Deputados comemoram Dia do Professor e criticam governo do Estado

FOTO: Bruno Collaço / AGÊNCIA AL

Os deputados e a deputada da Bancada do PT na Alesc comemoraram o Dia do Professor neste 15 de Outubro e teceram críticas de como o governo do Estado vem tratando os profissionais da carreira do Magistério.

A deputada Luciane Carminatti, presidente a Comissão de Educação da Alesc, pediu gestão democrática nas escolas, melhoria no PL da carreira que prevê reajuste salarial, e não a descompactação da tabela, utilização de 100% do Fundeb na remuneração dos professores e o projeto de lei que está na Comissão de Constituição e Justiça que trata dos ACTs, pois quando um filho fica doente a mãe tem que trabalhar mesmo do seu filho esteja na UTI.

“A educação não pode ser confronto, tem que ser acolhida, mesmo quando a gente tiver junto à escola opiniões divergentes, tem que ter ambiente de diálogo porque honestamente se a escola não for um espaço de diálogo, que tipo de ser humano nós estamos construindo, para que sociedade?”, questionou Luciane.

Segundo ela, o apoio tem que vir das autoridades, dos agentes públicos que prometem, que precisam cumprir o que falam. “O respeito precisa vir quando os educadores ficam anos e anos esperando por um concurso público e quando esse concurso vem, tem uma carga horária tão pequena que esses professores vão continuar com 60 horas andando o dia inteiro de uma escola para outra para poder ter uma remuneração um pouquinho melhor, para poder sobreviver.”

Ela lembrou que no ano passado um dos grandes debates na Ales foi sobre a gestão democrática da educação. “Neste aspecto a rede estadual está indo ladeira abaixo. Vivemos momentos muito importantes de construção da democracia onde o diretor escolhido pela comunidade tinha que apresentar um projeto de trabalho e depois ele passava pelo crivo do voto, mas nunca, jamais, pelo crivo de partido político como está acontecendo hoje nas escolas estaduais.” Segundo a deputada, mais da metade dos diretores são cargos escolhidos por partidos políticos.

Luciane pediu ao governador para colocar no projeto de lei 438/2024 aquilo que ele está falando nas redes sociais, que no ano que vem 100% do Fundeb vai pra folha de pagamento. “Vamos colocar isso no texto e não precisa ser da deputada, é dos 40 deputados, do governador vamos construir este presente para a educação de Santa Catarina.”

Respeito
O deputado Fabiano da Luz enfatizou que em inúmeros países mundo afora, o professor é a profissão número um em reconhecimento, em valorização, em salário e em respeito. Mas, segundo ele, no estado de Santa Catarina as coisas não são nesta mesma linha. “O governo mandou para esta Casa o projeto de lei, o plano de cargos e salários em que ao invés de aumentar os valores que os professores vão receber, pega aqueles penduricalhos que o professor recebe, que é justamente para poder equilibrar o salário do piso nacional e ele incorpora isto tudo no salário dos professores.”

Fabiano também destacou que é preciso considerar que enquanto deveria ter 70% de professores concursados que é o que rege o MEC, somente 29% são concursados. “71% dos professores da rede estadual são ACTs, os temporários, professores que precisam trabalhar em duas, três escolas diferentes para cumprir o horário e que a cada dois anos tem que passar por uma seleção, então eles não conseguem ter estabilidade, planejamento escolar porque não sabem onde estarão no dia de amanhã.”

Fabiano destacou que não é por falta de recursos que o governo não reajusta o salário ou contrata mais professores. Segundo ele, este ano o Fundeb veio com R$ 770 milhões a mais para o estado e para o próximo ano o repasse deve aumentar ainda mais. Ele lembrou que ainda há a “velha história, a velha luta” do desconto dos 14% para os aposentados que bate diretamente nos professores. “Após trabalhar seus 30, 35 anos, se aposentam e têm que enfrentar o desconto na sua minguada aposentadoria.”

Para o deputado em SC ainda falta muito amadurecimento, principalmente da classe política, em que todos foram ou ainda são alunos de professores e que ainda não aprenderam a dar o verdadeiro reconhecimento a esses profissionais.

“Só temos profissões porque a professora ensinou você a ser um profissional da área. Então parabéns professores, o nosso reconhecimento a todos vocês que são indispensáveis e vamos continuar sonhando, lutando e defendendo que chegará o dia em que os professores terão o seu verdadeiro reconhecimento, não só da população, não só dos alunos, mas dos governos.”

Reverência
O deputado Neodi Saretta acrescentou que em muitos países notadamente na China e Japão se reverencia, se abaixa, se curva em respeito frente a um professor ou professora. “O que nós vemos às vezes no Brasil é o contrário, até uma afronta ao professor ou professora, que tem dificuldade no exercício da sua profissão.”

Segundo Saretta, devemos ao professor a base da formação de todas as profissões, fundamental para que possamos também não só nos curvar no sentido do respeito ou da homenagem que podemos fazer nesse dia, que é importante sim, mas principalmente de defender ações que melhorem a condição do magistério catarinense, brasileiro, em todos os seus aspectos, seja na questão estrutural.

Ele disse que hoje temos escola que chove dentro, que não tem mobiliário adequado, que não tem sala de informática além da questão maior, remuneratória do magistério que precisa ser considerada de uma forma que não tem sido feita.

“Ao falarmos da educação, nós temos que falar de todas essas condições, da dificuldade do professor hoje de lidar com uma turma de alunos. Por isso a nossa homenagem é muito mais do que palavras é o compromisso solene de definitivamente defendermos o que for melhor para educação em todos os seus aspectos, não só no corporativo do magistério mas também no aspecto orçamentário, dos recursos, da liberdade do professor exercer a sua profissão e na defesa de remunerações justas e dignas”, finalizou Saretta.

Minha homenagem em nome da bancada de exaltar o professor, principalmente o compromisso de continuar defendendo o magistério e a educação como um todo.

Juliana Wilke
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