A lição de “los hermanos”
Tive a honra de ser um dos convidados da Fundação de Estudos Políticos, Econômicos e Sociais para a Nova Argentina (Fepesna) para observar as eleições da Argentina neste ano. Para mim, foi muita honra mesmo, pois durante minha infância toda morei lá e, agora, retorno como presidente do Bloco Brasileiro da União dos Parlamentares do Mercosul.
Durante alguns dias, estivemos com mestres, reitores, sociólogos e mandatários de vários países, aprendendo um pouco de como “los hermanos” exercitam a democracia.
A entidade que coordenou os trabalhos é mantida pelas principais universidades argentinas. Vários painéis fizeram parte da extensa agenda teórica, variando dos fatos históricos da democracia daquele país até as formalidades do sistema político que diferencia e muito ao nosso. E cito alguns pontos: lá, os partidos têm menos forças que as coligações; lá, o voto ainda é em cédulas grandes, que são impressas pelos próprios partidos; e, lá, a eleição é um bem dos cidadãos no qual os partidos e os políticos são apenas atores secundários. Friso essas duas últimas diferenças porque, quando apresentei o sistema “moderno” do voto eletrônico existente no Brasil, eles justificaram o motivo de não o utilizarem: “Nosso principal direito democrático, o voto, não pode ser violado e nem estar nas mãos do mercado”. Afirmam isso porque dizem que, pelo fato de nossa máquina de voto ter um software e uma memória, ela está sujeita à manipulação dos resultados.
Sobre as eleições serem um bem do cidadão, talvez responda do porquê que, no dia da eleição, os argentinos, que são sanguinários quando o assunto é futebol ou manifestações contra os governos, agem de forma muito pacífica durante todo processo.
Parece existir um pacto social invisível em que cada um respeita o outro. Bem diferente do que ocorre aqui no Brasil, onde, no dia das eleições, é um corre-corre total. Talvez porque, aqui, as eleições são dos partidos e dos políticos, e o eleitor é apenas um ator do processo. No dia em que pensarmos como eles, tendo o voto como direito sagrado do cidadão, e a eleição um bem público, estaremos mudando a política do Brasil.
Deputado Kennedy Nunes
MICHELLINE MÓES
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