Deputado Volnei Morastoni participa de Simpósio sobre Segurança Alimentar e Nutricio
O deputado Volnei Morastoni (PT) presidiu, com o deputado Dirceu Dresch (PT), a mesa de abertura, ontem (16) de amanhã, da abertura do “Simpósio sobre Segurança Alimentar e Nutricional: caminhos para a alimentação saudável”, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, em Florianópolis. O evento aconteceu no dia mundial da alimentação.
“Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”, com esta frase de Hipócrates, Morastoni iniciou sua fala. Para refletir os caminhos para a alimentação saudável no Brasil, enfatizou que além da Assembleia de Santa Catarinense é preciso envolver também o Congresso Nacional, que estava representado no evento pelo deputado federal Pedro Uczai (PT).
Morastoni relatou sua participação em 2011 na Reunião de Alto Nível da ONU, em Nova York, sobre as doenças crônicas não transmissíveis - como câncer, diabetes e doenças cardiovasculares. Entre as ações de enfrentamento dessas doenças, comentou o parlamentar, está à alimentação saudável. O consumo excessivo de alimentos ricos em açúcar, sal e gorduras, relacionado com práticas sedentárias, uso abusivo de álcool e tabagismo são os principais causadores das doenças crônicas não transmissíveis.
O evento aconteceu num momento crítico, onde os índices de agroquímicos e dos organismos geneticamente modificados na produção de alimentos são alarmantes.
Caminhos para uma alimentação saudável e os malefícios quando inadequada
No período da manhã aconteceram três palestras. A presidente Consea, Maria Emília Lisboa Pacheco, falou da importância do Art. 6º da Constituição Federal que garante o direito à alimentação saudável no Brasil. Para a antropóloga, cabe ao governo, aos estados e municípios salvaguardarem esse direito. Para garantir segurança alimentar, é necessário: garantir acesso à alimentação; valorização da agricultura familiar; geração de emprego e da redistribuição de renda; conservação da biodiversidade; promoção da saúde e da nutrição; garantia da qualidade biológica, sanitária, nutricional e tecnológica dos alimentos.
Rosely Sichieri, do Instituto de Medicina Social, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, apresentou resultados preocupantes do 1º inquérito brasileiro de consumo Alimentar. A pesquisa qualitativa foi realizada com 5 mil famílias e permitiu identificar que a obesidade é o principal problema causado pela alimentação inadequada. Entre os produtos que contribuem para a obesidade, estão os biscoitos e refrigerantes. A pesquisadora resaltou que os jovens são os principais consumidores desses produtos e são para eles que a maior parte das políticas públicas devem se voltar.
A professora Vildes Scussel, da Universidade Federal de Santa Catarina, falou sobre alimentos seguros e os problemas que podem resultar de alimentos infectados. Ainda classificou as intoxicações decorrentes, primeiro, de agrotóxicos e metais pesados, e depois as biológicas. Para Vildes, o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Entre os efeitos, ataca principalmente o fígado.
A professora da Universidade de Brasília, Renata Alves Monteira, abriu as palestra no período da tarde, discutindo os problemas do marketing nutricional. Segundo a pesquisadora do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutricional, da UNB, é preciso fazer o debate sobre a regulamentação do marketing de serviços e produtos destinados a crianças. “Estudo de 2008, mostram que 97% das propagandas de TV são destinadas para alimentos não saudáveis”. Em âmbito internacional, esse cenário não altera muito. Ancorada em pesquisas, a professora mostrou o porquê às propagandas de produtos e alimentos não deveriam ser voltadas para as crianças. “As crianças não possuem elementos cognitivos suficientes para avaliar criticamente o conteúdo das propagandas”, explica.
O cenário catarinense dos produtos saudáveis foi apresentado pelo representante do Ministério da Agricultura em Santa Catarina, Eduardo Antônio Ribas Amaral. O engenheiro apresentou o Programa de Aquisição de Alimentos, que, de 2003 a 2001, comercializou cerca de R$ 150 milhões, sendo que destes R$ 35 milhões foram de alimentos orgânicos. Outro foi o Projeto Sabor Saber, do Governo do Estado, que levou, de 2003 a 2007, produtos orgânicos à merenda de 173 escolas. Destacou também o Programa Nacional de Agricultura Familiar.
Eduardo, que também é coordenador da Comissão da Produção Orgânica de SC, encerrou a palestra mostrando um dado preocupante no modelo econômico que predomina no mundo, de que cerca 1 milhão de pessoas passam fome ao mesmo tempo que 1 milhão de pessoas tem sobrepeso. O engenheiro enfatizou que há produção mundial de alimentos e suficiente para alimentar a todos, mas se isto não acontece, os motivos são outros e não a falta de oferta.
Encaminhamentos finais
Segundo Morastoni, “não temos alternativas senão a de criar medidas para alcançar um estilo de vida mais saudável. Precisamos combater a má alimentação para conter doenças e mortes em larga escala. Essas medidas devem começar na escola, no ensino fundamental”. Ao final do evento, os deputados Volnei Morastoni e Dirceu Dresch receberam os encaminhamentos elaborados a partir das intervenções. Confira a relação dos encaminhamentos: http://tinyurl.com/cjtxxk5
Participaram do evento ainda os deputados Padre Pedro Baldissera, Jailson Lima e Luciane Caminatti.
Simpósio
O Simpósio foi realizado pela Comissão de Saúde, Escola do Legislativo e Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, e conta com o apoio institucional do Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição de Escolar de Santa Catarina/SC – Cecane; Centro de Estudos e Promoção da Agricultura de Grupo – Cepagro; Companhia Nacional de Abastecimento – Conab; Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional – Consea; Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina – CIT/USFC; Escola de Turismo e Hotelaria Canto da Ilha – CUT; Rede de Agroecologia Ecovida; Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – Mapa; Ministério do Desenvolvimento Agrário – MDA.