de pandemia. Para ele, os meios de comunicação têm o dever de esclarecer a população sobre sintomas, bem como recomendar saudáveis hábitos preventivos. O nome \"gripe suína\", contudo, consagra uma inexistente conexão entre a doença e a carne, o que leva as pessoas a evitar o consumo do produto, “que é estímulo ao erro e uma informação de má qualidade”.
“No caso da vaca louca, por exemplo, a carne bovina era o agente direto da contaminação. Já no episódio atual, as autoridades de saúde concordam que a carne suína não é, nem nunca foi, o elemento transmissor da gripe, sendo por isso, e não por uma motivação gratuita, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) passou a condenar o uso do nome gripe suína” – observa Sopelsa.
Seguindo a linha do artigo, o parlamentar lembra que na era da informação instantânea, há riscos de cair em armadilhas perigosas, por falta de verificação, e que, se por um lado os comunicadores lutaram pelo direito à livre expressão, também viram ampliar suas responsabilidades. Sopelsa observa que tudo começou em abril quando o diretor de segurança alimentar da OMS Yurgen Schlundt chancelou o nome \"gripe suína\", marca em seguida reverberada com tal intensidade e tamanha repetição que acabou se transformando em aterrorizante ameaça.
Três dias depois, a Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) emitia nota oficial condenando a expressão, lembrando que todos os outros nomes de influenzas foram apoiados na geografia: \"gripe espanhola\", \"gripe asiática\", \"gripe de Hong Kong\", tendo o nome das doenças função social de alertar a população, de indicar o tipo de prevenção a ser adotado. “Faltou questionar suficientemente quais as reais motivações da OMS em sustentar o nome ‘gripe suína’ durante 10 dias, alegando que pedidos no sentido contrário estavam sendo feitos por produtores, como se estes fossem verdadeiros facínoras, um grupo de lobby desapegado do interesse social” – acusa o parlamentar.
Quando a OMS voltou atrás, o nome já está consolidado na mídia, restando dificuldade de os veículos retrocederem depois de criado um verdadeiro ícone de comunicação com o público. “O mesmo diretor da OMS divulgou outra nota recomendando que não fossem comidos ‘animais suínos mortos naturalmente’, o que há várias décadas os organismos de controle sanitário já recomendam em qualquer circunstância, para qualquer animal”, salienta. “Parecia uma ponte direta entre a carne e o vírus”.
Repercussão
O maior site de buscas na internet hoje acusa quase 10 milhões de registros da gripe suína, que estreou em abril. A doença está se transformando no fato social do ano, com repercussões econômicas definidas e inegáveis consequências políticas. “Em nenhum momento deve-se minimizar a importância do problema. Assistimos à mobilização de recursos em torno de um mal real e contra o qual a sociedade tem que ser protegida, mas caracterizadamente menos pernicioso e letal do que um rol considerável de outras doenças que jamais receberam cobertura sequer parecida”, avalia Sopelsa.
Recuperando o texto do jornalista Fernando Barros, o deputado observa que “do outro lado desta história existe gente real, em carne e osso, que paga impostos e trabalha sem direito a fim de semana. Uma comunidade de cerca de um milhão de brasileiros, distribuídos na produção, no processamento e na comercialização de carne suína, que faz do Brasil o quarto maior produtor e exportador mundial. Estamos falando da carne mais consumida no mundo, 40% do total do que a humanidade consome, segundo a FAO, que tem a média por pessoa na Europa de 45 quilos/ano, contra 13 quilos no Brasil, onde prevalece um histórico preconceito”.
Evory Pedro Schmitt
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