03/09/2009 - 14h00min
Dos Gabinetes - Laqueadura sem cirurgia pode ser usada na rede pública em Santa Catarina
O governo catarinense já pode incluir em sua política pública de saúde a realização da laqueadura sem cirurgia, método contraceptivo que substitui o tradicional método, desenvolvido pela equipe do Centro de Ginecologia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Por unanimidade de votos, o Plenário aprovou na tarde de quarta-feira (2), o Projeto de Lei nº 85/2009, apresentado em março último pelo deputado Jailson Lima da Silva (PT), que autoriza o governo do Estado a adotar o sistema em sua rede pública. Basta agora o governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) sancionar a proposta para transformá-la em lei.
O Hospital das Clínicas testou o método na funcionária pública Neusa Aparecida de Brito, de 39 anos, que tem “três casais” de filhos, como ela disse. Em março último, quando o tema ganhou destaque na imprensa nacional, Neusa deu seu depoimento, assinalando que estava segura de que parou mesmo no sexto filho. Ela foi a primeira brasileira a comprovar os efeitos de um método bem mais simples de obstrução de trompas, que substitui a laqueadura.
A nova técnica, já usada em larga escala na Europa e nos Estados Unidos, é mais eficaz que a pílula, o DIU e a laqueadura tradicional. Com ajuda de um aplicador e uma microcâmera, o médico implanta duas molas de titânio, uma em cada trompa da paciente. O dispositivo provoca uma reação no tecido, que bloqueia completamente as trompas. Nos primeiros três meses, a mulher deve usar outro método contraceptivo porque esse é o período para que haja a obstrução, o fechamento da trompa, conforme explicou o diretor de ginecologia do Hospital das Clínicas, Edmundo Baracat.
“O procedimento demora no máximo dez minutos e pode ser feito numa consulta de rotina, no ambulatório mesmo. A paciente não sofre nenhum corte, nem precisa de anestesia. Isto preserva a saúde da mulher, reduz as filas no setor público, que hoje chega a levar um ano para realizar o procedimento, promove economia de recursos físicos, humanos e de medicamentos”, salientou o deputado Jailson na defesa da proposta em Plenário, frisando que “o melhor método mesmo é a vasectomia”, procedimento realizado no homem, que “é ainda mais indicado do que qualquer procedimento contraceptivo nas mulheres”, cuja promoção e estímulo integra o programa da Saúde do Homem lançado na semana passada pelo Governo Federal.
Durante a votação na tarde de hoje, os deputados Serafim Venzon (PSDB) e Antônio Aguiar (PMDB), ambos médicos como Jailson, e Nilson Gonçalves (PSDB) fizeram questão de manifestar apoio à proposta.
Com a adoção da laqueadura desenvolvida pelo Hospital das Clínicas nos hospitais públicos, as salas de cirurgia ficariam livres para operações mais complicadas. No caso do Hospital das Clínicas, maior ambulatório de ginecologia da América Latina, acabou com uma espera que chegava a um ano e meio. Em março, uma fila de 300 mulheres aguardava por uma laqueadura, segundo revelou o chefe do ambulatório de ginecologia daquele Hospital, Walter Pinheiro. O método já foi regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Mirela Maria Vieira
Assessoria de Imprensa do deputado Jailson Lima da Silva
(48) 3221-2638