Deputado Jailson Lima denuncia esquemas de compra de votos nas eleições municipais em Rio do Sul
Uma gravação de áudio apresentada pelo deputado Jailson Lima (PT) no plenário da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, nesta terça-feira (20), revelou um amplo esquema de compra de votos na disputa eleitoral pela prefeitura de Rio do Sul. A denúncia envolve o atual prefeito, Milton Hobus (PSD), o presidente do diretório municipal do partido, Almir Batisti Petris, o secretário de Desenvolvimento Regional, Ítalo Goral, e empresários locais que estavam apoiando o candidato a prefeito, deputado Jorge Teixeira, e o vice, Osni Sens, ambos do PSD.
De acordo com o deputado, a reunião aconteceu no dia 1º de outubro, a última segunda-feira antes das eleições municipais e mostra como o atual prefeito usou a máquina pública para favorecimento do candidato apoiado por ele. Durante a reunião, Milton Hobus fala que havia reservado a inauguração de mais de 50 ruas pavimentadas para a última semana de campanha. “Em todas essas ruas as mulheres vão passar de casa em casa, lembrar o pessoal e pedir o voto", diz Hobus.
Aos empresários, o prefeito de Rio do Sul pediu a dispensa de funcionários do horário de trabalho para engrossar a campanha e que os trabalhadores deviam este favor aos patrões. "Dentro da empresa de vocês um precisa disso, outro precisa daquilo, uma coisinha aqui, uma coisinha lá, que acaba mudando o voto da família, mudando um monte de coisa. Infelizmente o povo é assim né", diz.
O presidente municipal do PSD, Almir Petris, apelou aos empresários para que cada um "investisse” pelo menos R$ 1 mil para bancar gasolina e garantir a participação de pessoas nas mobilizações eleitorais. "Pagar lá um combustivelzinho para um colaborador, 20 reais para um, 10 reais para outro para ir na carreata, no comício, tem a passagem do ônibus para quem vem votar. Então mil reais não vai quebrar ninguém. Se não fizermos esta ação até domingo, às 17h, é difícil ganharmos”, diz, referindo-se ao horário de encerramento das votações.
As falas dos empresários também mostraram como os trabalhadores eram coagidos a votar no candidato do patrão. Um deles diz que chamava os funcionários no escritório, individualmente, para uma "conversa pacífica, para saber o porquê das coisas”. Outro diz que todos os seus funcionários lhe deviam favores, por isso abordava um por um para pedir voto para o seu candidato. “Aquele que é um funcionário melhor, você empresta cinquentinha, ou quinhentinho, ou milzinho. Se eu tivesse cinco mil funcionários, já tinha cinco mil votos na frente”, fala.
Um terceiro empresário diz que pagaria uma gratificação aos funcionários caso a coligação do candidato Jorge Teixeira ganhasse a eleição. "Eu só tenho uma pessoa na fábrica que não vota [no PSD] porque é amigo pessoal do Jean de Liz. Então, eu não tenho como mudar”, explica.
Para o deputado Jailson Lima, as práticas denunciadas são um retrocesso no processo eleitoral brasileiro e de Santa Catarina. “A escravidão não existe mais. Não é o fato de ser patrão que nos imprime a condição de exigir a votação dos funcionários (...). Isso não pode acontecer num país democrático, que constrói cidadania. Não se pode mais aceitar o trabalhador ser chamado pelo patrão para dizer em quem tem que votar”, frisou.
O líder da bancada do PT, deputado Dirceu Dresch, também lamentou os fatos. Segundo ele, são situações que reforçam a imagem negativa que a população tem dos políticos brasileiros. “É lamentável que num chamado processo democrático ainda se vê o voto de cabresto, a pressão, a armação na política”, disse.
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